terça-feira, 31 de julho de 2018

PINTURA DE GAUGUIN


   Aproveitei o Festival Varilux de cinema francês e assisti Gauguin - Viagem ao Taiti. Ao pagar a entrada ainda comentei que ia assistir a contragosto, pois considerava Paul Gauguin inimigo de Van Gogh. Queria ver o que estava por trás da história, só que não houve sequer comentário a respeito de seu envolvimento com Van Gogh.

   O filme nos dá acesso mesmo é a precariedade durante a vivência de Gauguin, tal qual a que vivia Van Gogh. Falta de dinheiro, de estrutura para bancar o desejo de pintar. 

   Gauguin larga tudo... família, filhos e corre atrás do sonho de deixar fluir sua veia artística. O Taiti o transforma e a primitividade local amplia o animus que o envolve. Não precisa muito, ali, ele sente a inspiração cotidianamente.

   A escassez de recursos por outro lado abala a saúde... Cada vez mais fraco e doente, sem alimentação e dinheiro para cuidar-se. Decide ir-se após verificar que sua companheira encontrou outra pessoa.

   Mas sua produção nesta época é cheia de vida, cores, cotidianidades e com ela se torna um dos grandes pintores do período. Como Van Gogh, não vê a efervescência disso acontecer durante a vida. Retorna ao Taiti algum tempo depois e nunca mais encontra a ex-companheira.

   Na verdade o filme o redimiu em minha cabeça. Sofrimento e desejo de criação envolvem a vida de muitos artistas.   

domingo, 22 de julho de 2018

A DOR DA PERDA


   Resolvi ir ao Cine clube e vi Réquien para a Sra. J, filme sérvio. 

   A senhora J tinha perdido o marido recentemente e a questão da perda sendo vivenciada de forma extrema, como a gente costuma ver no cotidiano da vida.

   Decidiu que iria se suicidar. Antes tinha de resolver algumas questões que considerava importantes. Por exemplo, preparar sua lápide com a data de morte a ser colocada ao lado da do marido.

   Durante o processo deixou transparecer de forma incisiva seu tônus vital... aspecto depressivo, sem energia, nada de sorriso, limitando-se a dar seguimento ao necessário.

   Desempregada e sendo sustentada pela filha mais velha, mas ainda jovem e a filha mais nova com aproximadamente 10 anos. Cuidava também da sogra. Nada ao redor parecia se mover para romper a sensação de nulidade, a solidão presente e imposta nas imagens de desolação e perda da esperança.

   A casa continuava desarrumada, apesar da reclamação da filha. Ela escutava apenas. As pendências na empresa que trabalhava dificultavam a resolução de problemas. Pensava ter o que receber e no fim das contas tudo tão emperrado.

   Quando chegou a data definida para o fim, arrumou todo o apartamento com capricho. Depois entrou no carro da família que já nem trafegava mais de tão deteriorado, apontou o revólver entre lábios e ao apertar o gatilho, não deu conta.

   Ter saído da inércia e necessitado resolver as pendências foi-lhe trazendo consciência do que estava prestes a concluir. E no ano de morte do marido, ao lado do túmulo, ainda criticara a loucura do responsável pela lápide de colocar  data de sua morte.

   Nesse dia eu estava inspirada e ainda assisti o Documentário O Processo, que mostra os bastidores do Golpe de 2016 e ainda vi, Olhos para o Deserto, que achei bem interessante. Um grande olho, mas voltado para o sentimento do amor.