sexta-feira, 28 de outubro de 2016

PONTADA NO PEITO EM VENTANIA

   Última semana de outubro. Os ventos estão a toda por estas bandas refrescando a noite de um céu sem nuvens. Disseram que bateria os 100 km/h, sei que a poucos momentos foi uma bateção de porta e janela e por milagre a energia não caiu.

   Ontem ao contrário um chuvisco fino durante a noite com ventania razoável. Deu até pra pegar um cineminha. Vi o filme A comunidade, 2016, dinamarquês, diretor Thomas Vinterberg. Está definido como drama e filme de família. Realmente é bem interessante acompanhar a aventura de dez pessoas que por diversas razões ajustam regras de convivência para morarem numa mesma casa. Ideal sonhado por uma das moradoras casada com um professor arquiteto que ganhou a casa de herança.

   A história vai ganhando  intensidade a partir do momento em que o marido se apaixona por uma de suas alunas. A comunidade tem reuniões definidoras de vários aspectos e sempre que surge um conflito tenta resolver ou, ao menos é solidária com a dor do outro.

   E foi aí que a dor da mulher me pegou em cheio. Quando o marido conta pra ela que está tendo um caso o mundo dela não desmorona, ela se faz de forte e até sugere que a moça também vá morar junto com a comunidade, talvez supondo que o marido não chegasse a tanto. É surpreendida quando volta do trabalho e a jovem lá está.

   O desmoronar vem a conta-gotas, devagarinho insuflando a dor, a angústia noturna do estar só, o não dar conta de levar o trabalho a cabo, até que o auge chega com a expressão de como está difícil lidar com a questão. Senti a imensa dor daquela mulher (quem não a vive nas crises do relacionamento a dois), eu estava vivenciando a dor tão fortemente me colocando no seu lugar. Como é dolorido quando a instabilidade da relação se faz presente.

   Essa constatação faz gerar uma reunião para decidir quem sairá de casa, se a mulher ou o marido com a amante... A filha deles decide quem sairá de casa?

   O homem, o marido, que durante todo o tempo se manteve no prumo não aguenta tantas perdas que o processo acarretou e chora como uma criança.

   Ainda meu peito está sentindo a emoção... Lembrei da frase do Rubem Alves de que amar é ter um pássaro pousado na mão e a qualquer momento ele pode voar...    

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