quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

CAMINHAR COMO NOS VELHOS TEMPOS

  "Mesmo extremamente saudável e em forma, você não tem a mesma energia dos 45, nem a que tinha aos 25. Não vamos nem falar aos 65." Frase do texto que li de uma mulher que estava grávida aos 65 de quadrigêmeos.


Então me conta como essa mulher danada tinha energia pra botar no mundo quadrigêmeos porque eu não sei, e olha que beiro os sessenta. A cada dia que passa sinto estreitar as façanhas que consigo realizar na cozinha, na arrumação da casa e nos fazeres fora de casa, pois coisa chata é ficar só nas tarefas domésticas - não, eu não aguento só isso na vida.


Mas acontece que agora, quando pego numa atividade caseira e chego ao fim, já estou exausta. Tendo que aprender a regrar excessos (que todo perfeccionista tem dificuldade).


Bom, estou relatando isso pra contar o que me aconteceu de estranho. Estava reclamando uma dor lombar (coluna) após algumas atividades caseiras. Já têm umas duas semanas que passei a caminhar todos os dias, pelo menos 4 km, uma caminhada mais enérgica, ritmada, centrada, e não é que me surpreendi quando após isso voltei a fazer as tarefas domésticas. Levei um susto. Não senti dores lombares. Senti que a energia, as forças me foram resgatadas como por milagre.


Milagre, é exagero, mas é como me senti. Terminei a tarefa e ainda estava com pique, o que não me acontecia antes das caminhadas. Será que as musculaturas e nervos, e ossos e tudo o mais voltaram a funcionar num nível bom pra mim? O que importa mesmo é que estou me sentindo bem demais após pequena caminhada, imagina então o quão bem faz exercícios físicos ao longo da vida.


Minha avó andava léguas para chegar a casa de uma conhecida, visitar alguém, ou andar a cata de lenha para o fogão. Exercitava para mais que eu, portanto eis a diferença duma mulher que vivia naqueles tempos em que se andava muito para estes onde a gente acha tudo ao apertar apenas um botão com um clique.


Vou continuar andando léguas porque essa energia tá boa demais!

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

FLOR DE MÃE???

   

   "TODA MÃE É A ALMA DA CASA" e não é que esta frase saiu da boca do meu filho! Poderia dizer que fiquei coruja, mas não. Foi depois de eu reclamar que o pai estava com preguiça de preparar um bom suco pra nós. Aí ele me disse, deixe o sujeito na dele, tranquilo. Enquanto eu, eu estava ralando na cozinha, preparando o almoço, na correria. Eu rebati, e eu, posso ficar na minha, tranquila? Foi quando soltou a tal frase.

   Já se viu mãe ativista com filho cheirando a machista? Foi o que desprendi da tal frase. Nem dá pra acreditar que passados tantos anos; educando; mostrando a necessidade de se respeitar a igualdade:  tanto homem quanto mulher tem os mesmos direitos e deveres; explicando as particularidades de cada sexo, a fragilidade e delicadeza da mulher, que exige sim, diferenciações; ainda assim, filho com discurso machista. Apelei. Fiquei é braba mesmo, e não coruja. 


   Mas é engraçado como as coisas acontecem em família não é mesmo? Os filhos sempre pondo pano quente para proteger um ou outro, pai ou mãe. E ele estava fazendo isso quando soltou a frase. Protegendo o pai da minha ira, apaziguando arestas que deviam estar fervilhantes no momento da reclamação.

   Não, não estou interessada em ser uma flor de mãe. As explicações são bem claras e não gosto de ver conflito sendo empurrado com a barriga, como diz o ditado. Resolver o que tem de ser resolvido sempre que surgir a dificuldade. Isso foi feito, discutido, resolvido.

   No final, almoçamos sem um suco de frutas caseiro no acompanhamento.    

domingo, 24 de janeiro de 2016

SIMPLIFICAR TRAZ LEVEZA


   

   Pra começar deveras o ano, nada me trouxe mais leveza do que a leitura da Poeta (poetisa, na verdade... eu gosto de usar daquele jeito,meio que me atrevendo) Florbela Espanca. Olha só: 

   

Florbela Espanca



Só se pode ser feliz simplificando, simplificando sempre, arrancando, diminuindo, esmagando, reduzindo; e a inteligência cria em volta de nós um mar imenso de ondas, de espumas, de destroços, no meio do qual somos depois o náufrago que se revolta, que se debate em vão, que não quer desaparecer sem estreitar de encontro ao peito qualquer coisa que anda longe: raio de sol em reflexo de estrelas. E todos os astros moram lá no alto.


Florbela Espanca, in "Diário do Último Ano" , do Blog da minha amiga Fátima Fonseca (Luz do Cerrado)

   
   Nem sempre é fácil ser simples. No fundo, lá bem fundo, quem saberá das angústias que nos sustêm de pé para a caminhada que se faz necessária. Nos escombros, às vezes, impera um lado nada nada dócil. Mas exigente, com cobranças além do nosso querer e, esse lado, domina e ao mesmo tempo maltrata. É como se algo alheio a nós. A nossa vontade. Mas atrevidamente com poder.

   O poder da angústia reinante. Aquela que todo homem e mulher carrega em si. É marca humana que se intensifica mais em uns que outros. Aos que apresenta mais intensa, sofrem por não conseguirem direcionar eficazmente seus desejos. Uma sombra que dificulta a leitura correta. A mancha está ali e ponto final. Que fazer com tal impeditivo a comandar sem rédeas?

   A busca é um processo do viver, do se conhecer, e isso leva tempo, talvez tempo demais. Principalmente para nós que vivemos no mundo ocidental, onde tudo deve ser imediato e satisfatório. Não existe tempo para a reflexão, tempo para a bonança a si mesmo. E quando chega ao desesperador, claro, não morremos, mas continuamos faltantes de tal forma que sintomas fluem ao exterior, dando pistas de nossa fragilidade: as ansiedades, compulsões, dores, depressões etc.

   Quem conhece a história da poeta da angústia, como ficou conhecida Florbela Espanca há de concordar que não é nada fácil, inda bem que sua poesia está aí e traz alento aos seres que se veem representados.

   Também, como disse outra grande escritora, Clarice Lispector: "Não se preocupe em entender! Viver ultrapassa todo entendimento". Mas se conhecer ajuda e muito. Não entender, mas alcançar a leveza para o viver. 

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

FUGA DA PERFEIÇÃO

   
   Ótimo dia para se começar o ano. O meu começa amanhã. Vou a luta pelos desejos e sonhos, realidades e cotidiano, uma pitada de social e engajamento. Pronto! E "bora lá" estreitar as nuances verossímeis em cada um dos itens elencados.

   Quem disse que aposentada não entra em férias? Aproveitei o dezembro e o janeiro. Afinal mulher tem um pouco de dificuldade em tirar férias das obrigações familiares, mas a linha "descomplicada" já impera meu vocabulário, como propõe a escritora Leila Ferreira em um de seus textos sobre o vocabulário feminino (disponível na rede).

   No texto delicioso da escritora, que vai tecendo situações consideradas fundamentais, apenas mudando o vocabulário exigente da maioria das mulheres que ainda transita na grande exigência de ser perfeita e não se permitir liberações.

   Pela experiência de vida e facilidade no uso poético das palavras, vai ponto a ponto, dando arremates em vários labirintos que habitualmente as mulheres se enclausuram.

   E das muitas palavras que propõe mudança, algumas fazem parte do meu cotidiano diário. E a que gosto mais é o riso, que de uma forma ou de outra, traz leveza ao dia a dia. 

   Sorridente vou pro amanhã desvendar dia após dia, cada degrau que me levará a conquista de planos e projetos para 2016.

   Feliz Ano Novo!