quinta-feira, 24 de novembro de 2016

UM ANO DE LUTA E DOR - ATINGIDOS PELA LAMA DE MARIANA

Bento Rodrigues, 05/11/2016
   
   Participei na primeira semana de novembro da MARCHA DOS ATINGIDOS PELA LAMA DE MARIANA e o que se encontrou pelo caminho são tristezas, perdas, dores, lama, muita lama, desrespeito às pessoas tornando-as invisíveis quanto aos seus direitos básicos e tantos outros termos que poderia listar até a última linha desta postagem e ainda assim seria insuficiente.


Foto tirada em 05/11/2016, Bento Rodrigues, tudo continua do mesmo jeito, só destruição!
   UM ANO DA LAMA. UM ANO DE IMPUNIDADE. UM ANO DE LUTA. Veja bem, eu participei da marcha um ano depois da tragédia sem precedentes ocorrida em Mariana, no distrito de Bento Rodrigues, completamente destruído pela lama da barragem de Fundão, causadora de vinte e uma mortes e outras em sequência e consequência, além de a partir daquele distrito a lama ir solapando tudo que encontrava pela frente, outras cidades, rios da bacia do Rio Doce, quintais, ribeirinhos atingidos no que de essencial à sobrevivência, um rio fértil com peixes para o sustento e sobrevivência familiar. Até chegar ao mar. Poluindo a areia a beira mar e o mar a quilômetros de distância. Infestando todo o caminho com o que há de putrefação causada pela mineração desvairada nos lucros e dividendos da extração do minério de ferro.


   "VALE dessas lágrimas, SAMARCO dessas lamas,
o povo não esquece, Mariana ainda chama.
(o povo organizado, a empresa não engana)
Jadir Bonacina"

   E os que estão vivenciando desde aquele dia, o dia 05 de novembro de 2015, data do rompimento da barragem de Fundão, e continuam a vivenciar, dia após dia, toda a lama jorrando como se a cada dia o jorro perdurasse?

   Apenas os atingidos na pele no corpo na alma são capazes de dimensionar o sofrimento, o efeito trágico na vida de milhões de atingidos que passam obrigatoriamente pela experiência quando expulsos do seu lugar para dar acesso a barragens e hidrelétricas ao redor do mundo.

   Mas que não desistem e insistem:

"Se é pra ir a luta, eu vou
Se é pra tá presente, eu tô
Pois na vida da gente
o que vale é o amor.
Zé Vicente"

   Vamos à luta, SOMOS TODOS ATINGIDOS. 

   Oxalá eu pudesse escrever ao que propus de quando da criação do blog, inspiração literária ao cotidiano. Oxalá nada tivesse acontecido e fosse apenas um pesadelo que ao acordar desaparecesse. Oxalá o tilintar do níquel não afetasse tanto as mentes de governantes, instituições, empresários, que existem com o propósito de zelar pela vida plena em sociedade. Oxalá tenhamos aprendido a defender nosso pedaço de chão da ambição descabida em detrimento às pessoas, cidadãs de toda e qualquer parte onde exista água, energia, aliás, ÁGUA ENERGIA NÃO SÃO MERCADORIAS!  

Um comentário:

  1. O importante é não esquecermos, é o que podemos fazer. Seguimos na luta!

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