domingo, 29 de janeiro de 2017

EXPECTATIVAS AO ENTARDECER


   Janeiro findando com as expectativas pululando a cabeça. Ainda é tempo de férias e ao mesmo tempo obrigações ameaçam à porta. Felizmente, claro. Os projetos de vida reiniciam e com eles as metas a cumprir. Sinal de estar sintonizado na busca de objetivos, possibilidades e construções e avalia aqui, avalia ali, novas propostas beirando os desejos se incorporam às metas. Que assim seja. Aliás, a área emocional estando presente o foco afirmativo tamborila no coração. Votos de que os bons (sentimentos, emoções) sobressaiam aos que lutamos em despachar para o quinto... (uma piadinha amenizando).

   O mês de Janeiro foi fértil em ótimas leituras. Li o livro do famoso professor de escrita criativa, Assis Brasil, O inverno e depois, LPM, 2016. Adorei a história e ampliou o meu conhecimento na área da música e seus instrumentos, descobri sobre Dvorák, compositor checo da era romântica, e a construção do personagem a partir da necessidade de tocar o concerto e entremeando o desejo todas as questões de sua vida indo e voltando em trajetórias no tempo. Como disse o escritor, a partir do personagem, a gente nunca gosta da forma como o escritor escolheu o final de um livro. É verdade, a gente gostaria que não tivesse fim a história...

   Também li Onisciente contemporâneo, Bestiário, 2016, contos organizados pelo professor Assis Brasil, dos alunos escritores que participaram da Oficina de Criação Literária da PUCRS, 2015, com histórias bem interessantes e o reconhecimento de nova safra de bons escritores pelo caminho. Muito bom!

   Depois foi George Sanders, Dez de dezembro, Companhia das Letras, 2014, contos muito interessantes e bem focalizados na realidade do nosso tempo. Gostei muito do escritor americano, linguagem coloquial e ao mesmo tempo atento às questões que afligem o humano em sua simplicidade. Interessante como apesar de trazer a tona questões fortes, não enquadra sentimentos depressores no processo.

  O Janeiro prometendo energia para aventuras ainda maiores para os próximos meses!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

ENCONTRO E INDIVIDUALIDADE


   Semana respirando ares saudáveis, não devido ao clima, não, mas ao desejo que se aliou em 2017. Busca de sentimentos enaltecedores dos aspectos positivos. Autoajuda? Que nada.

   Um desejo que espera angariar parceiros, trazendo assim, bons ventos e propostas afirmativas. Crendo que nem sempre se pode estar livre das intempéries, mas na força resiliente que todos temos, ser parceiros e de mãos dadas, solução encontrar.

   O que é o convívio. Estando juntos cada um soma suas forças. A exposição transparente se achega devagarinho e a ressonância de identidades vai se projetando, se afirmando, e, o que era uma forma de pensar de um, na soma de dois, é repensada, atraindo não as certezas, mas as dúvidas, que são de todos. 

   O interessante é que o discurso duo toma nova modalidade e na amplitude de leques galga os terrenos mais arenosos do nosso ser, perfazendo novas releituras, e, quem sabe, novas tentativas de saberes.

   O que é o convívio. O que é a amizade. O desfrutar da convivência criando elos que se aprofundam a partir de ouvidos atentos a escuta. Apenas a presença incondicional do outro e suas experiências individuais. Por aí vai rolando a confidência e quando se dá conta, uma amizade sincera se festeja.

   Assim os primeiros dias do ano foram levados, no sacolejar até a praia em boa companhia e risadas e cantorias e histórias enriquecendo a rotina diária. Nada como férias e encontros.

   Mudando o foco, quando o assunto é sobre si mesmo, a rede social dá uma ajudinha no compartilhamento de ideias inspiradoras, como é o vídeo do You Tube da artista cantora Flaira Ferros,  com a música Me curar de mim, 2014, disponível na rede. Cada palavra expressando, com total transparência, o nosso lado humano, e assim, atentar para o aperfeiçoamento a partir de cada escuta e discurso cantante da autora. A música é deveras delicada no sentido de antever o que de nós pode atravancar a existência e com tal reflexão, buscar o resgate fundo do verdadeiro significado de SER, eis:


" Me curar de mim
Sou a maldade em crise
Tendo que reconhecer
As fraquezas de um lado
Que nem todo mundo vê

Fiz em mim uma faxina e
Encontrei no meu umbigo
O meu próprio inimigo
Que adoece na rotina

Eu quero me curar de mim – REFRÃO
Quero me curar de mim
Quero me curar de mim

O ser humano é esquisito
Armadilha de si mesmo
Fala de amor bonito
E aponta o erro alheio

Vim ao mundo em um só corpo
Esse de um metro e sessenta
Devo a ele estar atenta
Não posso mudar o outro

Eu quero me curar de mim – REFRÃO
Quero me curar de mim
Quero me curar de mim 

Vou pequena e pianinho
Fazer minhas orações
Eu me rendo da vaidade
Que destrói as relações

Pra me encher do que importa
Preciso me esvaziar
Minhas feras encarar
Me reconhecer hipócrita

Sou má, sou mentirosa
Vaidosa e invejosa
Sou mesquinha, grão de areia
Boba e preconceituosa

Sou carente, amostrada
Dou sorrisos, sou corrupta
Malandra, fofoqueira
Moralista, interesseira

E dói, dói, dói me expor assim
dói, dói, dói, despir-se assim.

Mas se eu não tiver coragem
Pra enfrentar os meus defeitos
De que forma, de que jeito,
Eu vou me curar de mim?

Se é que essa cura há de existir
Não sei. Só sei que a busco em mim
Só sei que a busco.

Flaira Ferros"

  Em cada canto, o jeito de dar uma espiada e, buscar o questionamento na proposta de crescimento pessoal e amadurecimento como pessoa. Bons mergulhos!   

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

ESCRITA E ORALIDADE SOANDO POESIA


   Que maravilha o despertar de 2017, novas esperanças e esperas para o ano. As irmãs gêmeas permeiam o ambiente que sempre procuramos no início de novas etapas. Mesmo sendo dias em continuidade, o transporte pra novo ano traz o simbólico desejo de reconstrução, empenho, energia vital, auspiciosos desejos e com tais companhias o ano se transformando de crise em criação ditada por ninguém menos que o(a) interessado (a): VOCÊ!

   Vamos ao cotidiano. Hoje depois do trabalho a lombeira tomou conta de mim tamanho o calor em Floripa, que que isso! Deitei e comecei a ler. De repente, sem mais nem menos ouço:


"Tu tá caindo na mentira, tá mentindo a mentira que menti pra ti."

   Olha só que frase mais complicada de se entender. Na verdade, dois garotos passavam debaixo de minha janela e o maiorzinho falando para o outro. Não vi o tamanho dos dois, apenas deduzi pelas vozes. E a frase me intrigando.

   É normal por aqui (sul do Brasil) as pessoas usarem o tu, ti em abundância. Mas a junção na frase com tanto fonema com T fez que a frase virasse cambalhota na imaginação. Não ouvi o entremeio da conversa, nem o pra frente, nem pra trás, nem mesmo fiquei curiosa com o que originou a tal mentira. O sonido poético das aliterações dando ritmo e efeito sonoro ao simples tagarelar infantil é que trouxe ao cérebro diversas imagens. Muito legal mesmo.

   De simples cansaço, o ouvido atento aos rumos diferenciados do roteiro de veraneio e, no calor das emoções, a tradução de um linguajar característico, divertiu com humor o fim de tarde.

   São tantas as possibilidades que a frase traz. Cada um que lê levará a um simbólico diferente. A oralidade tem disso, desperta o ouvido a milhares de poesia. A escrita idem, como se vê descrita na foto para nossa tradução.