domingo, 29 de outubro de 2017

DE ONDE VIM

DE ONDE VIM
04/09/2017

      A menina recebeu o livrinho. Tinha cinco anos quando mãe leu livro explicando origem da vida. Desenhado e escrito de forma pedagógica para entendimento dos pequenos, feito por aqueles que se dizem especialistas de desenvolvimento.

     Minutos entretida com cores, desenhos de criança, de mãe, de pai e muita letra que não discernia significado. Como qualquer criança, em pouco tempo estímulos caminhados a outras atividades e, esquece livro.

     Dias depois durante festa em família, todos contando peripécias de seus pequenos e sempre inteligentes moleques, cada qual soltava última que fazia rir grandes e embobados papais e mamães.

     — Que gracinha! Ele é muito inteligente!

     — É uma fofura.

     — É muito engraçadinha!

     — Como arranjam cabeça para tantas perguntas?

     — Pois é.

     — Puxou papai aqui, claro.

     — Hum!

     Crianças brincavam soltas no emaranhado de primos, primas, tios, tias, pais e mães corujas e outros que preferiam cervejas geladíssimas, mesmo em festa de criança não falta.

     A mãe conta que lera o livrinho "De onde vem as crianças?" A filhinha ao lado, espiando e escutando, levantando cabecinha curiosa, observando lábios da mãe remexerem.

     A menininha atinou. Falavam dela. Olhares voltados a seu redor, ela no auge:

     — Eh, pai, você e a mamãe, junto na banheira.

     — Que isso menina, doideira essa?

     — Eu vi no livro, quando vocês me fizeram, você e mamãe na banheira, hein!

domingo, 15 de outubro de 2017

NOITE DE SONO PROFUNDO

NOITE DE SONO PROFUNDO
16/08/2017
       Deitada. Buscando meditar para que cérebro interrompesse pensamentos desenfreados e desobedientes, que atrevendo vencer, não cessavam de entreabrir imagens à frente. Tudo queriam, de pequenas intromissões a exigências intermináveis.
       Partiu para ataque. Forçou respiração. Buscando resgatar ar possível. Prestando atenção a cada movimento. Da inspiração pausada, parada de 10 segundos estratégicos. Em seguida expiração, pausada mais 10 segundos antes de novamente inspirar. Precisava de cinco minutos efetivos de tal processo para alcançar benesses do exercício aumentar massa do córtex pré-frontal e sentir energia fortalecida.
       Quando no processo respiratório e já caminhando para relaxamento, sentiu corpo estremecer tão levemente como uma sonolência se aproximando.
       Saiu do corpo. Em vulto rápido, urgente. Negra, rica vestimenta branca envolta de anáguas, se assemelhando às roupas das baianas de Salvador. Dançando à volta do corpo inerte, ao ritmo de tambores, dizendo:Umhum, Umhum, misinfi, misinfi, que suncê quê di mim, fala, oh misinfi?”.
       A dançarina bailava com braços e mãos para cima e para baixo, em ondas, para os lados, para frente, ao ritmo do Candomblé, pés na batida harmônica. Após isso, impacto do corpo ao receber de volta a energia, emitindo profundo respiro.
       Nova onda vem envolver. Que se passa? Emanto laranja, à Lobsang Rampa, monge tibetano em oração silenciosa se eleva sentado na posição de lótus.
      Acordei e senti sopro vital. A coriza da noite e que exigiu uso de xarope, desaparecida. Sono reparador.

sábado, 14 de outubro de 2017

ESCOLHA ALIMENTO ORGÂNICO

   

   Passei a semana On Line literalmente. Fiz um curso via Web. Eh, a velha aqui não quer esquentar no bem bom de não fazer nada e vive a procura de preencher o tempo de forma saudável. Afinal, o tempo corre a todo vapor e, se não aproveitamos, passam-se 365 dias do ano sem objetivos concretos e interessantes.

   O Curso Internacional de Agroecologia via Web (http://www.agroecoweb.com.br) aconteceu durante uma semana, bem puxado, com palestras, cursos, dicas, experiências, tudo, tudo que se pode obter, não somente por curiosidade, mas obtenção de conhecimentos básicos para cultivar sistema agro-eco-orgânico-ambiental-humano ... Uma visão do sistema holístico da natureza do qual fazemos parte, como um dos seres vivos.

   Muito legal saber que o interesse por comida orgânica cresce em nosso meio ocidental. Que a valorização das florestas integradas ao ambiente bio diversificado é fundamental para se evitar a erosão, recuperar áreas degradadas, ampliar capacidade de resiliência do ambiente às pragas, ao desenvolvimento das plantações, etc etc etc, são tantos itens.

   Muito importante evitar o uso de pesticidas e agrotóxicos no uso das culturas, principalmente nas grandes monoculturas. Estas, preocupadas com o lucro advindo da alimentação, e não em levar saúde aos que dela necessitam. Temos que tomar muito cuidado com as mãos que não são santas... e que destroem o espaço e o solo com agrotóxicos e sementes geneticamente modificadas.

   Maravilhei-me com a dimensão de possibilidades nos casos práticos de recuperação de florestas degradadas, onde o solo, as árvores, as nascentes, os riachos, rios, lagos, passaram do estado lastimável e mesmo desaparecido para floresta densa, de muito verde, com retorno de nascentes... etc etc etc não tenho palavras para descrever o quanto é magnífico o trabalho das pessoas envolvidas.

   Valorizo muito quem trabalha a terra, disponibiliza a comida para a área urbana àqueles que dela precisam para viver. Ainda mais agora, pessoas que trabalham o campo, dos pequenos aos médios agricultores, estão de parabéns no envolvimento de desafio tão imenso, que é o retorno de práticas salutares ancestrais(indígenas, ...) que foram sendo renegadas pela industrialização massiva e irresponsável dos que optaram pela cobiça do alimento visando lucro.

   Com conhecimento se pode questionar, refletir, escolher o que comer e exigir o melhor! E com isso, cada cantinho de terra, mesmo no espaço urbano, se pode dar contribuição e ter os próprios condimentos e verduras orgânicas para consumo próprio. É possível!

   E as plantas comestíveis, então, quanta novidade...     

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

O BALANÇAR DA GANGORRA

O BALANÇAR DA GANGORRA
15/08/2017

    “Ande devagar, se você quiser chegar mais cedo para um trabalho bem feito”. Foi beliscando a frase do Imperador Júlio César, lida no suplemento do jornal, enquanto passeava pela vizinhança.

    No meio do quarteirão, observou que o lote vago de estilo excêntrico — sem nenhuma construção, mas bem cuidado, com gramíneas cobrindo todo espaço e ao entorno da frondosa árvore de onde descia gangorra em corda e assento em madeira, um arrendondado em brita fina — recebera visita.

    Estranhou, pleno agosto, visse e ouvisse algo oriundo do lugar. É tempo de boas novas, pensou. Gostosa risada se punha ora ao alto, ora abaixo com o desenvolver do balanço. A mocinha completava, Mais alto, pai, mais alto. O pai obediente e o corpinho ascendendo e baixando.

    O som do riso e o matraquear entre pai e filha fez que desanuviasse pensamentos.

    Aposentado, com dificuldade de libertar-se ao doce sabor do ócio, não se tranquilizava com a brandura e flexibilidade do novo tempo. Acostumado, ainda, à agitação, à ansiedade, às cobranças que a vida produtiva lhe exigiu.

    Iniciava o anoitecer, quando se recordou da cena da manhã entre pai e filha. Caminhou até o lote. Ia se aproximando e o som audível. À gangorra, o esqueleto de ralos cabelos esvoaçantes ia ao alto e abaixo em forte gargalhada.

domingo, 1 de outubro de 2017

IMAGINAÇÃO NA VELHICE!


   Último dia de setembro. Eu digo, quando chega outubro... Todos já conhecem este lema de outras postagens. Mas até que finde o ano, vamos lá, viver o trimestre.

   Recordam quando eu disse que estava devagar com postagens por estar com novo projeto. Pois pensei que os seis meses seriam suficientes para executá-lo, mas não, apenas foi arrancada, início. Dependerá de mim aprofundar ou não, eis outro projeto a ser desenvolvido.

   Estudei inglês on line, via Curso Mairo Vergara (www.mairovergara.com), que descobri na rede. E resolvi testar. Afinal, quantas e quantas vezes estudei por anos e anos esse tal idioma e nada de largar o português na entonação. Tinha desistido de continuar tentando quando...

   Viajei para a África do Sul. A limitação na expressão das frases com a lembrança apenas de palavras necessárias à sobrevivência em país que adota o inglês, me fez ver que eu deveria, ao contrário, aprofundar conhecimentos.

   Literalmente, hibernei por seis meses, seguindo à risca, as orientações do professor, que considerei muito reais, pois na idade que tenho, posso atestar, todas as dicas são coerentes com minha vivência em relação à língua.

   Agora sim, mais liberada para outras atividades. Com a obrigação, apenas, de estudar, pelo menos uma hora todos os dias enquanto viver. Olha só que magnífico! Eu, depois dos sessenta, com meta a executar. Aliás, exigir do raciocínio faz bem, além de corroborar na extensão do vocabulário que expande não somente no inglês, se reflete também na aquisição de palavras em português. É o que está acontecendo.

   Adulto tem muita dificuldade de fazer um idioma, pois exige uma andragogia diferenciada.  O Mairo Vergara achou isso com o método. Posso afirmar. É que a gente, o adulto, gosta de saber o significado das palavras para conseguir caminhar. Nos métodos tradicionais isso é considerado ruim. Não se pode falar português e nem ter tradução. Mas no curso, a etapa em que isso é feito, considero ser o pulo do gato desse professor atrevido e empreendedor.

   Agora não mais nessa etapa, fico no "listening" sem a necessidade de tradução, uma vez que incorporei vocabulário suficiente para o treinamento do ouvido. 

      Estando liberada, tantas as novidades com leituras em agosto e setembro. Consegui encerrar: Acre de Lucrécia Zappi; a HQ, O Bulevar dos Sonhos Partidos, Kim Deitch; O crime de Sylvestre Bonnard, Anatole France; O Sobrinho de Wittgenstein, Thomas Bernhard; Respiração Artificial, Ricardo Piglia; Autobiografia de um Ex-Negro, James Wedon Johnson.

   Em andamento, Ivanhoé, Walter Scott; Viva o Povo Brasileiro, João Ubaldo Ribeiro; 1808, Laurentino Gomes; A Capital, Eça de Queirós; Ilusões Perdidas, Balzac; Vinte e Quatro Horas na Vida de Uma Mulher, Stefan Zweig; Contos Gauchescos, João Simões Lopes Neto.

   Fiquei louca, né! Pois é,  depois de enfronhar por seis meses exclusivamente no inglês, veio a ansiedade e, tirei o atraso. E que rica experiência. Lendo a era vitoriana, com Walter Scott - dica que o Anatole France deu através do personagem - disse não existir ninguém para contar melhor uma história, agregando fatos históricos. A era moderna, com Anatole, Bernhard, Wedon Johnson. Os contemporâneos... A visão literária clara em mente quanto às escolas e a escolha do narrador por cada um. Muito interessante para um "up grade" na escrita.

   Idade não é limite para sonhos. Enquanto viver projetos fazem parte da dinâmica. A próxima etapa - Intercâmbio, quem sabe. Não sei quando e nem se, mas é projeto. Isso me impulsiona imaginar!