quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A RESPONSABILIDADE PELA ESCOLHA

  
    No fim de semana assisti a um filme bem legal, Os Descendentes, de 2011, filme americano com o George Clooney. Bem, legal em termos, porque quase todo o filme está entorno do coma  ao qual se encontra a esposa do personagem de Clooney, que sofreu um acidente batendo a cabeça num barco; e lidar com a proximidade da morte não é algo que se ache agradável. Mas me refiro ao conteúdo que vai desembocando para análises mais interessantes a respeito do papel de cada um nesta vida.

   No caso da esposa, a partir de relatos, toma-se conhecimento de atos anteriores ao acidente e do quanto tais situações vão modificar a vida das pessoas que são próximas a ela.  No decorrer é traçado o seu perfil de pessoa alegre, aventureira, atrevida, que ultrapassa o convencional em diversas situações e, numa delas - a traição presenciada por uma das filhas traz a nuance definitiva do que será tratado. 

   O marido (George Clooney) é um advogado de renome, mas um relapso pai e marido, dando mais tempo ao trabalho. Têm duas filhas, uma de 10 anos e outra de dezessete que passam pelas crises próprias da idade. A mais velha por ter presenciado a cena que envolve a mãe, passa por momentos de ódio/amor, que são aliviadas a partir do momento em que conta ao pai sobre o ocorrido. É aí que ele cai na real e vai começar a pesquisar o que aconteceu que ele não prestou atenção.

   Ela, a esposa, sentia-se sozinha, abandonada num casamento que não ia bem e segundo a melhor amiga; ia pedir o divórcio por estar amando outro.

   O local do filme é paradisíaco, Havaí, principalmente quando mostra o lado mais primitivo da região, onde a praia preservada, sem a estrutura do urbano é realmente divina. Muito cobiçada por empresários atentos ao lado econômico. Os parentes do marido são donos daquela região por herança há mais de 150 anos e vêm traçando as negociações para a venda. Agora, pasmem, o tal agente de imóveis é o sujeito com quem a esposa estava tendo o caso, o que nos leva a associações sobre tal relação, o que é negado pelo sujeito.

   Bom, a família terá que se despedir da mulher, pois o coma é definitivo e ela deixara um testamento que lhe dava o direito dos aparelhos que a ligam à vida serem desligados, o que acontece no final. Seus amigos, seus pais, as filhas, o marido se despedem dela com seus monólogos. É tão triste quando se vê o pai tendo que se despedir de sua filha (a mãe tem Alzheimer). Perder um filho é algo incomensurável, indizível, e tem-se presente aquela dor.

   Quando chega a vez do marido, este já refeito da mudança em sua vida, tanto no aspecto traição, quanto como pai, emocionado, conversa com ela, posicionando-a como seu sofrimento, sua alegria, seu amor. 

   É muito triste constatar que  um ato de uma pessoa pode transformar a vida das pessoas que ama para sempre. Do quão egoístas somos ao pensarmos somente em nossos desejos, sem levar em conta as consequências que virão, apenas por meros prazeres. Eis aí um filme que traz essa clareza.

   Me fez lembrar do livro do Gustave Flaubert, Madame Bovary, onde os atos da esposa vão desvencilhando na ruína de uma família que era normal, comum. Não somente quem protagonizou o ato sofre, sofrem todos os envolvidos e todos vão pagar a cota que lhes "cabe neste latifúndio", como diz a canção.  Por isso é importante saber dosar emoção e razão, pois somos homens, mulheres, aos quais foi dado o poder de decidir. Passemos à reflexão!      

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