quarta-feira, 7 de maio de 2025

sempre é possível mentir (CENA 54)


                  A cratera imensa. Um buraco fundo, tão fundo que escapa à dimensão do comensurável. Entre as beiradas, chamuscados de cinza, de terroso, do encardido, do envelhecido, do profundo, sabido profundo. Até onde poderão chegar sem atrelar dor? Dores virão e é descoberta certa, muitos viram e verão suas escolhas irresponsáveis caindo sobre suas cabeças, cabeças que pelo ressentimento são capazes de insuflar ódio, de não enxergar o merecido direito à vida  digna de parte da sociedade. No profundo poço que soma-se ao eco ligando tempos e histórias vivenciadas pelos brasileiros em tempos da falta de liberdade. 
              
                A cratera imensa. Descobriu-se rachaduras, movimentos febris por tempos e tempos, até que latejante de libertação a amálgama procede à arrebentação. No sulco, escorre feito prurido umectante e inflamado a lama que sucumbe gente, casa, cidade, consciências. Desaparece em sufocação, como a do rio enlameado, vai lambendo gente, vai sufocando mentes que se consideravam sãs... tudo putrefato. 

               Osvaldo expunha seu ponto de vista para o rapaz que andava desaparecido nesses tempos de crise da covid, finalmente em diminuição. Mas o rapaz atento fez a observação, essas pessoas que se alienam por ignorância também trazem muito perigo à sociedade, e não querem saber, na própria irresponsabilidade se abatem como gado e o mais perigoso, sempre é possível mentir e se mentiu descaradamente nesses tempos desse governo durante a pandemia do corona vírus, e não somente sobre ciência, mas em política, retirada de direitos, destruição das instituições. Creio que no futuro bem próximo veremos que muitos vão reconhecer que somente governos que trabalham a favor do povo conseguem melhorar a nação. Olha, estamos em 2022 e o caos desse governo vai ao fundo do poço, mas como te digo, sempre é possível mentir, parece que muitas pessoas não querem pensar e ainda acreditam em sua falsa bolha. Pensar é ato responsável.
                        
                    O jovem aparenta ansioso para se despedir de Osvaldo, me desculpa Naldo, mas estou atrasadíssimo para o trabalho. Qualquer hora vamos combinar um almoço com calma e te conto algumas piadas que ando bolando desses tempos macabros que passamos. Os dois homens se abraçam calorosamente com tapinhas nas costas e cada um segue seu rumo. Osvaldo atravessa a rua e vai ter com Ritinha, tem dúvidas sobre uma festa surpresa que estão bolando. E vai pensando, nem acredito que vamos poder nos encontrar mais de perto e sem máscara.