terça-feira, 30 de setembro de 2014

SE PERMITIR SER O QUE SE É

   

   Dias desses assisti uma entrevista com a atriz Cássia Kiss... no sábado, o bate papo com a Angélica. Sempre admirei a atriz e as causas que engajou. E realmente a atriz, para mim, encontra-se num patamar de invejar. A simplicidade, a capacidade de criticar-se a si mesma, de construir novos projetos no decorrer da vida... 

   A atriz disse não ter planejado nada para o futuro, ter preferido que as coisas corressem na perspectiva dos acontecimentos. Claro que colocou adorar o que faz e sempre esforçar para se superar a cada representação, a cada personagem. Sentir um verdadeiro prazer no que faz. 

   Várias falas foram significativas. A fala contendo o desejo de um país mais justo. A que achei interessante foi a definição de que com o envelhecimento, ela nos seus 56 anos, chegou a conclusão de que "a gente tem que ir abrindo mão de certas coisas e buscar a alma...".

   E ainda, se permitir a qualquer coisa na idade em que está. Deu o exemplo do sapato apertando-lhe o pé, no supermercado, e que escolheria andar descalço sem a preocupação com nada ao redor... E com as rugas, a de se assustar às vezes quando se vê no espelho.

   E falando em celebridade, na semana fui assisti o show do bruxo do som, o músico brasileiro Hermeto Pascoal. Uma lenda viva, com suas experimentações musicais. Uma delícia o show dele juntamente com a cantora Aline Morena. Durante o espetáculo... isso, um espetáculo onde tudo acontecia espontaneamente, a música podia surgir do novo, do momento, do sapato jogado dentro do piano fazendo o som emitir nova musicalidade... o músico com seus 78 anos, completamente a vontade, da orquestra clássica a das batidas mais rústicas e em todos os ritmos. Surpreendente a apresentação, fiquei estupefata com a musicalidade contida em objetos inimagináveis... a alquimia do bruxo onde em tudo existe música, basta estar aberto a novas sensações.  

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

CONSTRUIR A PRÓPRIA VIDA

   

  Ontem eu caçoei, brinquei sobre como agiria no caso de uma separação. Mas a questão é que deixei incompleto o relato que fiz da história. A minha conhecida ao contar seu relato já estava a cinco anos separada e continuava a expressar aquela intensa dor.

   Claro que todos sabemos que não tem como não vivenciar o luto numa separação, mesmo quando uma pessoa não tem mais ligação afetiva com a outra, passa por tais momentos, afinal deixou para trás uma vivência e de repente a mudança repentina de papel traz certa melancolia, tristeza ou angústia. Até que se restaure, respire fundo e caminhe para novas transformações. O tempo... ah! O tempo.

   Eu cá pra mim tenho definido que o sofrimento eterno não coaduna com o ser humano, estamos em busca do que nos faz sentir bem e não traga excessos de ansiedade. Ficar por muito tempo no marasmo da dor... aí tem... deve-se olhar mais atentamente e buscar o significado.

   Esse tema permeou também minha atenção ao rever o filme do Woody Allen, Interiores, de 1978, que assisti na semana. Toda uma família envolvida às emoções e sentimentos e mesmo, o medo da hereditariedade, no caso da doença mental. O marido conta que não tinha percebido a frieza e distanciamento com que a esposa lidava com o papel de mãe e esposa. Até que chegou a um ponto em que não aguentou mais viver a superficialidade daquela relação, o controle por tudo perfeito demais, num nível que o desestruturava. As filhas já estavam adultas quando informou que estava saindo de casa.

   A esposa, com fragilidade emocional, nunca se restabeleceu daquele incidente e vivia a encenar a volta triunfante do seu homem imaginário, o seu marido, às voltas com a fantasia que a mantinha de pé através de aparente normalidade. E na história se vê todas as filhas trazerem características de comportamentos e atitudes frente uma convivência onde nada é de verdade... aparência.

   Nesse filme o diretor mostra dramaticamente que somos herdeiros e que vamos representando pela vida várias facetas repetitivas de uma história anterior. Como os nossos pais vamos sofrer as consequências que é viver, ser um adulto, e algumas situações fatais estão longe de nos deixar alçar voos apenas embasados em nossas escolhas.

   Vamos nos construindo com a vida!      

LEITURA e REALIDADE

   

   Bateu uma preguiça entre agosto e setembro e escrevi pouco no blog, infelizmente.  Isso é ruim porque assim não me exercito, né! 

   Mas ler não tive preguiça não! Tô lendo o livro do psicólogo cognitivo Paul Bloom, O QUE NOS FAZ BONS OU MAUS, Bestseller, 2014. Fiquei em falta de escrever sobre a palestra que ele ministrou no evento Fronteiras do Conhecimento. Como a palestra foi em inglês e o meu inglês macarrônico, não teve jeito, precisei do tal aparelho de tradução simultânea. E para não escrever nada que tivesse dubiedade (no entendimento da tradução), preferi ler o livro antes de escrever. Ainda na leitura...

   Ao mesmo tempo peguei o livro do escritor Mia Couto, de contos, O Fio das Missangas, Companhia das Letras, 2014. Não aguentei ficar só com leitura descritiva de uma área mais técnica (a da pesquisa do Paul Bloom) e encadeei a literatura no entremeio. E não me arrependi. Que delícia os contos! O livro é de 2004 e reeditado pela Companhia. Não estou conseguindo passar para a frente sem ler e reler cada um daqueles contos, que até o momento em nada me decepcionaram. Quanta maestria na forma de contar uma história, dos seus toques neologistas, da manha moçambiquense se se pode dizer assim. Olha! É de apaixonar e de invejar a habilidade da escrita simples e tão bem delineada fio a fio, em suas missangas... Estou na leitura do Conto A Despedideira e surpreendida em como a sensibilidade aflora por todos os poros (ou melhor seria... todas as palavras?). Lindo!!!

   O conto fala de um amor que se acabou e como a mulher se confronta com a terrível fatalidade. Olha só que linda essa parte do conto na pág 51: "... Dispensei uma vida com esse alguém. Até que ele se foi. Quando me deixou, já não me deixou a mim. Que eu já era outra, habilitada a ser ninguém..." 

   e essa outra na pág. 52: "Nesse pátio em que se estreava meu coração tudo iria, afinal, acabar. Porque ele anunciou tudo nesse poente. Que a paixão dele desbrilhara. Sem mais nada, nem outra mulher havendo. Só isso: a murchidão do que, antes, florescia. Eu insisti, louca de tristeza. Não havia mesmo outra mulher? Não havia. O único intruso era o tempo, que nossa rotina deixara crescer e pesar..."

   e no último parágrafo a gente sente a dimensão da fala da mulher: "Toda a vida acreditei: amor é os dois se duplicarem em um. Mas hoje sinto: ser um é ainda muito. De mais. Ambiciono, sim, ser o múltiplo de nada. Ninguém no plural. Ninguéns."

   Ao ler este conto eu me lembrei de um caso que aconteceu comigo. Tinha um casal que eu admirava muito, eles sempre juntos, ela na garupa da moto ao final do expediente, não se desgrudavam. Um dia, depois de aposentada, encontrei-a e perguntei pelo companheiro. Após pequena pausa ela me contou que tinham se separado há uns cinco anos, pois ele se apaixonou por uma mulher mais jovem. Havia tanta tristeza em sua voz... 

   Ao chegar em casa contei a história para o meu marido. E falei que se isso acontecer comigo... e alguém me perguntar sobre ele, vou responder: morreu!!! rsrsrs

   Não quero saber de ficar choramingando não...  

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

CORRER ATRÁS DOS SONHOS E FAZER ACONTECER !

   

   Eu fiquei tão livre para voar na última postagem... parece ainda tô aterrizando, rsrrsrs. Não consegui pegar o computer para relatar um pouco das outras palestras que assisti. 

   Depois do Mia Couto, no outro dia assisti a palestra do médico neurocientista Miguel Nicolelis, a qual ele intitulou "Muito além do nosso eu".

   Continuei em estado de graça com o desenrolar da história de sua vida, seus projetos, dos quais não abriu mão, tendo que, de certa forma, asilar-se em outro país por ser desacreditado aqui no Brasil. Não quiseram investir em sua pesquisa e segundo ele, acharam que estava louco. Ele é ótimo contador, engraçado, não faz muito o papel do típico cientista todo fechado em seu compenetrado mundo científico. Ele se abre, escancara a vivência, potencializa emoções e acima de tudo, acredita no sonho. Isso que consegui vislumbrar durante a exposição.

   E em mais de trinta anos de investimento no sonho de conseguir que uma pessoa possa usar do comando cerebral para alcançar a capacidade do movimento, no caso de um paraplégico, por exemplo, e novos estudos com o objetivo de diminuir males de outras doenças como Alzheimer e Parkinson, o neurocientista Miguel Nicolelis vai nos explicando a potencialidade que é o nosso cérebro, os avanços tecnológicos e de saúde que a descoberta da potência cérebro poderá engendrar no futuro.

   O cientista  se emociona no relato sobre o planejamento e resultado da pesquisa na qual colocou um prazo para se tornar realidade... eis que após longos anos de trabalho científico pode, em apenas poucos minutos, mostrar ao mundo o maior de todos os avanços na área da robótica e medicina, um paraplégico conseguir, a partir de mensagens cerebrais e uso de um exoesqueleto robótico, ficar de pé e dar o chute inicial na bola na abertura da Copa do Mundo de 2014 (na rede se encontra a respeito).

   Além de tudo o conceituado estudioso apresentou seu lado social e de investimento em ciência no Brasil, num dos municípios do Rio Grande do Norte onde o IDH é considerado medíocre. Fundou um instituto que investe localmente nas áreas de educação e saúde. Maravilhoso o trabalho e a visão deste cientista que de médico e louco vai conseguindo transformar em realidade os sonhos do verdadeiro cidadão - tornar o seu país digno não apenas em futebol, mas em conhecimento e valorização do ser humano. Digno de um Nobel!

   Ainda falta contar da última palestra, a do psicólogo cognitivo Paul Bloom...