quinta-feira, 29 de março de 2012

CHOQUE, PENA ... TRISTEZA!

   Ontem à noite fui ao cinema com meu marido (consegui tirá-lo de casa, finalmente!) e assistimos ao filme SHAME, do diretor Steve McQueen (segundo filme dele, é artista plástico, britânico), o ator principal ganhou o Festival de Veneza de 2011 como melhor ator. 
   Inicialmente o filme me chocou! No começo da história, ele (Brandon), o ator principal, aparece deitado, como se estivesse morto. E foi assim que eu o vi em toda a película - como um morto-vivo. Alguém sem expressividade para a vida, apenas deixando a vida escapar-lhe entre os dedos.


   Na sequência, o filme me trouxe um sentimento de pena, "dó" daquela personagem. Infelizmente pena, "dó" é um sentimento que a gente não deve ter por ninguém, mas foi impossível não tê-lo.


   Brandon é um homem que vive sozinho em todos os sentidos, interiormente, exteriormente. É um pobre ser vivente, autômato a passar pela vida, seguindo com uma crueza seus caminhos, sem expressão de sentimento e afeto. É o que eu costumo chamar de existência malograda.


   Brandon é obcecado por sexo a ponto de isolar-se do mundo à sua volta e viver apenas centrado em seu próprio desejo, num nível de egocentrismo frio e doentio. Arma-se de todos os artifícios necessários a tais jogos: filmes pornôs, revistas, internet e ao vivo, com aquelas nuances onde o amor é coisificado, algo que se compra em qualquer prateleira ou esquina.


   Bom, acontece o que a gente sempre vê em situações desse tipo, a pessoa por vivenciar a relação sexual sem a contrapartida do afeto, vive um prazer que deixa um grande vácuo. Pode-se até trazer de volta Sartre, com o seu niilismo, tamanho é o vazio, a angústia existente.


   Foi assim que vivenciei este filme; tanto o Brandon, quanto sua irmã, e mesmo a sociedade circundante, como um vazio existencial a deixar vestígios. É muito triste este olhar do Diretor, que constata um mundo em decadência, de miséria humana (me lembrei até do Livro do Victor Hugo, Os Miseráveis), onde o individualismo reina absoluto, oprime e massacra com as possibilidades do outro (adeus solidariedade!). 


   Um questionamento sobre o caminhar da nossa sociedade ocidental no culto ao individualismo.Terminei de ver a fita e o sentimento era de tristeza por verificar que isso só está crescendo e tornando o homem, a mulher, simples objetos de desejo. É preciso muita reflexão sobre esse mundo sem perspectivas, sem objetivos de vida, sem projetos, sem respeito ao outro, sem solidariedade... 


   

POETIZAR O AGORA!

    A chuva voltou às nossas noites de março, começou bem forte e agora está com aquele balanço que eu gosto, fininha e com o som de bem-vinda. É uma delícia!  


   Encontrei um texto do Mário Quintana, A Idade de Ser Feliz, e aproveito este momento para compartilhar com vocês. Estarmos aqui e agora, juntos, vivenciando este momento, nesta leitura tão verdadeira, é algo delicioso, não é mesmo! Leia e veja se não é uma verdade:


"A IDADE DE SER FELIZ
 Mário Quintana

Existe somente uma idade para a gente ser feliz.

Somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-los, a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer.


Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores.

Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta com toda a disposição de tentar algo novo, de novo e de novo, e quantas vezes for preciso.

Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE, também conhecida como AGORA ou JÁ e tem a duração do instante que passa..."

   Uma vez, uma amiga me disse que não sabia como eu conseguia guardar tantas frases, textos, livros. Eu hoje sei responder: O que teria sido a minha vida sem isso para me dar o alento no correr dos dias.

   Essas leituras me fazem refletir e sentir que o mundo pode ser melhor; que sempre é possível fazer mais; que os homens e as mulheres têm o direito de buscar melhores sonhos, sempre. E assim vou sempre jogando para escanteio os meus desânimos, as tristezas, as dores que todos nós, na sua maioria, partilhamos. 

   O que seria de nós sem os poetas que tão bem transmitem as suas  emoções e que, nós, através delas, nos sentimos presentes e recompensados. Tal qual o que diz o Mário Quintana, com que leveza ele nos diz algo tão intenso e ao mesmo tempo tão simplório. EU AMO OS POETAS!!!

domingo, 25 de março de 2012

AMOR PIEGAS AMOR!

   Estou escrevendo este texto e ao mesmo tempo ouvindo a Marisa Monte "Ainda Bem", que nesta canção simples fala do encontro do desejado amor: 


"...O meu coração
já estava aposentado,
sem nenhuma ilusão,
 tinha sido maltratado,
 tudo se transformou,
 agora você chegou,
 você que me faz feliz,
 você que me faz cantar.
Assim
nananana..."

   Eu acho-a linda, de forma simples canta o amor entre aquele que quer ser amado e o que ama. Num ritmo de bolero, muito gostoso, a canção toca ao coração apaixonado e que acredita neste sentimento. Aposto que ninguém vai duvidar que a  gente não fique assim, quando se está amando, feliz... Cantante... Leve... E que o ritmo da vida siga com mais calor e vontade.

   Também acabei de ler um soneto lírico amoroso de Luís de Camões, poeta português que escreveu Os lusíadas, veja este trecho como é lindo:

"...Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei por quê."

   Acho que sempre vou ser piegas... Acredito muito na existência do amor verdadeiro e na dor do amor. É uma pena que muitos de nós não passemos por tal experiência, isto deveria ser direito de todos, né!!! Vamos em busca, gente... Não custa tentar...

   Lembrei também do filme que vi ontem à noite, "Meninos e Lobos", muito triste. Em um trecho o personagem que é um investigador policial fala sobre o amor, que poucos vão encontrar o amor e que outros nunca vão conhecê-lo... É muito triste!!! Não façamos parte deste grupo... Estejamos abertos a emoções!!!

sábado, 24 de março de 2012

CORES FORTES!!!

   Nem percebi que a semana passou tão rápido e só tinha postado no domingo, quase uma semana... O tempo voa, mesmo! A minha semana começou ativa... Estou em plena atividade num trabalho de voluntariado como psicóloga. Me sentindo verdadeiramente uma cidadã... Contribuindo com o que tenho a oferecer, meus préstimos como aquela que escuta e respeita o outro nas suas angústias. E como todos nós sabemos o que não faltam são pessoas sedentas por um ouvido.

   Como os novos tempos têm trazido a solidão, a individualidade, a falta de solidariedade pelo problema do outro, a falta de disponibilidade, de amizade... Tempos estes mais para o ter do que para o ser. É tão triste esta percepção e a confirmação pelas falas. O que se poderá fazer para transformar tal realidade?

   No domingo assisti a duas fitas muito interessantes, pela terceira ou quarta vez (o que não é novidade nenhuma). O primeiro foi "Como Água para Elefantes", filme de 2011 e o outro de 1999, do Almodôvar, "Tudo Sobre Minha Mãe". Excelentes.

   "Como água para elefantes" aborda a questão da busca do amor verdadeiro, num tom mais romântico e de intensa sensibilidade de ambos os amantes. A história do rapaz que perde seus pais em acidente de trânsito, no dia dos testes para a formação como veterinário. O acontecimento desnorteia sua realidade e ele parte para novas experiências. Encontra um circo pelo caminho e recomeça nova trajetória de vida, ao lado de pessoas que têm naquele lugar o seu lar.

   O rapaz encontra a mulher de seus sonhos, mas ela pertence a outro, ao dono do circo, muito cruel e covarde, tanto com as pessoas como com animais. Chega para o circo uma linda elefanta, de nome Rose, que o rapaz passa a cuidar e amar. O dono do circo a maltrata demasiado, querendo mostrar quem tem o poder ali.

   Os dias e as apresentações para o público vão correndo e os lances entre o jovem e a mulher são perfeitamente visíveis ao olhar atento... Olhar que o dono do circo possui e trata de destruir tais lances.  As cenas de destruição finalizam a triste história de um grupo circense, com a morte do dono do circo pela elefanta durante tentativa dele matar a esposa.

   Finalmente o jovem e a mulher podem escolher o caminho; ele retorna aos estudos, se forma e têm a vida familiar que sonharam. Ele, já velho, encerra o filme dizendo que teve uma boa vida ao lado da mulher amada e que deu a ela o que tinha prometido.

   Já o "Tudo sobre minha mãe" é um filme belíssimo e triste, pois trata da dor de perder um filho. Aquela mulher (Nazaré?) dolorida tenta resgatar seu passado em nome do filho Esteban. Mesmo nome do pai, o qual ele nunca teve conhecimento da existência. O pai, hoje, um travesti de nome Lola, continua exercendo também seus impulsos sexuais masculinos e engravida uma freira, vivida por Penélope Cruz. Ela descobre estar com AIDS, tal qual Lola. Após dar à luz ao bebê, ela morre e Nazaré é quem vai tomar conta do neto. O desenrolar do filme é emocionante, o Almodôvar traz cores fortes ao cenário, cores que dão outra dimensão às cenas. E como disse o crítico, ele em momento algum deixa de tratar com carinho as personagens, não há julgamentos. Realmente seus filmes são sempre surpreendentes... Nunca beiram a banalidade... Lindo... Vale a pena sempre rever!!!

domingo, 18 de março de 2012

DESNUDAR-SE

   Dando continuidade ao tema do amor, me lembro de um artigo que muito me marcou e não esqueci sua essência. O autor descrevia uma relação verdadeira, em termos de maturidade, principalmente para aqueles que estão na fase do envelhecimento... Como continuar a sentir o amor na maturidade... 


   Ele escreveu que o importante era "se aquele corpo te afeta" levando-se em conta a questão do corpo e na questão do ser "a ponto de você conseguir desnudar-se". Muito intensa a reflexão... Por isso percebemos como é difícil essa tal arte de amar... Se entregar por inteiro e estar desnudo é algo extremamente corajoso... E poucos se lançam a essa aventura com medo do que possa acontecer no futuro quanto às ameaças (imaginadas!); o fim (possível!); o estar na mão do outro (os jogos!...). Com medo desse enfrentamento... Falta a coragem de viver o amor maduro.


   É tão estranho imaginar que uma pessoa que tenha passado dos cinquenta anos de idade, ainda tenha tantos medos de vivenciar verdadeiramente o amor, despido de preconceitos, com o verdadeiro companheirismo e, que, no fundo, é desejo de ambos (o homem e a mulher).


   Lendo o livro Português: Linguagens, 2005, Cereja, William C., Magalhães, Thereza C., pág. 20, tinha um exercício, uma carta escrita por Olavo Bilac para um amor não correspondido, com a norma padrão da época. Muito interessante. Então, vasculhando a rede, achei uma carta de autora anônima, na linguagem do nosso tempo, que também, tentou expressar, , através do seu "eu lírico" (a personagem do texto) a sua inconformidade com o sofrimento amoroso e a idealização do parceiro: 
"... Carta de amor
Querido,
   Creio que não vai estranhar o que escrevo aqui, já que está acostumado às minhas constantes anotações. Portanto, de certa forma já é esperado.
   Estamos vivenciando uma nova experiência, essa que não se espera dos casais que são felizes no casamento. O divórcio sempre é algo doloroso e por mais que seja uma solicitação de um dos cônjuges, traz muita angústia e tristeza, pois estão envolvidos além de nós, os nossos filhos. Gostaríamos que eles não sofressem, mas também não podemos desistir de viver a nossa própria vida de forma satisfatória.
   Espero que você tenha compreendido o meu pedido. Ele  é o resultado de muitos anos de incompletude na relação a dois.
   Você diz que me ama. Não aceito um amor tão comum, tão sem atração, tão sem demonstração, tão pobre. Merecemos mais. Sou romântica, sim. E a falta do romantismo me fez ir perdendo a esperança de nossa relação ser mais inteira, substanciosa, integral e compartilhada. Quando aconteceu? Não tem data certa, vem de cotidianos imodificáveis; de posturas não adotadas; de palavras não ditas; da falta usual do diálogo e da discussão da nossa relação visando o crescimento.
   Eu sempre pedi isso tudo aí que reclamo. Você fez ouvidos moucos. Quando falava sobre isso, nunca percebi nenhum interesse seu em mudanças. Você sempre só diz: "Eu sou assim e não vou mudar."
   Mas mudança é transformação para melhor, não entendo a sua resistência em permanecer tal qual é, numa atitude que mais parece covarde por não haver tentativas que agradem ao seu par. Que pena! Foi-se a chance de um amor verdadeiro, recíproco, de valorização do companheirismo.
   A fase dos jogos acabou a tempos e você ainda persiste em jogar, com medo da entrega e da nudez necessária na doação do amor.
   Eu insisto em viver um amor que valha a pena. Alguém que compartilhe comigo não apenas o usual, a rotina de uma relação, mas que goste das mesmas coisas que eu e nós nos complementemos. Isso não está acontecendo com a gente e eu acho que estou recebendo pouco.
   Você não gosta de dialogar, você não gosta de dançar, você não é romântico. Você tem grandes qualidades de um homem, eu sei, mas as que são básicas. Onde está o homem que batalha pela relação ser prazerosa a dois?
   Eu não sei mais se te amo. Nestes últimos anos venho buscando valorizar o que você pode me dar e como eu acho pouco, vivo infeliz, mais triste, menos empolgada pela vida. Resolvi dar um basta e tentar uma vida diferente.
   Hoje em dia, apesar do pouco tempo que tenho, pois com o envelhecimento a nossa contagem é regressiva, quero viver em paz; não junto com alguém (você), mas triste. Almejo conhecer alguém, almejo sim. Mas se não acontecer, eu não vou ficar me culpando de não tentar.
   Quanta dificuldade você tem de dizer que sou importante para você. Você não diz e quando diz, faz o mínimo necessário. Não se percebe sentimento na evocação.
   Você quer que eu perceba o amor nas suas atitudes como marido, com sua presença, seu apoio; isto é o básico, do básico. Você se preocupa com as coisas tradicionais, banais de uma relação. Eu quero ir mais fundo, quero significação, quero alguém com quem conversar, alguém para dançar, alguém com desejos mais soltos, mais à flor da pele. Alguém mais leve, que se permita à expressão.
   Sei, você vai dizer que isso tudo que cobro de você eu também não dou. Você sabe que não é verdade, sempre expressei meus desejos e me entreguei autenticamente e, se a nossa relação desgastou-se, foi principalmente por eu ter percebido que  dar nem sempre é receber de volta. Não ouve investimento seu para a relação crescer em profundidade, em doação.
   E essa carência está me sendo cobrada, por mim mesma. E só de tomar a atitude para a mudança, já me sinto mais feliz pelas perspectivas.
   Sinto muito não estar satisfeita com o que você consegue me oferecer. Talvez você encontre alguém menos exigente, que goste do óbvio.
   O pedido de divórcio foi a gota d'água, foi a percepção de ter perdido a esperança de termos uma verdadeira relação a dois. Compreendi que viver esse marasmo ao qual vivo hoje junto com você, é preferível me lançar ao mundo com o que ainda me resta de emoção, de sentimento.
   Separemo-nos..."

   Eu achei que a carta dava uma dimensão parecida com o poema do Carlos Drumond de Andrade, a da complexidade e exigência feminina. Até acho que muitas coisas que ela diz, eu gostaria de falar... Você gostaria de falar... Êta homens que não compreendem o nosso universo feminino, heim!!!  

sábado, 17 de março de 2012

AMAR...

   Hoje assisti ao filme "Charity, Meu Amor", um filme de 1968, com a Shirley Maclaine (ela estava tão linda e novinha!... Continuo a achá-la muito bonita...). Trata o tempo todo da busca da mulher pelo amor verdadeiro. Dá vontade de chorar porque é tão angustiante sentir o que ela sente naquele momento. É uma busca, uma procura, que parece não estar acessível a todos. São tantos os preconceitos, os defeitos, os senões, que o tal verdadeiro amor se vê "arroxeado" frente às experiências do passado e desiste de insistir. Será, então, que era verdadeiro??? O que se vê na tela são as tradições burguesas interferindo no modo de pensar do homem e ele não conseguindo sustentar-se com a verdade e as cobranças internas.


   Na vida real não é diferente, né! Estamos sempre às voltas com a discussão sobre o amor. São conceituações, definições, pontos de vista, argumentações... Tão diferentes... Que não se pode dizer que amor signifique o mesmo pra você e pra mim. As mulheres, principalmente, com sua complexidade, sabem o que seja, mas provavelmente não acharão as palavras para dizê-lo. O sentimento vai além desse expressar...


   O poeta Carlos Drumond de Andrade, em sua sensibilidade, tentou captar a alma feminina através do seu poema:  
"MULHER 


Para entender uma mulher
é preciso mais que deitar-se com ela...
há de se ter mais sonhos e cartas na mesa
que se possa prever nossa vã pretensão...

Para possuir uma mulher
é preciso mais do que fazê-la sentir-se em êxtase
numa cama, em uma seda, com toda viril possibilidade... Há
de se conseguir
fazê-la sorrir antes do próximo encontro

Para conhecer uma mulher, mais que em seu orgasmo, tem
de ser mais que
amante perfeito...
Há de se ter o jeito certo ao sair, e
fazer da saudade e das lembranças, todo sorriso...

- O potente, o amante, o homem viril, são homens bons...
bons homens de 
abraços e passos firmes...
bons homens pra se contar histórias... Há porém, o homem
certo, de todo
instante: O de depois!

Para conquistar uma mulher, 
mais do que ser este amante, há de se querer o amanhã,
e depois do amor um silêncio de cumplicidade...
e mostrar que o que se quis é menor do que o que não
se deve perder.

É esperar amanhecer, e nem lembrar do relógio ou café...
Há que ser mulher,
 por um triz e, então, ser feliz!

Para amar uma mulher, mais que entendê-la,
mais que conhecê-la, mais que possuí-la,
é preciso honrar a obra de Deus, e merecer um sorriso
escondido, e também...
ser possuído e, ainda assim, também ser viril...

Para amar uma mulher, mais que tentar conquistá-la,
há de ser conquistado... todo tomado e, com um pouco de
sorte, também ser
amado! "

   O poeta está no caminho, não é... Traçou as nossas expectativas e a busca da reciprocidade na vida a dois... Agora falta ser amada (o)!!!

sexta-feira, 16 de março de 2012

CENAS DA VIDA

   Aqui em BEAGÁ continua com a chuva no cair da tarde e ventos que chegaram a 100 km/h. Acho que só tem coragem de sair quem realmente tem a necessidade, pois o temporal não tá brincadeira e segundo a meteorologia - amanhã tem mais... Fim de verão!!!


   Na terça, à noite, eu estava tão descansada, tão "relax" que comecei a assistir um curta no Canal Brasil sobre dois idosos (???) e continuei até o fim. Foi a Mostra Paulo José 75 anos. Eu e meus irmãos adorávamos assistir ao Programa Shazam, Xerife & Cia quando crianças, protagonizado por ele e Flávio Migliaccio. Eles faziam muitas palhaçadas e a gente ria de rolar. 


   Bom, a Mostra foi muito legal, dois curtas e um longa metragem. O primeiro curta "O TEU SORRISO, de 2009, com o Paulo José e Juliana Carneiro da Cunha na representação de um casal idoso (???- questiono se eram idosos, porque achei a atriz muito mais nova que ele, mas...). Eles estavam fazendo um mês de namoro (que bom que hoje podemos namorar em qualquer idade, né!!!) e comemorando tal data com tudo que tinham direito, tal qual adolescentes: com muito amor, carinho, trocas, confidências, espontaneidade, muito riso... Se davam o direito de ter alegrias, de parecerem leves e apaixonados. Achei o curta muito gostoso!


   O segundo tratou do tema " A MORTE", de 2002, muito interessante para reflexões a respeito do que a gente está fazendo da nossa vida agora. Eis: Um casal de idosos (esse casal estava mais coerente), Paulo José e a Laura Cardoso, os dois estavam divinos. Eles estão se preparando para a morte e saem às compras de tudo que é necessário para um enterro "digno" (???).


   Primeiro compram um jazigo e saem pelos cemitérios a escolha de uma lápide de acordo com desejo de ambos e compram. Passam às flores que ornamentarão o caixão; a velha escolheu flores com matizes de azul, muito bonitas. Compram. Depois é a vez da escolha do caixão e dentre tantas opções, ela fala que tem que ser um que combine com o jeito deles, nem muito escuro, nem muito claro...Compram um intermediário. 


   Como não pode faltar música, já pagam ao músico a canção que deverá entoar o momento do velório. E o mais engraçado: ensaiam, deitados no caixão e com os amigos em volta dizendo (como se fosse a verdade) que não há nada mais certo nesta vida do que a morte, etc, etc. Ela senta no caixão e pede para os amigos falarem melhor sobre deles, que está muito fraco,... Separam todos os móveis e restantes dos bens, já deixando em testamento o que é de direito de cada filho. Depois disso, a casa fica vazia, tudo já embalado  e  só resta agora os dois sentados em duas cadeiras (únicas peças não embaladas) esperando a morte chegar. Ela pergunta para ele se demora muito??? O curta faz a gente dá tiradas de risos, muito interessante o enredo, não é???


   O terceiro filme, que foi um longa de 2008, chamado "A JUVENTUDE". Três amigos entre os setenta anos de idade, recordam seus tempos de amizade de 55 anos na casa do amigo ricaço. Cada um com suas contradições. Um é diretor teatral, namora uma moça de 20 anos, apesar de ainda ser apaixonado por uma das ex-esposas (foi casado quatro vezes - cena típica de diretor mesmo). O Paulo José é o milionário do grupo, casado, mas tendo um caso com uma paixão antiga que ele não consegue esquecer e nem resolver. O terceiro amigo é um cardiologista fracassado, que dá expedientes em hospital público e precisa de dinheiro do amigo rico para salvar a filha (que foi malcriada) dependente de heroina. Perdido, buscando os olhares adolescentes de uma jovem. Um deles passa mal, tem um enfarto...  Melhora. A fita termina com os três olhando a noite e o céu estrelado, dizendo: o que é isso!!! Deslumbrados...Ou não???


   Em apenas uma noite pude caminhar entre etapas na reflexão sobre a vida e a morte. A escolha dos filmes para a mostra foram ótimas. E fazem a gente pensar muuuuito!

terça-feira, 13 de março de 2012

SONHO, POLÍTICA... CANTORIA

   Agora à noite a pancada de chuva forte que cai por aqui, além da greve do transporte coletivo me impediram a um compromisso. Segundo alguns, o centro está intransitável, os veículos estão completamente parados, sem possibilidades... Fiquei a esperar alguns minutos, mas como nada melhorou, sentei à escrivaninha e liguei o "computer". 


   Tinha lido minhas revistas preferidas: Conhecimento Prático de Língua Portuguesa e a Conhecimento Prático Literatura. Ambas considero de alto nível e tenho até melhorado, tanto o meu português, quanto os meus conhecimentos em literatura.


   Até adicionei ao meu Blog a sugestão dada em uma das leituras: o site www.releituras.com. Tudo começou quando ao ler sobre o Lima Barreto, fiquei curiosa pelo texto "O homem que sabia javanês". É muito bom! Do Lima Barreto já li "O Triste Fim de Policarpo Quaresma", excelente. Foi interessante conhecer a biografia dele. Ele tinha um hábito de juntar recortes de jornais, notícias que poderia utilizar em alguma produção. Não tinha o curso universitário, mas tinha talento com a escrita. Dê uma olhada no site, você vai gostar... Ainda tem outros grandes nomes da literatura brasileira, como Cecília Meireles, Adélia Prado, Clarice Lispector..., por enquanto citei as mulheres, mas estão todos lá: escritores e escritoras.
  
 Aproveitei e anotei um pequeno trecho do poema:


" ... Liberdade - essa palavra,
que o sonho humano alimenta:
que não há ninguém que explique,
e ninguém que não entenda!..."

Do Livro Romanceiro da Inconfidência - Cecília Meireles

   Liberdade... Nós mulheres então vivemos à caça dela. Por mais que o tempo passe, ainda há muito a caminhar. Desde os anos 70 eu vivo atrás dela a partir do meu modus vivendi. Incomodo às vezes em muitas situações, eu o sinto, mas não desisto de lutar por meus direitos de mulher, de igual, de pessoa única, independente, que merece o respeito como qualquer pessoa.

   E sigo na luta íntima e questionadora (devido à cultura recebida do mundo machista) e na luta pelo direito de todas. Por exemplo: É um absurdo que nós mulheres não participemos da vida política, nas estruturas municipal, estadual, federal, e em todos os âmbitos (inclusive o privado), na mesma igualdade que os homens, com 50% de participação em todas as esferas. As mulheres precisam estar mais aptas a esse desafio e exigir. Afinal somos pessoas como qualquer homem e queremos igualdade de condições!!!

   A chuva deixou de ser pancada e continua a cair forte há mais de três horas!!! 

"... São as águas de março fechando o verão,
 é a promessa de vida no teu (meu) coração. 
É pau. É pedra, é o fim do caminho.
É um resto de toco, é um pouco sozinho.
 É um passo, é uma ponte, é um sapo, uma rã.
 É um Belo Horizonte, é uma febre terçã.
 São as águas de março fechando o verão.
 É a promessa de vida no teu (meu) coração..."

   Lembrei-me da Elis Regina cantando sua canção Águas de Março (do Tom Jobim) sobre o mês de março e as chuvas, para a entrada do outono! Acabou que fiquei romântica no final! Uma canção é sempre bem-vinda para acalmar qualquer coração aflito, né!!! 

segunda-feira, 12 de março de 2012

INDAGAÇÃO???

   Nossa... Fui ver o excelente filme "A Separação", iraniano, de 2011. Não é um filme que reflita sobre esse momento da vida a dois, é mais que isso! Trabalha a questão da ética, da religião, dos valores... O tempo todo nos deixa indagando o que o autor quer dizer, não dá as respostas... Joga pra fora, aos diversos olhares.


 Tudo inicia quando a esposa decide que quer ir embora do país e o esposo se nega a acompanhá-la, pois é o responsável pelo pai, que tem Alzheimer. Têm uma filha de 11 anos, meiga, atenta e angustiada com a situação ao redor.


  A esposa sai estrategicamente de casa para que o marido perceba que não conseguirá se virar sozinho. Ele arranja uma ajudante, que está grávida. Naquele país, as mulheres só podem trabalhar com autorização do marido e não podem estar onde tem um homem (ela aceita, mas não tem o aval do marido).


  A ajudante (que sempre leva a filha pequena) fica meio perdida com os afazeres e os cuidados do senhor doente, já que terá de fazer-lhe a higiene (algo também questionável pela religião). Em outro dia, baratinada, ela não vê que o velho foge para a rua; ao descobrir,tenta resgatá-lo e acaba sendo atropelada (isso não aparece nesse momento... Só depois é que ela irá contar e será rememorado).


  Num outro dia, o marido (Nader) e a filha chegam mais cedo e não encontram a ajudante. O pai está caído aos pés da cama, amarrado. Ela chega um pouco depois(com a filha) e a partir daí, ele se descontrola com a atitude relapsa, dá falta de dinheiro, culpa-a por tudo, a põe para fora de sua casa com certa rudeza (isso tudo ao olhar atento das filhas de ambos).


  As coisas se desenrolam de tal forma que ele se vê envolvido numa situação de julgamento devido ao fato dela ter perdido o bebê. A ajudante tem um marido complicado, com problemas mentais, do tipo agressivo, exigindo que Nader pague por tudo o que a esposa passou.


  A trama continua... E ao final, o autor deixa a última cena sem resposta... A filha pode escolher a mãe ou o pai para ficar, mas não o faz na presença deles... O Juiz pede que eles se retirem da sala...   Mais uma cena indagadora!!! Quem você acha que ela escolheu???


  O filme é belíssimo, a gente fica a observar o desenrolar da vida das mulheres naquela sociedade, tudo é tão complicado para elas (do nosso ponto de vista!)...É uma outra realidade! 

sábado, 10 de março de 2012

LEMBRANÇAS DA ROÇA

   Fui ao Museu de Artes e Ofícios, na Estação Central do Brasil (Ferroviária), na Praça da Estação, enquanto esperava o início da Manifestação do Dia 08 de março - Dia da Mulher. E valeu a pena!


    O trabalho está representado ali pelas ferramentas e equipamentos utilizados pelos trabalhadores brasileiros em séculos anteriores. Achei muito interessante toda a trajetória e em quase todos os objetos pude focalizar um pouco a história de minha família e daqueles trabalhadores que sempre buscávamos em nossas necessidades: o sapateiro (muito valorizado pelo povo), o padeiro e o leiteiro (passavam na nossa porta).


   O que me impressionou mais foi quando estava passando pelos materiais utilizados na fazedura da rapadura. Aqueles grandes tachos, a concha para mexer o caldo de cana que não podia empelotar, a mesa de madeira, com seus quadrados, esperando receber o melado para moldar a rapadura. 


   Fiquei com uma dor no peito (tipo uma melancolia, uma saudade, uma tristeza, sei lá???) e até senti uma lágrima querer derramar ao assistir o vídeo de um trabalhador mexendo o caldo de cana, que já estava no ponto. Eu vi a minha avó fazendo isso, mexendo o caldo até o ponto da rapadura, sem parar, naquele enorme tacho de cobre. Linda a cena! Ela era uma mulher do interior e dura na queda. Trabalhava do nascer do dia até o raiar da tarde. Pensei em como o tempo passa; naqueles tempos eu, uma criança; hoje nada mais resta dele, apagou-se, e eu uma quase sessentona...


   Vovó mandava a gente (netas e netos que a visitavam) debulhar espigas de milho (na mão, doía muito, mas, para nós era só festa, experiência de criança). Aquilo era seu trabalho diário: debulhar milho, socar café, fabricar o fubá (no moinho). Hum! Aquela broa de fubá mais grosso, aquele café moído na hora e perfumando o ambiente! Não tinha nada melhor. Vovó era danada na cozinha, seus quitutes eram de fazer inveja.


   Quando ela fazia aniversário, toda a família ia pra roça (alugavam um grande caminhão, com bancos na carroceria, que loucura, heim!) e íamos cantando as cantigas daquele tempo... "Quem parte leva saudades de alguém... Oh! Minas Gerais, oh Minas Gerais, quem te conhece não esquece jamais... Estrela D'alva, no céu desponta.... Como pode um peixe vivo, viver fora d'água..."  Até chegar lá era só animação e muito frio!!! Mas toquei nesse assunto por lembrar que ela mesma preparava os tais quitutes pro seu aniversário: eram mais de 30 tipos de doces diferentes, queijos, broas de fubá, a gente se fartava e depois os adultos iam pro "rasta pé" e a criançada também se animava (isso tudo com luz de lamparina de azeite e/ou querosene).


   Aquele Museu despertou-me tantas emoções. Engraçado que a gente não liga muito para os museus da nossa cidade e têm-se tantas histórias contadas lá (muitas delas sofridas!). Vou continuar nas visitas aos outros museus da cidade.

terça-feira, 6 de março de 2012

JEITO AMINEIRADO... UAI!

   Estávamos três conhecidas conversando animadamente, iniciando uma nova amizade e, nessas horas, mulher gosta de falar, né! Chegamos no item comida e uma delas comentou que comia pouco. Eu respondi: "você come esse tiquinho porque seu estômago deve ser pequeno..." Quando, sem mais, nem menos, vejo uma delas rindo muito!!! Achou engraçado eu falar "tiquinho" e disse: eta fala de mineira, heim!


   Rimos as três da situação. Como boa mineira respondi que adoro o meu jeito amineirado de falar e que quero permanecer assim. Falo muito "trem" (acho que não existe em Minas quem fale mais "trem" do que eu... Tudo pra mim é trem); "tiquinho"; uai; ...  Eu gosto do meu jeito de falar assim. As duas concordaram e confirmaram  que, ambas, também não eram diferentes... Adoram falar o nosso jeito amineirado. Aí lembramos da frase: "On co tô? On co vô?" (Onde eu estou? onde eu vou?) que ficou famosa devido a peça de teatro do Grupo Galpão.


   Esse resquício da minha infância, na linguagem que ouvia de meus parentes, todos da roça, uns lá pelos lados de Barão de Cocais,em Minas Gerais, e outros, da antiga Goiás, hoje Tocantins. Eu gosto desse meu jeito interiorano que, mesmo com a educação recebida, conservei. 


   Tem coisa melhor do que ser mineira... A questão é que todos amam a sua terra e eu não sou diferente. Aí começamos a falar das Minas Gerais. Comida maravilhosa, diversificada e saborosa como poucas no Brasil... Quem vem a Minas, experimenta e não me deixa mentir. É difícil a competição. Nossa história culinária vem dos primeiros tempos e vem se aprimorando até hoje. E as cidades históricas, as belas cachoeiras, as gentes,...


   Fiquei  mesmo contente foi quando li o Guimarães Rosa, seu livro "O recado do Morro", minha filha tinha lido pro vestibular e eu aproveito as rebarbas... Também leio. Ai, que gostoso, ver lá aquele jeito de falar igual ao da minha infância... eu me senti homenageada e feliz com aquele sotaque interiorano. Rememorei momentos e senti muita saudade. 


   Nós três concordamos que era muito triste saber que nossos filhos vão perdendo esse sotaque delicioso, meio cantado... É mesmo uma pena!!!

segunda-feira, 5 de março de 2012

VIDA A DOIS!!!

   Assisti hoje à tarde ao filme americano " A prova de fogo", de 2008. Muito interessante e ao mesmo tempo angustiante, pois trata da questão do relacionamento no casamento de sete anos de um casal e que chegou ao momento crucial - o do divórcio.


   Então, durante o decorrer da fita, vemos com clareza cada um jogando a culpa no outro pelo estado em que está a relação. A culpa é sempre externa e a pessoa não consegue voltar-se para si mesma e analisar suas faltas. O envolvimento de um e de outro tem suas falhas, mas vemos aqui que o homem apresenta, talvez, os maiores defeitos. Ele esqueceu-se de continuar estudando-a e vai magoando-a nas suas atitudes e egoísmo.


   O interessante do filme é que o homem busca a ajuda de seu pai (é bem legal poder contar com uma de nossas referências num momento como este). O pai, então, propõe ao filho não se separar antes de 40 dias, e lhe passa, como que um livro receita, com passos diários importantes a serem realizados, com a intenção da sobrevivência do casamento.


   O filho vai a cada dia, lendo a receita do dia e realizando-a; a princípio meio sem vontade e firmeza naquilo que almeja. Mas a cada dia que passa, o seu fazer vai levando-o a reflexões sobre suas atitudes e sentimentos. Vai entendendo o verdadeiro significado  do amor e a sua responsabilidade pela relação. Parte para a ação e se compromete com o projeto.


   Neste sentido ele compreende que se importou tão pouco por seu casamento... apenas vivendo seu cotidiano comum e achando que deveria ser aceito nas suas limitações sem o esforço de se tornar uma pessoa melhor na vida a dois.


   Acaba os tais 40 dias da receita e... já nos 43 dias, ele continua a seguir os passos. Chega à conclusão que casamento é construção de todo o dia e que a mulher precisa ter claro, a paixão e o envolvimento sincero do homem que escolheu como companheiro. Finalmente ele conseguiu voltar-se para si mesmo e parar de jogar a responsabilidade no externo.


   O casal finalmente se reconcilia, tanto ele quanto ela reconhecendo as falhas e buscando dali para a frente estar mais atento aos detalhes. Neste ínterim, o pai conta para o filho que o livro de receitas foi de sua mãe (do filho) e ajudou-o quando ele próprio pediu o divórcio. O filho que tinha certa impaciência com a mãe pede-lhe perdão por seus atos.


   Pode parecer meio piegas o tal filme, que utiliza também de aspectos religiosos no processo, mas, na essência, mostra como as relações são complexas e que nós precisamos nos conhecer sempre mais e melhor para que a vida a dois valha a pena e a relação amadureça e chegue a um estágio superior. 


   Por que viver junto e no fundo separado??? Valeu a reflexão em cima de tal questão!

domingo, 4 de março de 2012

MACHADO DE ASSIS... VISIONÁRIO

   Assisti ao Documentário Machado de Assis - crônicas e política, na TV Senado, hoje. É inacreditável a capacidade que o escritor tinha de colocar no papel a sua sutileza crítica da realidade de sua época. Nos comentários dos críticos, ele está situado entre os gênios e um dos primeiros (juntamente com José de Alencar) a utilizar-se da crônica como arsenal de crítica à política. 


   Teve uma crítica que ele fez sobre a república e a monarquia, dizendo que "No Brasil não temos nem república, nem monarquia, temos é uma completa oligarquia sempre"... é mais ou menos isso. Infelizmente, estamos em pleno século XXI e a crítica dele é válida até hoje. Ele realmente era um gênio e visionário.


   Eu sempre amei o Machado de Assis e nos tempos de juventude conheci muitos de seus contos e romances, todos até hoje inesquecíveis. Quem não se lembra dos contos: "Uns Braços; A Missa do Galo; D. Benedita ...". Eu os tenho vivamente na memória. E a história de Bento e Capitu...em Dom Casmurro... Que até hoje nos deixa encafifados. É engraçado que, com a releitura,  ainda se torna mais saborosa a experiência. Penso que deve ser a maturação existencial e intelectual que nos dá essa capacidade. É sempre bom voltar a seus romances.


   Os críticos fizeram também uma descrição dele e o colocaram como um dos maiores solitários de seu tempo. Volte a experimentar Machado de Assis, se quiser te empresto... Mas nem é preciso... Está disponível na rede a coleção completa. Veja em www.machado.mec.gov.br.
 Leia... Leia muito... Delicie-se com esta forma de viajar no tempo! E olha que ele continua bem atual.


    

sábado, 3 de março de 2012

FIRME E NA ATIVA!

   Nas páginas da revista Língua Portuguesa, edição 34, jan/2012, páginas 18 e 19, está estampado o que sempre falamos sobre como manter mente e corpo saudável. É numa resenha sobre o livro Mente Saudável  Mente Brilhante, do neurocientista Richard Restak., Larousse.


  "Caminhar, jogar, ler, dormir, socializar-se, aprofundar-se em seus interesses pessoais..." Mostrando que tudo isso faz com que o nosso cérebro continue com alta capacidade e demore o processo de envelhecimento. Interessei-me pelo assunto. Ainda fala o que mais destrói e desgasta o cérebro: o estresse ansioso em que vivemos hoje em dia. Ao combatê-lo, podemos "viver melhor, mais longamente e com mais qualidade".


   Ele sugere umas dicas:
   ". Aprenda a parar de desperdiçar energia mental com coisas que estão além do seu controle;
    . Reaja  rapidamente quando você pode fazer algo para resolver uma situação estressante;
   . Reduza o estresse com o aumento de atividade física;
   . Monitore seu estado de humor, fantasias e conversas internas consigo mesmo;
   . Aproxime-se de outras pessoas;
   . Tente diminuir a importância do acontecimento ou da situação."
   É o respeitado cientista que nos traz esse conhecimento. Que tal pôr em prática??? Vamos à leitura!

BONS MOMENTOS II

   "A felicidade é uma opção pessoal"... A frase está no Livro do Og Mandino, A Universidade do Sucesso. Como vocês sabem ele é um dos pais da "autoajuda". Eu adoro as colocações dele que fazem a gente refletir sobre os caminhos a seguir.


   Bom, não é meu interesse discutir o que ele escreveu, mas a frase em si. Achei que tinha muito a ver com a postagem BONS MOMENTOS, onde procurei refletir sobre a questão da felicidade... e dos bons momentos.


   O ponto de vista coaduna com o descrito em bons momentos, pois quem faz a escolha pela simplicidade na vida conquista com leveza este atributo procurado por todos nós e existente tão perto... Dentro de nós!


   Cultive o simples, o aqui e agora, seja tolerante com as pessoas e verá que tal opção flui de modo mais significativo!!!   







PRETO E BRANCO

   Ontem assisti ao filme O ARTISTA, 2011, vencedor de Oscar, no Cine Belas Artes. Um filme mudo que conta a história de um ator famoso e admirado naqueles tempos (tem o estilo do Rodolfo Valentino - eu acho). Rico, vaidoso, muito narcisista, se acha insubstituível. 


   Mas as regras do mercado cinematográfico mostra a sua cara - que é o descarte do antigo pelo novo (vemos isso constantemente) e ele é dispensado. O ator não aceita bem a mudança dos tempos; parece estar vivendo a transição do cinema mudo para o falado e aposta em novos projetos a partir de sua própria produção. Não alcança êxito. Fracassa e  perde tudo que possuía. Entra em um processo de autodegradação e afunda nas bebidas.


   Neste ínterim, uma atriz que ele ajudou a despontar alcança o auge no cinema falado e como tinha um sentimento de amor por ele, faz o possível para ajudá-lo nesta fase.  Em um momento isso vem à tona, e ele vaidoso, pensa em resgatar a sua dignidade, suicidando-se. A atriz vai ao seu encontro de forma desvairada, como que ciente do que poderia acontecer e chega antes do trágico. 


   O filme termina no estilo do " ...e viveram felizes para sempre...". O final decepciona um pouco, mas para os românticos não poderia ser outra a resposta ... provavelmente se fosse um filme francês... (descobri... o filme é francês (sic), a conotação é que é hollywoodiana).


   O filme retrata algumas questões interessantes para reflexão: a questão da mudança e a resistência em aceitá-la; o uso do sujeito como objeto; a capacidade que o amor tem em transformar; o orgulho; a vaidade; a falta de humildade; o mercado no comando da vida... Apesar do senão no parágrafo acima, o filme vale a pena ser visto.



sexta-feira, 2 de março de 2012

SER ESCUTADO

   Ser escutado. É o desejo de qualquer pessoa. Por que está cada vez mais difícil disso acontecer??? O ideal seria que os amigos tivessem disponibilidade para tal, mas tanto o homem, como a mulher, andam olhando para o seu próprio umbigo mais que o necessário e se esquecem da amizade e/ou estão tão ocupados neste mundo frenético que não têm tempo para a escuta.


   Todos nós precisamos ser escutados. Um conselho (se é que conselho funciona) : não desista. Procure alguém que o escute. Seja um amigo, o terapeuta (ganhará de quebra um maior conhecimento de si mesmo) ou quem sabe até o famoso padre (no seu confessionário???) ou um bom conselheiro (será que ainda existe???).


   A maior parte de nossas reclamações são das pessoas com quem convivemos e que não se apresentam disponíveis para a tal habilidade - SABER OUVIR - Infelizmente estamos vivendo numa época em que a solidariedade pelo problema do outro está em falta. 


   As queixas nos relacionamentos, companheiros envolvidos com o seu cotidiano comum não percebem as necessidades do outro. Estes, então, ficam que nem zumbis... olhando fixos para algum lugar e tentando administrar o que os incomoda sozinhos (conversando consigo mesmos)... 


   Infelizmente isso não funciona bem, pois empobrece o que o humano tem de mais interessante - a capacidade de diálogo - onde, tanto o emissor, quanto o receptor podem ampliar a comunicação e se fazer entendidos. Onde anda tal ferramenta nas relações???


   Eu quero ser escutada... Ele quer ser escutado... Você quer ser escutada... Nós queremos ser escutadas (os)... Então o que está acontecendo???  

quinta-feira, 1 de março de 2012

REVER CONCEITOS

   Não sou de ficar com raiva de ninguém por muito tempo. Afinal, a raiva (aquela demasiada) mata, não é mesmo! Além de fazer a gente ficar mais feia, pequena e...


   Nunca fui de ter ódio. Eu não conheço ninguém por quem eu tenha uma raiva muito grande ou ódio. Tais sentimentos, aprendi há muitos anos, só servem para entristecer a figura de qualquer pessoa. Aparece na face aquela aparência pesada e rancorosa. 


   E normalmente temos tais sentimentos quando ainda não aprendemos a crescer e apresentar-se à vida, como ela deve ser realmente vivida (com maioridade!).


   Mas a tal raiva (que devia ser só uma raivinha normal, típica de momentos) já desapareceu hoje. Fiquei à tarde lendo um ótimo livro que fez com que eu ficasse tão concentrada e envolvida... que dissipou esse sentimento menor. O livro do conhecido historiador Caio Prado Junior, Formação do Brasil Contemporâneo, Editora Brasiliense, de 1942, 3ª reimpressão de 1999. Belíssima a sua forma de contar a história do nosso Brasil e seu olhar é realmente apaixonado pela pátria e muito crítico. Estou adorando essa releitura da nossa história.


   E já à noite, minha filha resolveu que ia preparar o jantar e me trouxe uma bela "bruscheta", deliciosa, que segundo ela seria para servir como entrada... Aí, não teve jeito, pedi também um cálice de vinho para o acompanhamento. Vamos ao jantar... Ganhar mais algumas calorias que valem a pena!


   Raiva... Que raiva???

RAIVA???

   Escrevi o texto abaixo ontem, mas não quis publicá-lo. Só hoje resolvi:
   "Hoje eu estou com raiva... E infelizmente isso não está me deixando solta para o fluir dos pensamentos e para a escrita. Bom, não vou ficar chateando ninguém com esse "sentimentozinho"  típico de adolescente... Mas hoje eu estou me sentindo assim.


   Já sei... No fundo continuo uma adolescente, desejosa que tudo se encaminhe de forma romântica e surpreendente. Lá vem eu com o surpreendente... Que deve existir só na minha cabeça.


   Seria tão bom se as coisas fossem amenas, com nuances suaves envolvendo os relacionamentos... Típico conto de fadas, né!


   Que houvesse o diálogo constante na discussão dos problemas, uma forma de o outro saber exatamente como a gente se sente ou pensa, ao invés de ficar imaginando coisas do tipo: "eu penso... que ele pensa... que eu penso...que ele pensa... ", o que não leva a lugar nenhum. Simplesmente jogos sem nenhuma finalidade. 


   Até me lembrei do Livro Chapeuzinho Amarelo, do Chico Buarque de Holanda. Na história o Chapeuzinho tinha medo... do medo... do medo... do medo, e assim por diante, até que descobriu que de tanto ter medo, o medo tornou-se maior do que era realmente. Bastou apenas que fizesse o enfrentamento e focasse a sua realidade ( ao invés de ficar fantasiando coisas) para a solução do problema.


   Quem sabe eu aprendo com o Chapeuzinho Amarelo a fazer o enfrentamento da tal raiva???