quarta-feira, 11 de maio de 2016

VELHA EM CENA

   Está se aproximando o dia em que serei considerada velha - dia do meu aniversário dos sessenta. Poucos dias e fica confirmado, patenteado, laureado - sou velha.

   Velha - oh palavrinha detestada por 9 entre 10 mulheres (pelos homens também hoje em dia). Vai perguntar a idade para alguma delas, não falo responde. Como se não falar a idade fará diferença no aspecto aparência, pois está na cara, corpo, movimento e cabelo, mesmo que a plástica seja a prática.

   A força da palavra. Velha velho é uma palavra tão estereotipada na sociedade ocidental que apavora a menção. Eu mesma comentando com uma amiga que estava velha para determinada situação ela me falou para parar de ficar me diminuindo kkkk. Na verdade a gente até diminui mesmo, a altura kkkk. Apenas a verbalização, e as pessoas acham, totaliza a pessoa, significando ser inútil, desvalido, sem energia, morrente.

   Lendo um artigo de uma escritora, esta se assustou com um casal no supermercado, quando o homem chamou a mulher "Velha, vem aqui ver se é essa marca". A mulher largou o que estava fazendo e foi até ele. O susto maior é que a mulher aparentava uns 40 e o homem 45 anos. Eles pareciam se chamar, assim, carinhosamente, velha velho. Não é uma gracinha, nada vi de mal.

   A palavra velha, na verdade, tem apenas a conotação de tempo de vida, algo natural e esperado quando se alcança a maturidade cronológica. Daí, segue-se a caminho da involução, da degenerescência. E é isso que significa, uma palavra natural e comum. Não entendo tanto "tremelique", tanto "nheco nheco", tanta frescura.

   A introdução é apenas para contar do filme O Exótico Hotel Marigold 2, de 2015. Assisti o primeiro, lembram http://aposentadativa.blogspot.com.br/2013/01/mudanca.html. Pois é, o segundo filme veio tão empolgante quanto. Num ritmo agitado, com cenas  que levam uma dinâmica interessante... principalmente porque eis que aparece o Richard Gere... todo lindo... vale assistir... claro, não só por isso, também por isso rsrsrs.

   As cenas com a senhora Muriel (Maggie Smith) encantam. Ela tem a certeza da proximidade da morte. Está cansada, sem energia e, ao final, na celebração do casamento do Sonny (ator de Quem quer ser um milionário), Muriel deixa de ir à cerimônia. Só, no hotel, reflete sobre o tempo,  o momento de sair de cena... algo natural e que aprendemos com o caminhar do relógio. Muito linda a cena. Chega o Sonny todo preocupado com ela por ter dado pela falta e a encontra ali, tranquila, no aconchego do quarto, sem a necessidade de holofotes. 

   Pode crer... pode vir o terceiro. 

Um comentário:

  1. Velha? Com essa energia pra produzir textos deliciosos? Qualé! Só experiente!!!

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