Nos elementos traz:
- ausência do eu (as coisas existem sem o nosso olhar e assim devem ser);
- a solidão (estarmos em nós mesmos, independente de estar só ou não);
- a grata aceitação (aceitar o que nos vem de forma grata);
- a concisão ( nada que não seja necessário merece ser dito);
- a iluminação (está ligado a ideias de iluminação súbita);
- o contraditório (flagrar o que há de contraditório);
- a realidade (olhar voltado para a realidade externa);
- o humor;
- a liberdade;
- o amor;
- a coragem (não ser lógico);
- a materialidade (trata do concreto e não do abstrato);
- a simplicidade;
- ausência de moralidade.
Assim, vai criando poesia em simples 17 sílabas (os famosos tancas), mas
impregnados de poesia sobre a natureza e sua relação com o homem.
O Haikai tem a singeleza de um gesto, mas sem sentimentalismo exagerado.
Têm apenas três estrofes: a primeira com 5 sílabas, a segunda com 7 sílabas e a
terceira com 5 sílabas (é possível a flexibilidade, nada ao extremo). A primeira
estrofe traz a situação; a segunda transmite o elemento ativo e a terceira, a
percepção (síntese). Normalmente não tem título e nas três estrofes sintetiza
toda a magia da realidade humana através do poético.
O professor citou os maiores poetas do Haikai: Bashô, Issa, etc; alguns
brasileiros, incluindo Paulo Leminski como um dos mais expressivos.
Estou repassando o olhar de leiga, do que assimilei dos dados do
professor durante encontro de nove horas. Dá para vislumbrar a beleza poética
desse canto oriental.
O professor nos propôs o exercício de elaborar Haikais. Eis alguns, apenas
começo atrevido, mas conselho de professor: Atreva-se.
muro pintado
pelas sombras da noite
concreto ato
inquieta olha
a noite estrelada
embaralhada
na rua deserta
a espera de ônibus
olhar desperta
chama atenção
de seu enamorado
em cena ação
trânsito caótico
liberação d’ olhar
em outra ótica
caos urbano
balanço que vai e vem
ao mo(vi)mento
beleza à mesa
na mescla de flor de seda
alegra a casa
em companhia zen
pode qualquer gema
sentir a clara e ar
este corpo te afeta
até quando o espinho
te espeta?
pano de chita
artesania em construção
ode poeta canta
bailar de vento
faz minha memória
ser catavento
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