segunda-feira, 4 de agosto de 2014

BRUMAS DO INVERNO

   

   E não é que desapareci pelas esquinas da vida... Eh, andei tão pobre de astral que não tive ânimo de abrir o computer por estes tempos. Mas até que me pareceu saudável tal momento... mais de reflexão, pensamentos e pouca emissão de palavras.

   Andei relendo Roland Barthes, AULA, Cultrix, 1978 e Fragmentos de um Discurso Amoroso, Francisco Alves, 1981. No livro Aula, pág. 85, encontrei uma pérola de Bashô, um haicai lindo:

"Bruma e chuva.
Fuji velado. No entanto eu vou
contente."

   E Leyla Perrone-Moisés diz à pág. 87, AULA: "O que diz o haicai é um momento intensamente vivido por "alguém", mas fixado em linguagem sem o peso do sujeito psico-lógico do Ocidente. Nenhuma moral da história. O haicai é, para Barthes, um lugar feliz em que a linguagem descansa do sentido; e neste momento, segundo ele, é o de que ela necessita. Não como uma fuga, mas como uma tomada de fôlego; não para alienar-se, mas para "dar um tempo" ".  

   A gente procura tanto dar sentido a tudo, que se esgota e o haicai vem a propósito, como Barthes disse "Muda a língua, muda o mundo". E a poesia é transformadora neste aspecto.

   Não vivi só de poemas. Também revi filmes interessantes. Ontem mesmo Antes do Pôr do sol, de 2004, me tomou por completo. Parecia que nem tinha assistido outras vezes. Novas leituras e compreensões... talvez pelo estágio em que me encontro... mais atenta!

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