segunda-feira, 16 de maio de 2016

TRANSFORMAÇÃO, COMO BORBOLETA

   

   Sessentão completados. huhuhuhu! "Eta lasqueira", bom "dimais" da conta gente. Estar viva e atingir os sessenta. Que glória. O meu passado neanderthal, os problemas hereditários subjacentes pelo menos, por enquanto, não me atingiram. Vez ou outra uma encrenca, dada a baixa imunidade e a característica autoimune. Sobrevivente graças a cuidados, conhecimento e informação, itens necessários para quem quer viver mais e melhor.

   Agora, já a quatro dias caminhando para os sessenta e um aninhos. Paro de contar por aqui, vou é viver e bem o tempo que está reservado. Faço ironias com a questão da velhice, o ser velha. Gosto de pontuar que isso em nada afeta o meu estado de ânimo. É importante ter um pé na realidade, inda mais que vivo pisando em nuvens. Mas continuo na luta. Na luta por um Brasil melhor, sempre buscando doar um pouco em prol da comunidade, que de certa forma contribuiu para a minha formação. Nunca me esqueço disso. Tenho pra mim que a herança de meus pais, trabalhadores simples, que na luta diária me proporcionou a maior de todas: a importância do estudo. Com muito esforço pois o ganha pão pouco.

   E quando bate aquele desânimo. Claro, todos ficamos deste jeito em algum momento; ou tristeza; só levando a vida, encarando a rotina enjoada e chata que nem sempre podemos nos livrar; vejo a natureza me salvando. Uma borboleta que aparece voando na minha frente. De uma cor básica, amarela, ou a beleza da furta-cor, dançando no ar e soltando os seus "pirlimpimpim" para o meu lado. Sinto a energia encorpando-se, me atingindo a alma. Olho o mar, o céu, a imensidão, me apaixono pela vida integralmente. Ainda tem a magia do acordar e dizer com vontade Bom Dia Vidaaaaaaaaaaaa! Acho que esse feeling, trás todo um arcabouço positivo e alegre que vai contaminando. Respiro bem fundo. "Vamo que vamo". 

   Dá para entender o que quero dizer. Se ler o conto do Rubem Braga, Um Braço de Mulher vai compreender como de um simples acontecimento se tira tanta lição de vida. Ah, a leitura. Como faz bem. De um movimento, pequeno que seja, capaz de ampliar infinito. Esse conto fez isso. Que beleza expressa em palavras, maravilhoso texto. Na hora H de desistir da vida, algo aparece reluzindo, iluminando o momento áureo. E tudo volta a fazer sentido e a luta férrea, necessária, avassaladora.

  A foto mostra a família irônica. Ganhei o Estatuto do Idoso juntamente com uma cesta de produtos e a flor desenhada e pintada pela filhota. 

   E para a semana continuo a comemorar o niver. Todos os dias pra frente...     

quarta-feira, 11 de maio de 2016

VELHA EM CENA

   Está se aproximando o dia em que serei considerada velha - dia do meu aniversário dos sessenta. Poucos dias e fica confirmado, patenteado, laureado - sou velha.

   Velha - oh palavrinha detestada por 9 entre 10 mulheres (pelos homens também hoje em dia). Vai perguntar a idade para alguma delas, não falo responde. Como se não falar a idade fará diferença no aspecto aparência, pois está na cara, corpo, movimento e cabelo, mesmo que a plástica seja a prática.

   A força da palavra. Velha velho é uma palavra tão estereotipada na sociedade ocidental que apavora a menção. Eu mesma comentando com uma amiga que estava velha para determinada situação ela me falou para parar de ficar me diminuindo kkkk. Na verdade a gente até diminui mesmo, a altura kkkk. Apenas a verbalização, e as pessoas acham, totaliza a pessoa, significando ser inútil, desvalido, sem energia, morrente.

   Lendo um artigo de uma escritora, esta se assustou com um casal no supermercado, quando o homem chamou a mulher "Velha, vem aqui ver se é essa marca". A mulher largou o que estava fazendo e foi até ele. O susto maior é que a mulher aparentava uns 40 e o homem 45 anos. Eles pareciam se chamar, assim, carinhosamente, velha velho. Não é uma gracinha, nada vi de mal.

   A palavra velha, na verdade, tem apenas a conotação de tempo de vida, algo natural e esperado quando se alcança a maturidade cronológica. Daí, segue-se a caminho da involução, da degenerescência. E é isso que significa, uma palavra natural e comum. Não entendo tanto "tremelique", tanto "nheco nheco", tanta frescura.

   A introdução é apenas para contar do filme O Exótico Hotel Marigold 2, de 2015. Assisti o primeiro, lembram http://aposentadativa.blogspot.com.br/2013/01/mudanca.html. Pois é, o segundo filme veio tão empolgante quanto. Num ritmo agitado, com cenas  que levam uma dinâmica interessante... principalmente porque eis que aparece o Richard Gere... todo lindo... vale assistir... claro, não só por isso, também por isso rsrsrs.

   As cenas com a senhora Muriel (Maggie Smith) encantam. Ela tem a certeza da proximidade da morte. Está cansada, sem energia e, ao final, na celebração do casamento do Sonny (ator de Quem quer ser um milionário), Muriel deixa de ir à cerimônia. Só, no hotel, reflete sobre o tempo,  o momento de sair de cena... algo natural e que aprendemos com o caminhar do relógio. Muito linda a cena. Chega o Sonny todo preocupado com ela por ter dado pela falta e a encontra ali, tranquila, no aconchego do quarto, sem a necessidade de holofotes. 

   Pode crer... pode vir o terceiro. 

domingo, 1 de maio de 2016

ABRIL FECHOU SEM CASTELOS

   Levei o maior susto quando percebi que hoje é o último dia de abril; como já estamos beirando o meio do ano e continuamos, politicamente falando, nas folias de carnaval: políticos fantasiados de todo o tipo, mulas-sem-cabeça, nosferatus, caricatos palhaços, ladrões de votos, sanguessugas, judas, sociopatas, hienas... política na terra tupiniquin virou comédia no mundo inteiro. E desde o abril passado não fazem nada (ou desde sempre?) a não ser "o quanto pior melhor". Credo!

   Foi que li a postagem última de abril de 2015 por sentir que a tinha escrito ontem http://www.aposentadativa.blogspot.com.br/2015/04/abril-fecha.html ... como passou um ano... ventania, furação, redemoinho etc. E estamos na mesma estaca, fincada ao coração, pelas agruras da realidade.

   Vale a pena não continuar com esse papo de aranha... nós estamos todos os dias igual a pílula do dia seguinte... esperando resultado bom.

   Vamos velejar para outras marés, as do lirismo, da poesia, é a boa parte que sobra no confuso dia a dia. Uma amiga me enviou esse poema lindo de Fernando Pessoa:


"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma .
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."

 Fernando Pessoa


   E assim vamos caminhando, esperançosos sempre, enquanto a vida nos dá coragem!