terça-feira, 10 de janeiro de 2017

ESCRITA E ORALIDADE SOANDO POESIA


   Que maravilha o despertar de 2017, novas esperanças e esperas para o ano. As irmãs gêmeas permeiam o ambiente que sempre procuramos no início de novas etapas. Mesmo sendo dias em continuidade, o transporte pra novo ano traz o simbólico desejo de reconstrução, empenho, energia vital, auspiciosos desejos e com tais companhias o ano se transformando de crise em criação ditada por ninguém menos que o(a) interessado (a): VOCÊ!

   Vamos ao cotidiano. Hoje depois do trabalho a lombeira tomou conta de mim tamanho o calor em Floripa, que que isso! Deitei e comecei a ler. De repente, sem mais nem menos ouço:


"Tu tá caindo na mentira, tá mentindo a mentira que menti pra ti."

   Olha só que frase mais complicada de se entender. Na verdade, dois garotos passavam debaixo de minha janela e o maiorzinho falando para o outro. Não vi o tamanho dos dois, apenas deduzi pelas vozes. E a frase me intrigando.

   É normal por aqui (sul do Brasil) as pessoas usarem o tu, ti em abundância. Mas a junção na frase com tanto fonema com T fez que a frase virasse cambalhota na imaginação. Não ouvi o entremeio da conversa, nem o pra frente, nem pra trás, nem mesmo fiquei curiosa com o que originou a tal mentira. O sonido poético das aliterações dando ritmo e efeito sonoro ao simples tagarelar infantil é que trouxe ao cérebro diversas imagens. Muito legal mesmo.

   De simples cansaço, o ouvido atento aos rumos diferenciados do roteiro de veraneio e, no calor das emoções, a tradução de um linguajar característico, divertiu com humor o fim de tarde.

   São tantas as possibilidades que a frase traz. Cada um que lê levará a um simbólico diferente. A oralidade tem disso, desperta o ouvido a milhares de poesia. A escrita idem, como se vê descrita na foto para nossa tradução.

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