sábado, 30 de junho de 2012

FRIO... É O INVERNO

   Não gosto do frio! Prefiro a quentura do verão. O frio me deixa ensimesmada, com certa preguiça preponderante. Nem mesmo a inspiração parece fluir com naturalidade.

   Nestas horas do inverno é que fico muito saudosa dos ares do Nordeste, com suas lindas praias, sempre com águas muito quentinhas. Pra mim não têm nada melhor.

   Claro que o Nordeste tem o seu lado ruim - da secura do sertão - tão cantado nas canções dos famosos nordestinos que falam das dores de seu povo. Tal qual nos canta o famoso Luiz Gonzaga. Quando ouço suas canções e do Patativa do Assaré, sinto uma dor no coração pelo sofrimento que passa o povo sertanejo do Nordeste.

   Ontem assisti ao Globo Repórter só para apreciar as belezas das festas juninas que acontecem nesta época por lá. As tradições que vão passando de geração em geração e através das festas e danças juninas, aliviam as dificuldades que passam o povo do árido sertão, que inclusive este ano, está maltratando muito aqueles que vivem mais ao interior do Nordeste, pela falta da tão necessária chuva.

   Falando em frio lembrei-me de uma propaganda antiga que cantava nos meus tempos de criança, da antiga Casa Pernambucanas: "-Quem bate? - É o frio! Não adianta bater que eu não deixo você entrar..." A canção ficou gravada... Rememorações... De novo!

domingo, 24 de junho de 2012

EIS A MINHA VERDADE!

   Qual é a sua verdade?

   Chega um período na vida da gente em que nos damos conta de que não existe a verdade, pois algo pode ser OK para uns, pode não sê-lo para outros. Eis o tempo da maturidade: onde já não queremos estar certos de tudo.

   Tempo em que nos permitimos apenas ser, de forma autêntica e que a sociedade "vá para o inferno"... tal qual a música do Roberto Carlos ( apesar de ele a renegar hoje).

   A idade realmente é muito salutar, pois a vivência nos proporciona, a cada dia, desacreditar em diversos dogmas, conceitos, regras...

   Lembro com certa tristeza que diversas vezes rejeitei minha mãe (nos meus tempos adolescentes), como se eu tivesse a verdade, criticando posturas dela que eram autênticas, devido à minha pretensa onipotência adolescente de tudo saber. Hoje, como mãe tenho experimentado tal experiência... parece que tudo começa de novo, não é!

   Como é bom mudar... Amadurecer... Reconhecer-se adulta e simplesmente uma completa aprendiz na vida, sempre. Apenas ser e se respeitar tal qual se é.

   Escolhas. Ter o direito de fazê-las e se responsabilizar por elas. Pode até não ser a escolha que te lance, mas é a escolha... Feita por você! Esta é a sua verdade!...  Eis a minha! O que você escolhe - é sua responsabilidade - e isso traz a segurança.

   Bom, na trilha da vida os instantes são tão breves que têm de ser plenamente  vividos!  Autenticamente vividos!   

sexta-feira, 22 de junho de 2012

VIDA EM CENA!

    Fui assistir à peça teatral "Nesta Data Querida" que está em cartaz em BEAGÁ durante o FIT - o Festival Internacional de Teatro. 

   Foram 90 minutos de encenação de momentos que nos fazem pensar em quais  são as nossas dores mais fundas, nossas incompletudes, nosso desejo de encontrar no outro - respostas. Ao mesmo tempo, a busca por estratagemas que diminuam a angústia do "estar só", não somente no estrito sentido do termo, mas saber-se um ser sozinho.

   Chega a ser angustiante vivenciar tal situação. De um simples conteúdo, o Grupo Teatral Cia. Luna Lunera soube dar lances mágicos a respeito da nossa inquietude como seres humanos.

   A essência, o fundamental, se é possível chamar-se assim, foi que o ser humano, que a pessoa é a única que pode transpor a solidão a partir do contato, da convivência com outras pessoas... formando assim possibilidades de experimentar novas situações - e se transformar a partir da amizade, do encontro. Achei a peça e sua construção muito gostosa e bastante reflexiva.

   Teatro sempre traz pra gente um novo lance de olhar; um olhar, que antes, estava acomodado ao dia a dia. Teatro é sempre revigorante. Isto significa viver ... estar sempre buscando este revigoramento... 

domingo, 17 de junho de 2012

HAIKAI... POESIA FUNDAMENTAL

   

  Semana passada fiz uma oficina deliciosa sobre HAIKAI, na Casa UNA. A poesia japonesa sobrevive desde o século III. Numa mistura que vai do estado Zen, aos estados d'alma, à harmonia, assomando-se sentidos do anárquico, do humor, da informalidade, buscando "um esvaziar-se".

 

Nos elementos traz:

  •   ausência do eu (as coisas existem sem o nosso olhar e assim devem ser);
  •   a solidão (estarmos em nós mesmos, independente de estar só ou não);
  •   a grata aceitação (aceitar o que nos vem de forma grata);
  •   a concisão ( nada que não seja necessário merece ser dito);
  •   a iluminação (está ligado a ideias de iluminação súbita);
  •   o contraditório (flagrar o que há de contraditório);
  •   a realidade (olhar voltado para a realidade externa);
  •   o humor;
  •   a liberdade;
  •  o amor;
  •   a coragem (não ser lógico);
  •  a materialidade (trata do concreto e não do abstrato);
  •   a simplicidade;
  •   ausência de moralidade.

 

Assim, vai criando poesia em simples 17 sílabas (os famosos tancas), mas impregnados de poesia sobre a natureza e sua relação com o homem.

O Haikai tem a singeleza de um gesto, mas sem sentimentalismo exagerado. Têm apenas três estrofes: a primeira com 5 sílabas, a segunda com 7 sílabas e a terceira com 5 sílabas (é possível a flexibilidade, nada ao extremo). A primeira estrofe traz a situação; a segunda transmite o elemento ativo e a terceira, a percepção (síntese). Normalmente não tem título e nas três estrofes sintetiza toda a magia da realidade humana através do poético.

O professor citou os maiores poetas do Haikai: Bashô, Issa, etc; alguns brasileiros, incluindo Paulo Leminski como um dos mais expressivos.

Estou repassando o olhar de leiga, do que assimilei dos dados do professor durante encontro de nove horas. Dá para vislumbrar a beleza poética desse canto oriental.

O professor nos propôs o exercício de elaborar Haikais. Eis alguns, apenas começo atrevido, mas conselho de professor:  Atreva-se.



muro pintado

pelas sombras da noite

concreto ato

 

inquieta olha

a noite estrelada

embaralhada

 

na rua deserta

a espera de ônibus

olhar desperta

 

chama atenção

de seu enamorado

em cena ação

 

trânsito caótico

liberação d’ olhar

em outra ótica

 

caos urbano

balanço que vai e vem

ao mo(vi)mento

 

beleza à mesa

na mescla de flor de seda

alegra a casa

 

em companhia zen

pode qualquer gema

sentir a clara e ar

 

este corpo te afeta

até quando o espinho

te espeta?

 

pano de chita

artesania em construção

ode poeta canta

 

bailar de vento

faz minha memória

ser catavento



   Gostei da experimentação, mas como eu digo, exercício de inspiração de uma aposentada ativa!

terça-feira, 12 de junho de 2012

POESIA SOBRE A VIDA

   Olha só o que eu encontrei ao arrumar meu aquivo cheio de disquetes de tempos atrás (olha só, em pleno século XXI, com tecnologias de ponta... eu as voltas com disquetes...); pois é, isso mesmo, arranjei um tempo e passei todos os arquivos em disquetes para outro tipo de back up mais seguro.


   Encontrei este texto lindo da Madre Teresa de Calcutá sobre a vida. Leia, reflita, inspire-se, saboreie, ...


" VIDA 

A Vida é uma oportunidade, agarre-a;

A Vida é uma beleza, admire-a;

A Vida é uma ventura, saboreie-a;

A Vida é um sonho, faça dele realidade;

A Vida é um desafio, enfrente-o;

A Vida é um dever, cumpra-o;

A Vida é um jogo, jogue-o;

A Vida é preciosa, cuide bem dela;

A Vida é uma riqueza, conserve-a;

A Vida é um amor, goze-o;

A Vida é um mistério, penetre-o;

A Vida é uma promessa, cumpre-a;

A Vida é uma tristeza, supere-a;

A Vida é um hino, cante-o;

A Vida é um combate, aceita-o;

A Vida é uma tragédia, enfrente-a;

A Vida é uma aventura, ouça-a;

A Vida é felicidade, mereça-a;

A Vida é a Vida, defenda-a." 

Madre Tereza de Calcutá

                           

sábado, 9 de junho de 2012

MULHER... PROTAGONISMO

   Emendei ao sair do blog ontem, mesmo sendo tão tarde (ou tão cedo!!!), não conseguindo arredar pé do sofá ao assistir a fita Ela Quer Tudo, do Diretor Spike Lee, filme americano de 1986, no Telecine Cult. Nem conseguia me mexer pela expectativa que o decorrer das cenas ia me trazendo.

   A leveza inicial com que a câmera vai focando cada personagem, e a partir daí,  um a um, se apresentando e dando os referenciais e explicações do que se trataria ali. A história têm quatro personagens chave: Nola e seus três pretendentes (Jamie, Chaan (que é o próprio Spike Lee) e ...(não consigo me lembrar???). Todos negros.

   Inicialmente me chamou a atenção uma narrativa que privilegiava a mulher no papel principal, sendo o filme dos anos 80, quando o feminismo ainda tinha muito a lutar pelo espaço da mulher. Ver tal abordagem me seduziu. Vamos lá!

   Encantei-me em seguida e durante todo o filme, com os focos que o diretor faz questão de trabalhar: ora a personagem; ora o cenário, numa perspectiva diferenciada da usual - mais aproximada, diminuindo a importância paisagística e cada vez ampliando a proximidade do espectador com os personagens. A trilha sonora caminha em sintonia com as cenas... Uma experiência gostosa de se passar... Imagina-se estar atrás das câmeras e rodando as cenas.

   Lembrei-me de um artigo da Revista Literatura (agora não me lembro qual número???), onde o autor coloca a importância de quando se vê um filme, o estar atento a todos os detalhes (foco, objetivo do diretor, música de fundo, etc) e não somente à história em si. Neste filme dá para exercitar o nosso lado diretor de cinema.

   Nola é uma mulher jovem ( uns 20 a 25 anos??), mora sozinha, independente, continua a viver no Brooklyn (Nova York) por opção, têm um forte caráter e uma maneira afirmativa de lidar com os problemas da vida, respondendo com a sua verdade. Muito bonito o seu perfil: autêntica, firme, doce. Parece desejar que a vida flua e não tem interesse em definir um único homem para fazer parte de sua vida. 

   O diretor aproveita para fazer cenas belíssimas do ato amoroso, é uma verdadeira obra de arte cinematográfica (parece que se está vendo uma tela, uma pintura), Bem... O cinema é a sétima arte!

   Nola vai levando as três relações, até que um deles se rebela e exige que tome uma posição, não aceitando mais dividi-la com ninguém (em contrapartida, ele pode fazer o contrário, como nos mostra a cena de Jamie com a dançarina).

   Quando ela se decide, Jamie não acredita mais na relação e rompe. O filme finaliza com Nola afirmando que não imagina a vida com apenas um homem. 

   A mulher, aqui, é dona de seu próprio corpo (como o homem sempre o foi - dono de seu próprio corpo) e decide destinar seu desejo à sua escolha, não pela imposição que a sociedade lhe cobra.

   Uma bela experiência sobre o protagonismo da mulher. O diretor em momento algum a vulgariza, ela é sujeito, uma pessoa livre de preconceitos... Muito lindo o filme... Muitas mulheres precisam ver isso e refletir sobre "O que quer uma mulher?", a tão famosa frase de Lacan.  

sexta-feira, 8 de junho de 2012

NOVOS OLHARES

   Voltei mais inspirada, com novidades para contar de dois filmes que revi ontem, ambos de 2004 e que me trouxeram novos olhares. É realmente estranho que a cada vez que se revê um filme é possível extrair mais e novas matérias primas para a reflexão sobre a vida. Foi isso que aconteceu. Percebi novas releituras que antes não tinha atinado. Como a cada dia a maturidade vai acrescentando novos significados, né!

   O Diário de uma paixão transcorre em um hospital, onde um homem passa a contar para aquela senhora que sofre de uma doença degenerativa (provavelmente Alzheimer???) uma história de amor de dois jovens adolescentes. Enquanto isso é contado, as cenas rememoram aqueles bons tempos, revivendo outra vez os significativos detalhes envoltos em paixão, desejo, amor, dinheiro, poder, classe social...

   O filme é bastante significativo. A cena que me chamou a atenção foi quando os dois jovens, navegando num barco, num lago caudaloso (rio ou riacho???), numa conversa animada, assustam-se com a chuva que começa a cair. Aquele momento é único. Eles se deleitam ao sabor daquela aventura, curtem a friagem e o prazer daquela chuva... que em mais nenhum outro momento viverão. Falei para mim mesma que o aqui e o agora é mesmo essencial. Viver a intensidade de momentos tão breves como aquele é algo de indizível.

   No hospital, apenas duas figuras, já calejadas pelas diversas vivências e agora tendo que assomar a isso, as doenças que vão se instalando. A mais dolorosa delas, onde aquela senhora não se lembra do amado, dos filhos, dos netos e quando o consegue, são relances que duram segundos. Tais situações fazem renovar naquele homem a esperança de ter sua amada de volta. Será que a história de amor pode contribuir para reacender neurônios do cérebro??? Sempre a esperança a permear os sonhos, os desejos, as tentativas... a lição... viver intensamente cada momento... 

   O filme pode ser triste, mas mostra uma realidade possível e através dele  reflexões se tornam presentes e automaticamente, necessárias. Gostei muito de ter revisto e visto com um novo olhar! 

   Quanto ao segundo já revisitei diversas vezes (umas cinco vezes, acho???) e não me canso. Talvez  por mostrar uma história através de uma escola de dança... e como eu amo a dança... O filme Dança Comigo? é muito gostoso, leve, faz a gente esboçar risos... principalmente ao se deparar com todo o estrondar do ator Richard Gere, genial e lindo em sua cabeleira grisalha, representando um convencional advogado em sua vida rotineira; da atriz Susan Sarandon, magnífica na performance de mulher casada e empresária; da Jennifer Lopez que apesar dos trajes em excesso ao tipo de filme, consegue passar o sentimento e a emoção no dançar.

   O filme faz a gente sorrir... com algumas das trapalhadas existentes. Mas faz analisar a relação casamento com muita propriedade. O marido busca, através da dança, levar mais alegria à sua vida. A esposa quando descobre (colocou um detetive) e tudo vem a tona, reflete a importância do outro, do companheiro em um casamento, dizendo que precisamos de uma testemunha em nossas vidas para sabermos que está valendo a pena. Achei interessante tal descrição.

   Quando os dois, finalmente, cara a cara, têm que fazer o enfrentamento do "porquê", o marido coloca que estava infeliz com a vida que levava, mas que era algo seu, de sua própria índole, que não sabia precisar o porquê. E que mesmo amando a esposa e desejando que seu casamento nada sofresse por suas crises, sentia o desejo de algo mais, decidindo por nada contar. Aqui está toda a verdade da relação: o outro precisa ser livre... correr atrás de seus sonhos... sem que isso transgrida a relação casamento... que no filme, mostra um homem íntegro e maduro.

   O final é atabalhoado, engraçado, gostoso e os dois amantes aprendem a viver a aventura da dança no seu ambiente familiar, aguçando desejos e prazeres, dispersando a tão insossa rotina. Há! eu fiquei com inveja...   

domingo, 3 de junho de 2012

DESAFIO DE VIVER!

   Tenho de reconhecer que o tempo em qualquer situação aparenta curto. Como agora, depois de aposentada. O que falei nas primeiras postagens se esvaiu, como palavras jogadas ao vento, quando disse que tinha todo o tempo do mundo... Vã ilusão. Foi-se, na correnteza da vida, com outros fazeres.

  Temos de levar em consideração, o envelhecimento faz que fiquemos lentos (as)... e o que fazíamos em determinado período de tempo... com a idade parece muda. O que traz até angústia, pois queremos envelhecer e continuar com a mesma energia de dantes... Como somos ingênuos (as)... Ou quem sabe é a questão da onipotência que continua a perscrutar nossa índole?

   Vai saber. Importa mesmo é estar sempre avaliando a qualidade do tempo gasto, evitando assim frustrações que povoam nuvens acima de nossas cabeças.

  Bom, mas consegui um tempo extra e revi o filme de 2009 - Preciosa Uma História de Esperança. É um filme muito, muito triste, que mostra as faces de relações familiares desagregadoras. Conta a história de Preciosa, que contraditoriamente, não é tratada de forma digna como pessoa, mulher, mãe, negra, obesa, portadora do vírus HIV-AIDS.

   Como uma menina, isto mesmo, uma menina de 16 anos consegue se preservar aos maus tratos frequentes de abusos pelo pai e mãe, além de todos os outros preconceitos existentes relacionados acima? 

   Só  pode existir uma força sobre-humana capaz de dar fôlego a essa mulher que desconhece o que é o respeito, o amor, a solidariedade, a compaixão... Até o momento em que passa a fazer parte de uma comunidade escolar onde poderá se descobrir integralmente como sujeito de sua história.

   A partir daí, Preciosa vai tomando ciência dos valores que desconhecia em seu meio familiar (e que sobreviveu, talvez, graças aos seus lances de fantasiamento da realidade circundante) e devagar, vai galgando os espaços que lhe foram negados. 

   Fala-se muito na capacidade de resiliência de uma pessoa, que é a capacidade que uma pessoa tem de, apesar de todos os dificultadores existentes, ter forças para ir além e não se entregar. Ela, com toda a problemática que envolve sua vida, nos dá essa lição. A da esperança e busca por uma vida de direitos. 

   O filme é sofrido, transmite muita dor, e a gente pensa que o sofrimento não tem fim. Infelizmente, mostra muito da realidade de casos de estupros, violência doméstica, maus tratos e preconceitos. Mas o nome Preciosa foi digno da história, uma pedra que vai se lapidando no decorrer da linha da vida. Tristíssimo, mas recompensador pela luta desafiadora do ato de viver.