quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

O ENFARTO COMO LUZ

   

   A pessoa vai vivendo a vida, apenas vencendo os trancos e tropeçando em afazeres, que pela correria sempre se parecem maiores do que são.

   A vida a dois não flui com a leveza desejável, parece que os problemas, em círculo vicioso, vão dominando todo os pensamentos e atos e, o outro, o companheiro, os problemas do outro não são levados em consideração, não existem.

   A filha não o encontra nas reuniões escolares, uma pessoa não disponível para ouvir as poesias da filha e nem conhecê-la melhor.

   Como se não chegassem, o enfarto emplaca, a partir de estresses, a pessoa se vê envolvida em nós não desatáveis nas diversas áreas da vida.

   Uma história cotidiana de muitos de nós, homens e mulheres, mas no caso específico, o roteiro característico pertence ao personagem de Ricardo Darín, ator argentino, no filme O Filho da Noiva, de 2001, do diretor Juan José Campanella.

   O personagem vive uma vida estressante e de tão envolvido com os próprios problemas, se esquece de viver plenamente os diversos relacionamentos: profissional, familiar, social.  

   Seu pai, idoso, e 44 anos depois, apaixonado pela mãe, que vive em um asilo devido a doença Alzheimer, decide que deseja realizar o casamento religioso, que à época, ele não tinha interesse e ela acatou. Agora, acha que ao realizar esse desejo, em algum lugar, a esposa irá se lembrar. O mais importante, ele se lembra, sente que vai satisfazer um desejo dela que tanto satisfez os seus. É lindo como é retratado o cuidado do marido com a mulher.

   E o pico, o enfarto, faz que este sujeito se volte a olhar e se questione que tipo de existência aceitou viver até aquele momento e entende que pode querer mais, pode exigir mais de si para ser melhor pessoa, não só consigo mesmo, mas para as outras pessoas que giram ao seu redor, que o amam.

   Entende que todos têm problemas e que tem que aprender a conviver não só com os seus, mas com os problemas das pessoas que ama, conscientizando-se de seu egoísmo e dando uma reviravolta em sua, antes, medíocre vida. 

   Lições aprendidas à força... porque é preciso isso ainda, por quê?   

Nenhum comentário:

Postar um comentário