domingo, 30 de julho de 2017

PAPO AGRADÁVEL E OUTRO NEM TANTO

   

   Desapareci pelos lados de Beagá (codinome de Belo Horizonte - MG). Quanta secura e aridez a terrinha, nem parece a mesma que noutros tempos, quando vinha julho, chovia um bocado e em volta só se via verdume.

   Revi amigos e aproveitei, quando ainda estava disposta, ver uma película no Belas Artes Cine. Precisava de boas risadas, porque a macaca anda solta em volta de mim, algumas viroses colhi neste breve passeio. Haja resistência no envelhecimento. Quando não é possível, os problemas se apresentam: herpes, conjuntivite, resfriado ... então, monta o cansaço e desânimo para programas.

   O filme Tal mãe, tal filha, francês, com a atriz Juliette Binoche, uma leve comédia, contribuiu para boas risadas com amigas. Saímos de lá descontraídas e fomos direto para uma alimentação pouco saudável, mas que mineiro gosta bem, na pizzaria bem em frente. Sem pressa, convivência amiga, deixamos o papo rolar por quanto houve energia. 

   Já eram umas meia noite quando chamamos um Uber. O senhor, bastante conversador para nosso gosto, falou durante toda a viagem e, não sei se porque éramos três mulheres, coroas, sozinhas, achou forma de contar fatos corriqueiros de sua vida, e até descobrimos que passou muitos anos fora do Brasil. De certo, considerou estar agradando, afinal, a nota no fim do trajeto conta pontos e faz que o motorista ganhe status.

   Paramos no meio do caminho, na casa de uma delas e, dispensamos o homem. Aí que comentamos da postura inadequada para um motorista. Emendamos mais papo e fui chegar em casa de madrugada, exausta de tanta atividade.

   Quando conversávamos, eis que o aplicativo nos inquiriu uma nota para o respectivo e ficamos sem saída. Para evitar contendas, decidimos pontuar com três estrelas e abster de qualquer observação.

   O próximo motorista, que me levou para casa, apenas confirmou o trajeto e seguiu.    

sábado, 15 de julho de 2017

AMOR AGIGANTADO

   Fui em algum lugar, já não me lembro onde, que a gente recebe um poema enquanto se diverte no bate-papo com amigos e encontrei o que me foi sorteado:


"BILHETE

Se tu me amas, ama-me baixinho

Não o grites de cima dos telhados

Deixa em paz os passarinhos

Deixa em paz a mim!

Se me queres, enfim,

tem de ser bem devagarinho,

Amada, que a vida é breve,

e o amor mais breve ainda...


               Mário Quintana"


   Mário Quintana e a sensibilidade à flor da pele. Quanta delicadeza ao cantar o amor. O eu lírico, apaixonado, cuidadoso com seu tesouro, afinal, quando o sentimento se esgota, é bem complicado para quem grita de cima do telhado.

   Fiquei a pensar que deve ser bem legal ouvir alguém que te ama, gritar em brados, a gregos e troianos, o que lhe toca o coração... as românticas sonham com isso.

   Preciso me acalmar. O amor em certa idade não consegue subir em telhado. Muito menos tem garganta suficiente. Vai ameno, respeitando a limitação.

   Mudo de ideia, bom mesmo é escutar ao pé do ouvido! Em todos os ritmos.    

sexta-feira, 14 de julho de 2017

RESILIENTE

    O que fazer quando na encruzilhada se depara com caminhos tortuosos?  Na altura do tempo, não me arrisco a desastres, poucos me apetecem o apetite, e seletivos. Afinal, o único caminho que não se tem escolha é com a dona morte. Essa sim, dispara o flerte cruel e sem esperança, e jaz o que era vida.

   Aliás, o que mais o Brasil transparece hoje são caminhos tortuosos e desesperançados (já é morte?), uma trama atrás de outra e o cidadão que se... proteja para o que der e vier, porque a água não está para qualquer peixe, somente peixão e abastado.

   Ironia à parte foi assim que me senti hoje ao ler a confissão verdadeira, do fundo da alma de uma esperançosa. Senti a dor corroendo-lhe coração, mente, paixão e energia corporal. Bem, não é algo que se tenha como salutar, mas realidade sendo respirada com dificuldade.

   Quero gritar a altos brados que sinto o que ela sente. Quero arregaçar as mangas se preciso. Juntar forças. Equipar a guarnição de esperança a melhor tempero. O caminho, este, ainda me apetece.
  
   O ralo fede! Estamos sendo traídos!   

sábado, 1 de julho de 2017

PROCRASTINAR VALE?

   Último dia de junho, festas juninas por todo o lado. De minha parte preparei a tradicional canjica com o toque especial secreto de toda cozinheira: amor. A comilança foi geral e o encontro com sabor de família é sempre desejoso. 

   Último mês do primeiro semestre. Meio do ano. Como voa. A gente precisa parar de desperdiçar o tempo, mas segue procrastinando tantas e tantas tarefas, a maioria em nossas mãos e vira a cabeça no travesseiro, responde: tenho tempo, depois penso nisso...Deixa passar oportunidades, paixões, desejos que no passar dos anos destemperou-se e outras motivações urgentes necessitam respostas rápidas, a sobrevivência falando alto. Tanta semelhança com os nossos pais, os avós, bisavós...

   Engraçado que esses dias li um artigo que valorizava, de certa forma, a tal da procrastinação. Olhei meio de rabo de olho para o artigo, porque profissionalmente sempre tratei o termo como um dificultador para o alcance do sucesso em todas as áreas da vida. E até que pelo ângulo de abordagem, acabei concordando com o autor. Não que seja positivo tal atitude, mas em certas situações a procrastinação pode fazer com que a pessoa amplie a visão e a panorâmica trazer riscos e desafios empolgantes e que valem a pena.

   Tem certa etapa da vida que os riscos precisam estar à tona. Como disse o dono do Facebook, arriscado é não  arriscar. Oportunidades não batem à porta duas vezes. E quando passamos da idade? Quais riscos são toleráveis desde que a saúde o permita? O que fazemos com o tempo que passa tão rápido?

   O espetáculo está em cena, dê a resposta. Todo dia!

VIDA NA TELA

   Assisti ao filme Uma família para dois, Festival Varilux de Cinema Francês, em Francês: Demain tout commence. Como o Omar Sy é sempre bom de se assistir. O ator se saiu muito bem como pai, de início completamente despreparado, mas quando a situação impõe, o caminho vai trazendo experiência e transformando a pessoa, no sentido da maioridade.

   De início, o jovem, num estágio de menoridade, típico adolescente que não quer crescer, apenas aproveitar ao máximo prazeres, sem qualquer compromisso. A consequência cai em seus braços: uma criança, bebê de colo e ele é o pai. A mãe desaparece e ele tenta de toda forma encontrá-la, sem resultado.

   Em oito anos formou uma família estruturada, pai e filha, mas estranho e complexo durante toda a encenação e que deixa questões sem respostas ao público, alguma situação não é semelhante a todas as famílias e essa surpreendente e secreta resposta não é desvendada até o final.

   Compreende-se o porquê da dedicação de pai além de suas forças, a incansável busca da mãe por sua filha a partir de seu incentivo, um compromisso com a educação da criança com flexibilidade questionável, o trabalho perigoso de dublê...

   Eis que a mãe aparece e quer conviver com a filha. Não conseguem manter a relação saudável de pai e mãe e o caso segue para disputa judicial. A mãe ganha a parada. Antes de deixar a casa a garota diz ter esquecido algo e retorna para dentro e não volta. Os dois fogem pelos telhados, vivendo uma aventura cinematográfica... muito legal. A gente acaba torcendo por eles.

   Eis que chega o final... Vale a pena assistir... Delicioso, uma comédia leve, triste e terna!