sábado, 21 de setembro de 2019

O QUE VOU SER QUANDO CRESCER?


17/09/2019
             Julinda foi uma menininha alegre. Quando bebê chorava somente quando doía a barriga, chorava de fome. Gostava de sorrir, de rir, de gargalhar. Espevitada, arisca, cabelinho crespo com caracóis castanho-amendoados, e gostava dele assim, todo assanhado. Pele parda de herança africana, indígena e portuguesa.
      Ela vivia derrubando coisas, com mãos desajeitadas. Quebrava copos, quebrava pratos. Brincava de desenhar e também pintar. Pintava o sete, com tinta fazia farra e festa, manchando o chão, riscos de canetinha colorida pela roupa, e a mãe dizia: “cuidado, Juju, cuidado!”.
        A menina aprendeu a ler de pequenina. Das histórias que lia, logo em seguida, saía desenhando. Os desenhos saiam do papel querendo brincar. Juju, com o jeito avoado, tropeçava no vidro de tinta que tombava sobre os desenhos. Os bonecos ficavam metade azul, metade verde. O soldadinho deixava de se camuflar de verde e se manchava de branco, a paz estendida pelo chão. As mãozinhas manchadas de vermelho, amarelo, lilás. Depois, recortava os desenhos para servir de modelo. Formava bonequinhas e bonequinhos com as meias rasgadas do pai. E com tesourinha, cortava retalhos de tecido para costurar as roupinhas.
       Julinda crescia, crescia, como todas as crianças. Agora quando lia histórias, viajava nas histórias que lia. Conhecia cidades e pessoas que lá viviam. E junto com as criancinhas brincavam de cantar, brincavam de tocar violão. E sorridente, Juju ria, ria, gargalhava.
       Como estava crescendo, Julinda começou a se perguntar: “O que vou ser quando crescer?”. Pensava, pensava. Gostava de desenhar. Gostava de pintar. Gostava de ler, cantar, de tocar violão. Não tinha respostas prontas: Vou ser desenhista! Vou ser pintora! Vou ser costureira! Vou ser cantora! Vou ser violonista! Tantas profissões existiam que Julinda estava confusa.
        E nessa confusão foi vivendo. Enquanto andava perdida, resolveu viajar, na esperança de em algum lugar se encontrar. Mesmo que agora conhecesse a angústia, a tristeza, não deixava de sorrir, de rir, de gargalhar. Afinal, bons momentos a gente que faz.
       Na África se encantou com a cor da pele, com os sorrisos inocentes das crianças. Viu elefante, viu girafa, rinoceronte, leão. Na Índia aprendeu a paciência de respeitar e aceitar os caminhos. Viu a cobra dançar ao som da flauta. Viu ratos no templo. Viu a vaca leiteira dentro da cozinha. E dessas andanças registrou em fotografia, as belezas que o olhar via.
       “Como é difícil escolher a profissão” dizia para si mesma. Ela enfronhou por diversos caminhos. Continuava os largos risos. As pessoas que conhecia diziam: “você faz a gente mais feliz com suas risadas depois de um dia de trabalho pesado”. “É muito bom ouvir seu riso”. “Nunca vou me esquecer que a sua risada fez a minha dor desaparecer por algum tempo”. A vida pode parecer difícil, mas com sorriso nos lábios se torna mais leve.

       Qual será o próximo capítulo?

sábado, 7 de setembro de 2019

terça-feira, 3 de setembro de 2019

TRADUÇÃO NONSENSE

TRADUÇÃO NONSENSE
27/08/2019
         No trópico Lisarbriente havia um rei, o Sapo Leste, um rei todo bebê que todos os dias e durante todo o dia não tinha trabalho para fazer e todos os dias e durante todo o dia, por achar que não tinha trabalho gastava o dia livre nas lives. Ele não tinha trabalho para fazer porque não ouvia ninguém e nas quintas-feiras e os dias todos ele dizia ouve houve ouvi por ouvir que mesmo eu nada fazendo tenho fãs, é triste, é triste, eu em almofada macia ouvindo as estrelas e o mar e não entendendo nada. Via duas estrelas quatro estrelas mais duas e nada. Ele dizia que parava almofadas no ar e ouvia stars e não importava o que elas dissessem sobre história, e não importava o que dissessem sobre a História e não importava qual história, ele nunca se importava com o que é uma grande mudança e não se importava em nunca se importar mesmo, pois a nação ouvia o que ele dizia e até ria. Apesar de que muitas estrelas ainda tivessem horas para completar o nome tempestade e demorasse para ser concluído, sabia-se que a sua história tinha falha, estava por fora de história e nem assim o povo se cansava de ouvir o que ele nunca se cansava de dizer todos os dias e durante todo o dia. É triste que eles não ouvissem e nem quisessem ouvir, por isso mesmo ele armazenava o que queria n’A história que ele contava, muitas vezes sentado em almofada, e armazenava robôs, certo de que nada importava, importava o seu palácio e a sua família. Contava histórias em vários bate-papos abertos sobre ele, em casa, histórias que eram as escadas para o mundo. Nunca se cansava e agora ainda armazenava cocô.