quinta-feira, 22 de junho de 2017

ASTRAL COLORIDO

   Quanta reviravolta a vida da gente é capaz. Quando se vê envelheceu, quando se vê precisa de recauchutagem, quando se vê... 

   Alguém me contou que anda lendo um livro zen, sempre fui fã desse tipo de leitura, ou viu em vídeo... O autor discute sobre o sentido da vida e diz que se deve, todos os dias, olhar no espelho e dizer três frases: Eu vou morrer? O que vou levar? Como serei diante da morte?

    A cada pergunta vai elaborando reflexões profundas do que a gente vem fazendo da própria vida. Na idade que ando, nada me surpreende e tais questões permeiam o cotidiano de quem passou dos sessenta. Mas sempre tem os avessos a pensar no assunto.
   
   O que quero contar mesmo é sobre livros que li. Breve Romance de Sonho e Diário do Outro. 

   Breve Romance de Sonho, Arthur Schnitzler, 1926. Gostei de conhecer um conterrâneo de Freud. E como escreve bem. Nessa novela a gente perscruta o labiríntico ser humano e de como palavras lesam o relacionamento tão profundamente que o esgaça. Chegando a dominar o sujeito de tal maneira na construção de verdades sobre algo que apenas foi sonho. Muito bom o enredo. Reviravoltas na vida de um médico que após ouvir segredo da esposa, uma antiga fantasia romântica, sente-se traído e busca alternativas para processar a raiva. A leitura vai entremeada e não se consegue parar. O livro é fininho, mas intenso.

   Diário do Outro, Ronald Claver, 1989. Este, faz a gente sonhar. As palavras resgatam o tempo da adolescência com leveza. Penso que o autor mente, o livro não é infantojuvenil, como vem descrito. É a história da gente contada por a gente mesma. Com docilidade, esperança, jeito carinhoso, manha boa se sente lendo cada parágrafo. É pra barbudo e mulher ler, afinal quando se é adolescente, é tudo igual. De entremeio, a história do golpe de 1964 (parece que está acontecendo hoje), que perpassa a história do personagem, envolvido com o gostar de escrever. Com lições ótimas de mestres da escrita. Envolvente, empolgante.

   Os livros coloriram meu astral. Os outros a processo...

quarta-feira, 14 de junho de 2017

ADMIRANDO A NOITE

   Estou aqui sentindo todos os sentimentos de todos os personagens. Lendo livros: Diário do Outro, Ronald Claver; Breve Romance de Sonho, Arthur Schnitzler; O sentido de um fim, Julian Barnes; Obras de Qorpo Santo, Qorpo Santo; Deixe o quarto como está, Amilcar Bettega e um de poesia para o eu lírico saborear: Lãs ao vento, Arriete Vilela. 

   Olha que desta vez está dando certo. Uma leitura encadeada a outra, seguindo fio da meada estrada afora.

   Eu disse que alguns afazeres selecionados para o ano têm interferido nos planos, mas leituras, continuam no pique. Escrivaninha recheada de ótimos escritores, embalando meu estar no mundo.

   A noite está linda, estrelada, poucas nuvens. Ainda o inverno, que começa dia 21, não deu as caras com força, beirando os 20 a 25 graus, com sol durante o dia... muito bom!

   O que não cessa são as obrigações... agora mesmo, tenho que interromper tudo para dar uma finalizada nas roupas. A máquina de lavar me avisou que estão prontas para ser retiradas do cesto. O ritmo está bom, os exercícios idem, então, mãos à massa.

   Depois conto sobre as leituras ok!  Nada de vento por hoje.  

quinta-feira, 1 de junho de 2017

MAIO EXPIRANDO DITOSO

   Ando ensaiando postar e a confusão em administrar o tempo abateu-se depois de aposentada. Apenas os que vivenciam  a situação vão atestar a idoneidade da frase. Os dias correm, rolam um a um, ao olhar incrédulo, de quem deseja mais tempo.

   Ele não se individualiza para mim. É único e cronometrado igualmente entre mortais. Como não aceito, rebelde se atreve a provar que não posso dormir mais que o necessário e ainda querer organização da agenda. Queria adivinhação dos astros, sol, lua, estrelas. Ou quem sabe, tomar o horóscopo e descortinar à frente prognósticos favoráveis.

   Como nem em vaga suposição conseguirei escalar o arranha céu, como homem-aranha, resigno-me a vã aparência de simples mortal. Mulher, com afazeres de super herói, sem merecer título.

   Quanta ladainha, digna de Folhinha Mariana.

   Maio, mês quíntuplo, foi-se. A noite descortina junho. E por aqui, na Santa Catarina, não adianta rezar, porque a água cai sem parar, prometendo o que é de nosso conhecimento, a vinda do inverno, do frio, do congelante vento sul, norte, ... que sopra da Argentina até o Sul do Brasil e ganha outras regiões.

   Agora a chuvinha fina acalenta o cérebro sem parar, dedos chacoalham teclas e inundam texto de palavras que se quer ditosas. Assim seja!

   Como Adélia Prado, in A duração do dia,  ressoando em meus ouvidos:


" TENTAÇÃO EM MAIO

Maio  se extingue
e com tal luz
e de tal forma se extingue

...

rosa que se fecha sem fanar-se."