quarta-feira, 24 de setembro de 2014

CONSTRUIR A PRÓPRIA VIDA

   

  Ontem eu caçoei, brinquei sobre como agiria no caso de uma separação. Mas a questão é que deixei incompleto o relato que fiz da história. A minha conhecida ao contar seu relato já estava a cinco anos separada e continuava a expressar aquela intensa dor.

   Claro que todos sabemos que não tem como não vivenciar o luto numa separação, mesmo quando uma pessoa não tem mais ligação afetiva com a outra, passa por tais momentos, afinal deixou para trás uma vivência e de repente a mudança repentina de papel traz certa melancolia, tristeza ou angústia. Até que se restaure, respire fundo e caminhe para novas transformações. O tempo... ah! O tempo.

   Eu cá pra mim tenho definido que o sofrimento eterno não coaduna com o ser humano, estamos em busca do que nos faz sentir bem e não traga excessos de ansiedade. Ficar por muito tempo no marasmo da dor... aí tem... deve-se olhar mais atentamente e buscar o significado.

   Esse tema permeou também minha atenção ao rever o filme do Woody Allen, Interiores, de 1978, que assisti na semana. Toda uma família envolvida às emoções e sentimentos e mesmo, o medo da hereditariedade, no caso da doença mental. O marido conta que não tinha percebido a frieza e distanciamento com que a esposa lidava com o papel de mãe e esposa. Até que chegou a um ponto em que não aguentou mais viver a superficialidade daquela relação, o controle por tudo perfeito demais, num nível que o desestruturava. As filhas já estavam adultas quando informou que estava saindo de casa.

   A esposa, com fragilidade emocional, nunca se restabeleceu daquele incidente e vivia a encenar a volta triunfante do seu homem imaginário, o seu marido, às voltas com a fantasia que a mantinha de pé através de aparente normalidade. E na história se vê todas as filhas trazerem características de comportamentos e atitudes frente uma convivência onde nada é de verdade... aparência.

   Nesse filme o diretor mostra dramaticamente que somos herdeiros e que vamos representando pela vida várias facetas repetitivas de uma história anterior. Como os nossos pais vamos sofrer as consequências que é viver, ser um adulto, e algumas situações fatais estão longe de nos deixar alçar voos apenas embasados em nossas escolhas.

   Vamos nos construindo com a vida!      

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