sábado, 13 de junho de 2015

O FANTÁSTICO E O REAL SOBRE O MORRER

   

   Que contraste com semana anterior... frio e chuva, domingo será idem e segunda prováveis 7 graus. brbrbr chegou o inverno em Floripa.

   Nem quis sair de casa ontem... que dizem ser o dia dos namorados... Hoje aproveitei a tarde pra assistir ao filme que tinha gravado da TV Cultura, Tio Boonmee Aquele que Pode Recordar suas Vidas Passadas, 2010, parceria inglesa, alemã, tailandesa etc. É, parece que saí de uma cinemateca do envelhecimento para outra que reflete sobre a questão da morte. De um modo peculiar.

   A história se passa na Tailândia e conta os últimos dias de Tio Boonmee. Ele com insuficiência renal e sua lida sendo limitada pela doença lhe sugando as energias. Eu gostei tanto do enredo porque vem recheado de contradições, de fatos e lendas, de anseios e reflexões frente a incógnita morte.

   Tio Boonmee tem o dom de, neste período, recordar suas vidas passadas e no estágio que se encontra, suscetível a lembranças que remontam histórias. E todo o relato se mistura a lendas, que suponho, tailandesas, e vão tecendo lindos contos dentro de uma realidade empobrecida pela fraqueza e dores da doença.

   É interessante ver como cada nacionalidade tem o seu modo diferenciado. Como as lendas são únicas e ao mesmo tempo críveis e parecidas com a de outros países, como o Brasil, por exemplo.

   Eu gostei de quando ele era um peixe, um bagre, e pode saciar, através do ato sexual, uma princesa envelhecida que não se aceitava, só ao reflexo das águas via-se rejuvenescida para a mocidade. Aquele orgasmo trouxe a ela a felicidade que jazia extinta. Um momento muito bonito que deve fazer parte do folclore local. Assim como nós temos aqui a lenda do boto cor de rosa que seduz moças e as engravidam.

   Também gostei da aparição da esposa morta a mais de seis anos, acompanhando o marido nos últimos instantes. Ele aproveitava então para saber o que iria encontrar no caminho derradeiro com perguntas enigmáticas à esposa que também respondia da mesma forma. As questões da proximidade da morte colocadas com poesia e trazendo conotações que pessoas devem sentir quando se aproximam dela (a morte). A perda da energia, o desfalecimento, o desapego, as lembranças de entes queridos que já se foram e a mescla de fantasia/realidade enredando.

   O fantástico também se incorpora no filho que tinha desaparecido a muitos anos e retorna como macaco. Vai se despedir do pai contando a sua história do desaparecimento.

   Chega o momento de afastar-se para a floresta e encontrar a noite incerta.

   Eh a derradeira chega, vai se aprochegando de mansinho ou bruscamente... quem o saberá... "Então, devemos partir? Sim, vamos." Esperando Godot.!?

     

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