04/02/2020
― Osvaldo, finalmente te encontro! ―
O jovem colocou a bandeja à mesa e ajeitou-se para sentar.
O
homem levantou o olhar, terminou a mastigação e disse:
― Rapaz, quanto tempo! ― Limpando a
boca com o guardanapo. ― A última vez foi na festinha de fim de ano. Conta as
novidades.
― O ano é novo, mas as notícias
continuam velhas: desemprego nas alturas, povo passando necessidade e o número
de mendigos cresce. O governo orquestrando todas as tramoias iguais às das
velhas políticas... tudo igual na nossa terra Brasillis. Só se vê o continuum
de fake news do presidente, mas não
se vê nem o presidente e nem o ministro da economia falar o que vai fazer para
acabar com a fome e a desigualdade social.
― Você precisa trabalhar casos de Stand Up para criticar isso, rapaz!
― Vou bolar. Você verá.
― Como surgiu essa coisa de stand up, de comédia, na sua vida? É tão
moço.
― Quando eu era pequeno, aprontava
muito. Fazia bagunça em casa e na rua, gracinha com todo mundo e por aí foi. Isso
tudo foi ontem, porque com 1,68 de altura, sou pequeno até hoje: O “Famoso
Tarzan de Bonsai”.
Osvaldo, por pouco, engasga. Tomou
gole d’água, limpou os lábios e abriu o riso.
― A maturidade chegou afinal. Hoje
em dia nem dou mais risada com pessoas tropeçando na rua. Até porque se eu der
risada, vão saber que sou eu.
― Você é engraçado mesmo, baixinho!
― rindo.
― Lembro uma vez que um funcionário
da escola foi na sala dar um recado, porém ele tinha sofrido uma paralisia
facial na metade de sua boca e falava apenas com a outra metade. Depois dele
ter dado o recado, uma colega de classe disse que não entendeu nada. Então
falei pra ela: “para bom entendedor meia palavra basta!”. Essa nem a professora
segurou a risada.
― Rapaz, você é bom no negócio! ― Osvaldo
às boas gargalhadas. ― Quem sabe bola casos também para a próxima festinha? O
pessoal vai gostar e o riso está fazendo falta nesse Brasilzinho.
― Vamos voltar a comer que a minha
hora de almoço está acabando. Não entendo por que você me chama de “rapaz” já
que sabe meu nome.
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