domingo, 24 de setembro de 2017

COLORAÇÃO COTIDIANA

Estampando as cores na Tatoo em andamento

   Amarelo. É chamado Amarelo durante a semana. No horário do almoço, de segunda a sexta, aparece, por alguns minutos, no jornal destinado a noticiar últimos acontecimentos. Vem sempre jeitoso, andar tranquilo, típico do estilo meio malandro, meio burguês, um sessentão, boa pinta, estiloso na vestimenta que acompanhou a evolução dos tempos. Apenas vê-se que envelheceu pelos cabelos brancos que ostenta. Magrelo, brinco na orelha, cabelo em corte rente ... joga as notícias da cidade ... “... fulana casou-se com ciclano, olha que linda a tal…. De biquini, curtindo a Joaquina, ... “põe na tela, Amarelo” … A foto do encontro da família…, eles pediram que eu desse um alô para a cidade, olá Turma de ...!” … trivialidades da society florianopolitana… 

   Entre uma reportagem e outra, ficamos sabendo, que conheceu o auge das praias sem poluição do centro de Floripa, que curtiu o trapiche que existia em Coqueiros na sua juventude... Que andou afastado do noticiário por motivo de saúde… Que bom! Está restabelecido… Que foi tomar um chopp bem gelado na Cervejaria…, que agora não existe mais, fechou as portas. … Que muitos o acham controverso e suas reportagens idem, mas continua com ibope dos ouvintes… Vaidoso se expõe na expressão do corpo e o colorido das faces de confiança...

   Eu assistia atenta ao seu jeito de andar. Eu, que gosto do vermelho, que gosto das segundas, que também procuro roupas contemporâneas, que descobri, por acaso, temos a mesma idade … E não é que o Amarelo estava na poltrona da frente, no mesmo voo que eu, retornando para Floripa. E falei para meu acompanhante:

   — O Amarelo está aí na nossa frente! Falo com ele?

   Pois é! Coisa chata não respeitar a individualidade de uma celebridade, apesar de que não sei se jornalista, repórter, melhor dizendo, é celebridade. 

   No caso dele, é! Todo mundo conhece o Amarelo. Febre em audiência para o horário e apesar de não aprofundar bulhufas em suas reportagens, chama ao popular e este se sente presente e homenageado.

   Eu respeitei. A racionalidade bateu forte. Peguei o livro Vinte quatro horas na vida de uma mulher e parti para outra. O rapaz ao lado do Amarelo não fez o mesmo e, encheu-lhe de perguntas ao perceber com quem estava viajando.

   Ser celebridade, tem hora, deve ser um saco! Via-se isso na forma como ele respondia, educadamente, ao vizinho. Quando o que parecia querer era boa soneca.

   A verdade é que eu queria mesmo é discernir sobre cores e suas vinculações com o dia da semana e a forma como elas podem potencializar energias e fluir o astral. Cromoterapia. Na segunda convém eleger Amarelo, um retorno à vida social e aos encontros, às terças fica especial se usamos Rosa, significado do amor, para a quarta prefira Branco, sobriedade no meio para amenizar, quinta que se preze tem Verde, sempre divino, na sua esperança, tranquiliza, na sexta a energia exige, pede Vermelho, intenso nas paixões, como deve ser a entrada aos fins de semana, no pique, o sábado, vista Azul, ameno, calmo, relaxante e o domingo, pronto para turbinar a segunda que vem por aí, Lilás pede passagem com mais fluidos de amor e desejos de paz.

   Mania de colorir o cotidiano. Mania de ser comum. Mania de adoçar a vida. Manias.

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