terça-feira, 22 de setembro de 2015

PESCANDO A PRIMAVERA

   

   Que delícia de segunda feira! Meus ares já estão dando mostras de sair da hibernação que o inverno impõe. O respirar da primavera que sobrevoa faz constatar que a estação traz em seu bojo auréola de vivacidade e luz. Bendita!

   Foi um dia de trabalho normal. Que alegria ser útil, constatar que a psicologia continua a enriquecer encontros. Retornar a ativa após o merecido descanso é salutar e prazeroso. Trabalhar faz bem, principalmente quando ainda por cima pode-se ter flexibilidade e escolha de horários. Muito bom.

   Enquanto isso por aqui, Floripa, o El niño continua a influenciar o ritmo da brisa, que suave roça o rosto, alterando por completo o significado do inverno. Ontem fui à praia e me assustei com a quantidade de gente e um diferencial; muitas, mas muitas pessoas, homens e mulheres, pescando com vara e anzol. Nas camisas estava escrito clube de pescadores. Nunca vi tanta gente preocupada em lançar, recolher e caprichar na isca compenetrada na atividade.

   Fiquei a passear e molhar os pés n'água, claro, quando os pescadores assim o permitiam, pois tive que disputar espaço entre linhas para forçar uma caminhada enérgica. E como valeu, voltei pra casa reabastecida de energia e num pique de agradecer pelo dia. Igualzinho indico pros clientes, a caminhada, dentre outros esportes, alavanca a vontade, faz a respiração tomar o ritmo necessário para o saudável. Excelente.

   Aconteceu uma fatalidade na área que ouvi falar: um casal já maduro praticava exercícios andando de bicicleta pela redondeza e, de repente, o homem cai e não mais se levanta. Triste, claro. Mas achei o modo de morrer tão bom, uma boa morte. Estar praticando exercícios físicos, curtindo um lazer prazeroso e neste néctar se embebedar pra sempre e não voltar. Quantos em camas de hospitais a sofrer, aguardando a derradeira hora, meio a aparelhos limitadores, a situações de resignação que humildemente precisam ser aceitas.

   Me lembrei do filme de animação que assisti chamado Festa no Céu, 2014, de Jorge R. Gutierrez, excelente, e lá a dona morte aparece zombeteira e pregando peça num argumento bem interessante, o triângulo amoroso. Gostei do jeito da heroína, fazendo valer a igualdade de gênero. Vale a pena curtir e com certeza, passar a encarar de forma diferenciada a questão morte na nossa existência. A leveza com relação ao tema traz um aspecto lúdico que dificilmente se consegue em muitas películas.

   As coisas vão acontecendo na vida da gente sem que a gente possa intervir, às vezes, podemos, como meros espectadores, ver e viver a situação inusitada, e só podemos desejar o que diz a música dos Titãs, Epitáfio, pedir que o acaso nos proteja.      

Nenhum comentário:

Postar um comentário