sábado, 9 de junho de 2012

MULHER... PROTAGONISMO

   Emendei ao sair do blog ontem, mesmo sendo tão tarde (ou tão cedo!!!), não conseguindo arredar pé do sofá ao assistir a fita Ela Quer Tudo, do Diretor Spike Lee, filme americano de 1986, no Telecine Cult. Nem conseguia me mexer pela expectativa que o decorrer das cenas ia me trazendo.

   A leveza inicial com que a câmera vai focando cada personagem, e a partir daí,  um a um, se apresentando e dando os referenciais e explicações do que se trataria ali. A história têm quatro personagens chave: Nola e seus três pretendentes (Jamie, Chaan (que é o próprio Spike Lee) e ...(não consigo me lembrar???). Todos negros.

   Inicialmente me chamou a atenção uma narrativa que privilegiava a mulher no papel principal, sendo o filme dos anos 80, quando o feminismo ainda tinha muito a lutar pelo espaço da mulher. Ver tal abordagem me seduziu. Vamos lá!

   Encantei-me em seguida e durante todo o filme, com os focos que o diretor faz questão de trabalhar: ora a personagem; ora o cenário, numa perspectiva diferenciada da usual - mais aproximada, diminuindo a importância paisagística e cada vez ampliando a proximidade do espectador com os personagens. A trilha sonora caminha em sintonia com as cenas... Uma experiência gostosa de se passar... Imagina-se estar atrás das câmeras e rodando as cenas.

   Lembrei-me de um artigo da Revista Literatura (agora não me lembro qual número???), onde o autor coloca a importância de quando se vê um filme, o estar atento a todos os detalhes (foco, objetivo do diretor, música de fundo, etc) e não somente à história em si. Neste filme dá para exercitar o nosso lado diretor de cinema.

   Nola é uma mulher jovem ( uns 20 a 25 anos??), mora sozinha, independente, continua a viver no Brooklyn (Nova York) por opção, têm um forte caráter e uma maneira afirmativa de lidar com os problemas da vida, respondendo com a sua verdade. Muito bonito o seu perfil: autêntica, firme, doce. Parece desejar que a vida flua e não tem interesse em definir um único homem para fazer parte de sua vida. 

   O diretor aproveita para fazer cenas belíssimas do ato amoroso, é uma verdadeira obra de arte cinematográfica (parece que se está vendo uma tela, uma pintura), Bem... O cinema é a sétima arte!

   Nola vai levando as três relações, até que um deles se rebela e exige que tome uma posição, não aceitando mais dividi-la com ninguém (em contrapartida, ele pode fazer o contrário, como nos mostra a cena de Jamie com a dançarina).

   Quando ela se decide, Jamie não acredita mais na relação e rompe. O filme finaliza com Nola afirmando que não imagina a vida com apenas um homem. 

   A mulher, aqui, é dona de seu próprio corpo (como o homem sempre o foi - dono de seu próprio corpo) e decide destinar seu desejo à sua escolha, não pela imposição que a sociedade lhe cobra.

   Uma bela experiência sobre o protagonismo da mulher. O diretor em momento algum a vulgariza, ela é sujeito, uma pessoa livre de preconceitos... Muito lindo o filme... Muitas mulheres precisam ver isso e refletir sobre "O que quer uma mulher?", a tão famosa frase de Lacan.  

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