quarta-feira, 24 de setembro de 2014

LEITURA e REALIDADE

   

   Bateu uma preguiça entre agosto e setembro e escrevi pouco no blog, infelizmente.  Isso é ruim porque assim não me exercito, né! 

   Mas ler não tive preguiça não! Tô lendo o livro do psicólogo cognitivo Paul Bloom, O QUE NOS FAZ BONS OU MAUS, Bestseller, 2014. Fiquei em falta de escrever sobre a palestra que ele ministrou no evento Fronteiras do Conhecimento. Como a palestra foi em inglês e o meu inglês macarrônico, não teve jeito, precisei do tal aparelho de tradução simultânea. E para não escrever nada que tivesse dubiedade (no entendimento da tradução), preferi ler o livro antes de escrever. Ainda na leitura...

   Ao mesmo tempo peguei o livro do escritor Mia Couto, de contos, O Fio das Missangas, Companhia das Letras, 2014. Não aguentei ficar só com leitura descritiva de uma área mais técnica (a da pesquisa do Paul Bloom) e encadeei a literatura no entremeio. E não me arrependi. Que delícia os contos! O livro é de 2004 e reeditado pela Companhia. Não estou conseguindo passar para a frente sem ler e reler cada um daqueles contos, que até o momento em nada me decepcionaram. Quanta maestria na forma de contar uma história, dos seus toques neologistas, da manha moçambiquense se se pode dizer assim. Olha! É de apaixonar e de invejar a habilidade da escrita simples e tão bem delineada fio a fio, em suas missangas... Estou na leitura do Conto A Despedideira e surpreendida em como a sensibilidade aflora por todos os poros (ou melhor seria... todas as palavras?). Lindo!!!

   O conto fala de um amor que se acabou e como a mulher se confronta com a terrível fatalidade. Olha só que linda essa parte do conto na pág 51: "... Dispensei uma vida com esse alguém. Até que ele se foi. Quando me deixou, já não me deixou a mim. Que eu já era outra, habilitada a ser ninguém..." 

   e essa outra na pág. 52: "Nesse pátio em que se estreava meu coração tudo iria, afinal, acabar. Porque ele anunciou tudo nesse poente. Que a paixão dele desbrilhara. Sem mais nada, nem outra mulher havendo. Só isso: a murchidão do que, antes, florescia. Eu insisti, louca de tristeza. Não havia mesmo outra mulher? Não havia. O único intruso era o tempo, que nossa rotina deixara crescer e pesar..."

   e no último parágrafo a gente sente a dimensão da fala da mulher: "Toda a vida acreditei: amor é os dois se duplicarem em um. Mas hoje sinto: ser um é ainda muito. De mais. Ambiciono, sim, ser o múltiplo de nada. Ninguém no plural. Ninguéns."

   Ao ler este conto eu me lembrei de um caso que aconteceu comigo. Tinha um casal que eu admirava muito, eles sempre juntos, ela na garupa da moto ao final do expediente, não se desgrudavam. Um dia, depois de aposentada, encontrei-a e perguntei pelo companheiro. Após pequena pausa ela me contou que tinham se separado há uns cinco anos, pois ele se apaixonou por uma mulher mais jovem. Havia tanta tristeza em sua voz... 

   Ao chegar em casa contei a história para o meu marido. E falei que se isso acontecer comigo... e alguém me perguntar sobre ele, vou responder: morreu!!! rsrsrs

   Não quero saber de ficar choramingando não...  

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