Último dia de setembro, a primavera deu o toque germinativo com as frentes frias, trazem a chuva necessária ao arejamento de tudo: ar, terra, água e nós, humanos, que respiramos a vida gotejante; isto por estas bandas. Enquanto a minha querida Beagá do coração anda lá sufocante, cada vez mais embrenhada de calores, consequência de desmatamentos que vem sofrendo a tempos. Até o pobre Francisco geme em sua frágil nascente nas terras mineiras da Serra da Canastra. Uai, que trem mais triste, sô!
Neste setembro assumem as mudanças, novas atividades, visitas esperadas transformando o cotidiano com a conversa jogada fora a quem nos quer ouvir e falar. É bem bom receber visitas. Com isso trazem um pouco do "conversê" mineiro a que sinto saudade.
Mas me apaixonei por Floripa, meu lugar de escolha para viver e usufruir da beleza natural até que a dona morte dê as caras empapuçadas. Viver na Ilha de Santa Catarina é um privilégio.
Aproveitei a sexta e sábado últimos para participar de deliciosa oficina de contos no SESC. Tão poucas horas e um aprendizado muito interessante acerca da incrível arte de escrever contos. A partir de imagens o professor instigava os alunos a produzir a escrita e nos entremeios, jogava as dicas fundamentais, porque afinal, não existe receita. Os toques somam na tentativa diária de melhorar textos. Experimentações que na prática ampliam as possibilidades de transformar a realidade, a nossa falta, o eterno vazio que vigora em nós.
Conselho do professor, escrever, escrever, escrever, colocar no papel, transformando o vazio hereditário que existe em nós. Com a escrita tomamos posse desse oco que poderia redundar em solidão numa vida rica e cheia de gentes, aventuras, lugares exóticos, histórias que transformam o viver dos que aderem a necessidade da escrita.
Porque afinal, com diz Dalton Trevisan, um bom conto é pico certeiro na veia. Ando correndo atrás da inspiração que é escrever, buscando o bom.