sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

STAND UP E AMIZADE (CENA 11)


04/02/2020
― Osvaldo, finalmente te encontro! ― O jovem colocou a bandeja à mesa e ajeitou-se para sentar.
            O homem levantou o olhar, terminou a mastigação e disse:
― Rapaz, quanto tempo! ― Limpando a boca com o guardanapo. ― A última vez foi na festinha de fim de ano. Conta as novidades.
― O ano é novo, mas as notícias continuam velhas: desemprego nas alturas, povo passando necessidade e o número de mendigos cresce. O governo orquestrando todas as tramoias iguais às das velhas políticas... tudo igual na nossa terra Brasillis. Só se vê o continuum de fake news do presidente, mas não se vê nem o presidente e nem o ministro da economia falar o que vai fazer para acabar com a fome e a desigualdade social.
― Você precisa trabalhar casos de Stand Up para criticar isso, rapaz!
― Vou bolar. Você verá.
― Como surgiu essa coisa de stand up, de comédia, na sua vida? É tão moço.
― Quando eu era pequeno, aprontava muito. Fazia bagunça em casa e na rua, gracinha com todo mundo e por aí foi. Isso tudo foi ontem, porque com 1,68 de altura, sou pequeno até hoje: O “Famoso Tarzan de Bonsai”.
Osvaldo, por pouco, engasga. Tomou gole d’água, limpou os lábios e abriu o riso.
― A maturidade chegou afinal. Hoje em dia nem dou mais risada com pessoas tropeçando na rua. Até porque se eu der risada, vão saber que sou eu.
― Você é engraçado mesmo, baixinho! ― rindo.
― Lembro uma vez que um funcionário da escola foi na sala dar um recado, porém ele tinha sofrido uma paralisia facial na metade de sua boca e falava apenas com a outra metade. Depois dele ter dado o recado, uma colega de classe disse que não entendeu nada. Então falei pra ela: “para bom entendedor meia palavra basta!”. Essa nem a professora segurou a risada.
― Rapaz, você é bom no negócio! ― Osvaldo às boas gargalhadas. ― Quem sabe bola casos também para a próxima festinha? O pessoal vai gostar e o riso está fazendo falta nesse Brasilzinho.
― Vamos voltar a comer que a minha hora de almoço está acabando. Não entendo por que você me chama de “rapaz” já que sabe meu nome.

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