quarta-feira, 30 de maio de 2012

A MEDIDA CERTA...

   "Não quero sugar todo o seu leite
Nem quero você enfeite do meu ser"


Eu lírico do Caetano Veloso na sua canção Nosso Estranho Amor


   Fiquei entusiasmada quando li o trecho acima, da canção do Caetano, na Revista Língua Portuguesa Conhecimento Prático, pág. 53, edição 36, mai/12, pois com sua intensidade dá margem para falar um pouco sobre o relacionamento a dois na medida certa.

   O que é a medida certa numa relação a dois??? Até quanto o doar-se é suficiente para não sufocar qualquer amor???

   É comum vermos, nós, mulheres, no exagero do amor, extrapolar a medida certa com a expectativa de conquistar o amor de nossa vida. Tal ânsia transporta para o excesso, onde o outro pode se sentir aprisionado. E nenhum amor sobrevive assim.

   É comum acontecer também com os homens e as manchetes constantes deixam claro que à mulher não é permitido desistir dessas relações doentias - muitas mulheres são assassinadas e outras têm a perda de sua liberdade devido as chantagens de toda ordem.

   Deixando de lado tais excessos, podemos refletir sobre o papel de cada um em uma relação. O importante é que seja uma relação de interdependência. Cada um com direito à sua individualidade, às suas escolhas. Cada pessoa é única em seu desejo e a relação a dois é sinônimo de complementação visando à satisfação de ambos. 

   Cabe à intuição de cada um, homem e mulher, perceber até que ponto não se está passando do ponto. Viver a relação de forma prazerosa e autêntica é o fundamental. Não esqueça de primeiro amar a si mesmo (a). Nada de excessos. 

domingo, 20 de maio de 2012

MULHERES CORAJOSAS

   Ufa! Quanta correria esta semana. Finalmente tenho uma novidade: visitei ontem a inauguração da Exposição ARPILLERAS DA RESISTÊNCIA POLÍTICA CHILENA, no Centro Cultural da UFMG, existente ali na Avenida Santos Dumont, 174, bem esquina com Rua da Bahia - Centro de Belo Horizonte. Vale a pena conferir! Até 24 de maio. É gratuito!

   São trabalhos lindíssimos de uma técnica têxtil que possui raízes na antiga tradição popular. As mulheres bordadeiras, naqueles tempos tenebrosos da ditadura chilena (1973 até meados dos anos 90 - como na maioria dos países da América Latina), encontraram, naqueles bordados tão cheios de história, denunciar os horrores a que o povo chileno estava sujeitado, contar suas angustiantes histórias, cheias de dor e lágrimas (tudo a olhos vistos em suas obras em tecido e aniagem), exigir liberdade e, ao mesmo tempo, tão recheados de esperança.

   Os trabalhos dessas mulheres dignificam a maneira como o povo luta pela liberdade de sua pátria e de seus cidadãos. Um grande exemplo para nós, brasileiros, geralmente tão alheios às questões políticas. 

   Neste momento, então, que, com trinta anos de atraso, inicia-se uma Comissão da Verdade para abrir as questões da época da ditadura, onde precisamos nos posicionar e exigir uma abertura verdadeira e democrática e não mais um "faz de conta".

   Entre no site e conheça mais a história, têm inclusive livros disponíveis on line sobre a história chilena e suas mulheres guerreiras, que não se calaram frente ao uso da força oficial. www.arpillerasdaresistencia.wordpress.com. É o testemunho vivo para a memória do povo chileno e referencial para outros.

   A gente pode sentir a dor ali presente, representada naqueles trabalhos e desejar que nunca mais nenhum povo precise passar por tais perdas. Ainda existem muitas ditaduras por aí...  

sábado, 12 de maio de 2012

DIA DAS MÃES

    Sempre em dias especiais... como os dias das mães... que deveriam ser todos os dias... mas "o mercado" espertamente tomou como seu... nós, os filhos, ficamos sempre a pensar em nossas mães... aquelas que dedicaram tanto de si, para formar um ser que quisera íntegro, ético, humilde e que servisse aos seus.


   É chegado o tradicional "Dia das Mães" e eu quisera falar pra minha mãe tudo que eu jamais lhe disse... que hoje entendo o significado de ser mãe... de servir... sem esperar nada em troca!


   Ah! Mamãe! Felizes o que podem dizer isto hoje, amanhã... Eu já não posso. Infelizmente! Fiquei saudosa daquela que foi a minha referência... como qualquer pessoa que esteja na mesma posição.


   Mãe é insubstituível... É uma falta que fica pra sempre! E sempre se lembra dela. Nas horas do sufoco... Da descontração... Das RISADAS... Que a minha dava com um prazer de invejar!


   Aquela que eu podia buscar pra falar das minhas dores e que era todo ouvidos sem nada pedir, nada reclamar, apenas era!


  Eu aqui, egoisticamente com meus "AIS"... e quantas mães sofrem por não ter seus(suas) filhos(as) queridos(as), escolhidos(as) para partir antes delas. Só se sabe como é essa dor a partir do momento em que se é mãe. Perder um(a) filho(a) é algo indizível e esta dor maltrata muitos corações maternos.


   Solidariedade! Muita paz! Sentimentos ternos é o que podemos desejar!!!


   A todas as mães... Parabéns pelos seus dias... de todo o tempo!!!



EU LÍRICO!

   Recebi um vídeo delicioso sobre um escrito da Clarice Lispector e, supunha não ser problema compartilhá-lo com vocês, pois traz os créditos da autora, mas como é em Power Point não consegui, infelizmente. 


   Clarice Lispector, sempre tão intensa, algumas vezes chegando a ser cortante o impacto que sua escrita deixa... Bom, falo de mim que sou apaixonada por seu estilo, de seus retratos psicológicos tão bem delineados do existir humano, que, às vezes, não acreditamos que uma pessoa possa ter conseguido traduzi-los em palavras.


   Ela expõe tão bem os sentimentos que nos põem presos à sua escrita. Eis o texto  dela: 


" Já escondi um amor com medo de perdê-lo,

já perdi um amor por escondê-lo.

Já segurei nas mãos de alguém por medo,

já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.

Já expulsei pessoas que amava de minha vida,

já me arrependi por isso.

Já passei noites chorando até pegar no sono,

já fui dormir tão feliz,

ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.

Já acreditei em amores perfeitos, 

já descobri que eles não existem.

Já amei pessoas que me decepcionaram,

Já decepcionei pessoas que me amaram.

Já passei horas na frente do espelho

tentando descobrir quem sou.

Já tive tanta certeza de mim,

ao ponto de querer sumir.

Já menti e me arrependi depois,

já falei a verdade e também me arrependi.

Já fingi não dar importância às pessoas que amava,

para mais tarde chorar quieta em meu canto.

Já sorri chorando lágrimas de tristeza,


já chorei de tanto rir.

Já acreditei em pessoas que não valiam a pena,

Já deixei de acreditar nas que realmente valiam.

Já tive crises de riso quando não podia.

Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.

Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.

Já gritei quando deveria calar,

já calei quando deveria gritar.

Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar alguns,

outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.

Já fingi ser o que não sou para agradar uns,

Já fingi ser o que não sou para desagradar outros.

Já contei piadas e mais piadas sem graça,

apenas para ver um amigo feliz.

Já inventei histórias com final feliz

para dar esperança a quem precisava.

Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade...

Já tive medo do escuro,

hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".

Já cai inúmeras vezes, achando que não iria me reerguer,

já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.

Já liguei para quem não queria

apenas para não ligar para quem realmente queria.

Já corri atrás de um carro,

por ele levar embora, quem eu amava.

Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo.

Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.

Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram...

Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada

e sempre foram e serão especiais para mim.

Não me dêem fórmulas certas,

porque eu não espero acertar sempre.

Não me mostre o que esperam de mim,

porque vou seguir meu coração!

Não me façam ser o que não sou,

não me convidem a ser igual, 

porque sinceramente sou diferente!

Não sei amar pela metade,

não sei viver de mentiras,

não sei voar com os pés no chão.

Sou sempre eu mesma, 

mas com certeza não serei a mesma pra sempre!

Gosto dos venenos mais lentos,

das bebidas mais amargas, 

das drogas mais poderosas,

das idéias mais insanas,

dos pensamentos mais complexos,

dos sentimentos mais fortes.

Tenho um apetite voraz e

os delírios mais loucos.

Você pode até me empurrar de um penhasco

que eu vou dizer:

- E daí? Eu adoro voar!
Clarice Lispector

   Lindo mesmo, né!!! Não dá pra dizer mais nada... Apesar disso me atrevo: quase tudo o que ela diz sentir, também faz ou fez parte do meu existir... e provavelmente do seu??? Acho que futuramente vou me dialogar com ela!!! Continuo com o atrevimento, heim! 

terça-feira, 8 de maio de 2012

"TEMPO E LITERATURA"

   Aqui estou eu em plena Segunda Feira, com o pique energizante para a semana que se inicia. No fim de semana li um artigo do Suplemento Literário do Jornal Minas Gerais, até velho, que estava aguardando  leitura, de maio/junho/2011, pág. 33 a 38, do escritor José Gonzaga Vieira, intitulado Tempo e Literatura, bem interessante.

   Ele avalia a questão do tempo com relação aos diversos livros, autores, críticos... e de como cada época elege para leitura determinado autor e não outro, na maioria das vezes, sugestionada pelos tais críticos. Comenta que as pessoas limitam o seu interesse apenas às indicações que lê da crítica, sem darem-se o direito de conhecer novos autores e deixam assim, de ampliar seus referenciais... O pior é que ele está realmente com a razão, na maioria das vezes.

  Somos influenciados pela mídia de forma maquiavélica, não questionamos,nem refletimos sobre o que está por trás, o que está subrepticiamente entre as linhas. Mal de brasileiro, mesmo! E vamos engolindo uma cultura (outras coisas também...), que sendo boa ou ruim, vai sendo digerida sem a necessária interrogação, dúvida, reflexões, questões...

   O escritor sugere que estejamos mais flexíveis e nos abramos para outras leituras, além das indicadas. Mas define como o tempo vai realmente tornar obsoleto o que lemos hoje em relação a geração futura. Serão outros interesses, novos olhares, com a mudança tão rápida e com tantas novidades no mercado, agora também tem a rede, que traz outros tipos de leituras e opções... Faz uma analogia com a vida do ser humano... a pessoa vive... depois morre... e passado algum tempo... mais ninguém se lembra dela... é passado. Assim também ocorre com a Literatura.

   Mas nem por isso vamos deixar de continuar lendo, né! O que ele também concorda. Acredita "... que é saudável a gente não esquecer que será superado, o que absolutamente não afeta o convívio entre as pessoas, assim como a certeza da morte não impede ninguém de viver..."

   Gostei mesmo foi da colocação dele sobre a Literatura "literatura é também um modo...de se comunicar com os outros, de ajudar a suportar a própria condição, a gente diz o que pensa até a hora em que não tem mais nada pra dizer e se cala (ou morre, tanto faz, se transforma)".

   Por enquanto vamos continuar a nos comunicar... Até sabe quando???

domingo, 6 de maio de 2012

NÃO DESAFINAR E DESAFIAR

   "Não desafinar e desafiar." Eis o que uma pessoa comentou comigo após eu dizer para ela que agora sou capaz de cantar qualquer música, o importante é treinar bastante e não desafinar.

   Cantar é meu hobby favorito. É um lazer a que me dei o direito, já que sempre fui muito desajeitada com a voz, desafinava, ia e voltava aos diversos tons de forma descoordenada ... Insistia em sempre estar cantando... Talvez até para espantar os males, como diz a música ("quem canta, seus males espanta").

   Mas hoje em dia, como diz uma amiga: "Tenho o direito de passar quantos micos eu quiser." O que a idade faz, hein!!! Nada como a persistência, a insistência e os desejos de projetos de vida e lazer para dar outra tonalidade aos esforços. Finalmente posso acreditar que hoje sei cantar razoavelmente (como leiga, é claro, apenas diversão!), sem desafinar. É muito gostoso... Penso que é a minha catarse!

   Estava lendo um livro e o autor disse que "talento é prática". Vejo essa realidade  imperar na vida. Nada vem de graça... Depende de trabalho. E trabalho é atividade, algo que satisfaça, que faça a endorfina funcionar e encher a vida de prazer e saúde.

   Bom, a pessoa ao dizer a frase do início do parágrafo, ainda continuou... Afinal a vida não é assim... Não desafinar e sempre estar aberto (a) a desafios! Até que é uma visão bem interessante do nosso processo de existir.

   A crença que cada um (uma) tem de si mesmo (a) é um grande motor para o decorrer da vida. Influencia as caminhadas e o alçar voos (quaisquer... pequenos... médios... grandes... a escolha é sua!). Pare de procurar defeitos e seja flexível consigo mesmo (a). Siga em frente... sempre desafiando... "VENCE QUEM SE VENCE!" (slogan do Colégio Arnaldo de BH)... que eu acredito piamente.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

AMOR E ENVELHECIMENTO

   Fui assistir As Neves do Kilimanjaro, filme francês, indicado ao prêmio de melhor diretor, Robert Guédiguian, no Festival de Cannes em 2011. Achei o filme lindo, muito afetivo e com questionamentos interessantes no nível político sindical, além de tratar do relacionamento amoroso e familiar de um casal.


   Michel e Marie-Claire fazem 30 anos de casados e ainda mantêm acesas as chamas da feliz convivência e do companheirismo. Têm grande afinidade no diálogo, compartilhando o mesmo referencial de ideias. Ele, um ex-sindicalista, aposentado, que vive momento de desemprego, numa França em recessão, onde os trabalhadores são os primeiros a pagar pelos custos do sistema.


   Ganham dos filhos uma festa surpresa e presentes: uma viagem ao Monte Kilimanjaro, na África, e dinheiro para os custos. No outro dia, eles e um casal amigo estão em sua casa, quando são surpreendidos por dois bandidos exigindo o dinheiro e ainda recolhem as senhas do cartão de banco.  


   O casal denuncia o incidente e retorna ao seu cotidiano. A esposa do casal amigo passa a ter dificuldades devido ao trauma do assalto. Mas, Michel encontra pistas dos bandidos, seguindo duas crianças (irmãos do assaltante). Vai à polícia que consegue prendê-lo e descobre que o bandido é um colega, também despedido da empresa que ambos trabalharam.


   Michel não consegue entender a postura do rapaz. Este se defende acusando-o de burguês, de manter um status quo enquanto outros não têm nada. Ele chega em casa e questiona com a esposa sobre sua postura enquanto figura política de representação dos trabalhadores. Torna-se claro que é impossível atingir todos os objetivos de luta e agradar a todos.


   Eles (o casal) vão, então, ajudar os irmãos do bandido, que vivem num lar desestruturado e abandonados pela mãe. Resgatam o dinheiro e passam a cuidar daquelas crianças enquanto o irmão está preso, gerando em seus filhos cobranças.


   O filme se passa numa França periférica, diferentemente do que sempre se vê. A realidade é outra. Muitas faltas, pobreza, dificuldades. O lado doce é visto a partir da solidariedade, sentimento que dignifica aquele casal. E como é bonito ver o amor vivo entre eles que já estão juntos há 30 anos. É esperançoso o tal filme e me cativou tremendamente!!!