ELES
ESTAVAM LÁ
20/08/2019
Simplesmente
aconteceu. Entrei na rede social e ele me convidando a ser atrevido, sensual, mostrar
como sou. Não pensei.
E
passei andar de lado a outro sem dar conta de escrever o livro. A narrativa não
se desenvolvia e os personagens apagados. Aquela relação on-line me fazia pensar apenas no prazer .
O
apartamento de Odília, tão aconchegante, me senti em casa. O marido dela em
viagem. Todos éramos amigos e confidentes. Estávamos bebendo quando Edil chegou
com o jeito tímido. Ele era como eu, mas diferente de mim, tateava esse espaço
com cautela. Queria alguém que valesse a pena.
―
Está se encontrando com ele? ― me perguntou Edil.
―
Sim. Não quer se revelar.
―
Não tem interesse em conhecê-lo? ― interviu Odília.
―
Vou deixar rolar.
A
bebedeira foi longe demais. Edil não se sentiu bem e o levamos para o quarto. Quando
acordei, levei um tremendo susto. Odília e eu desnudos no sofá. Enquanto ela dormia,
vesti a roupa e desapareci. A cabeça pesada. Por uma semana me distanciei dos
dois amigos.
―
Por que desapareceu? Ligo e não atende, não dá notícia. ― Edil entrando no
meu apartamento.
―
Compromissos. Tenho prazo para o livro e não consigo escrever.
―
Quer me dizer algo? Edil insistiu.
―
Como assim?
―
Tem visto Odília? Se encontraram?
―
Não.
―
Não aguento. Vi vocês naquele dia da bebedeira quando fui ao banheiro. Esperava
que me contasse.
―
Não contei porque me envergonho. Odília não merecia. Fomos namorados naquele
tempo, mas não justifica. Eu não tinha esse direito.
―
Vocês precisam conversar.
Odília
e eu chegamos à conclusão que o melhor seria esquecer. Estávamos embriagados,
foi algo sem sentido.
Voltei
ao trabalho. Não produzia. Página em branco.
Odília
convocou a gente, tinha novidade.
―
Estou grávida de quatro semanas! ― falou sem rodeios.
―
Que notícia boa, seu marido já sabe? ― Eu comemorei.
―
Não contei a vocês. Ele é estéril e desejo muito essa criança. Quero ser
mãe.
―
Mas então? Eu? Eu! E eu não tenho escolha? Não estou preparado para ser pai.
―
Não estou cobrando. Amanhã viajo para contar ao meu marido.
O
casamento de Odília acabara. Eu continuava na relação, mas com o passar do
tempo, questionando minha posição. Estava me apaixonando e propus que nos conhecêssemos.
O outro lado com um clique desapareceu. Tomei consciência tarde demais. Receei do
caso vir à tona, com gravação dos encontros. Contei a angústia aos amigos.
―
Estamos ao seu lado ― disse Odília. Edil confirmou. Nos abraçamos.
Obs.:
Criado a partir do filme Segredo a caminho.