segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

AH! O AMOR E SUAS DORES

   
   Já que enrolei tanto, agora estou na sede. Continuando sobre as leituras, tudo aconteceu porque fui ler o livro de Português do meu filho: Português: Contexto, Interlocução e Sentido, Maria Luiza Abaurre et all, 2008,  como já é hábito. Lendo sobre o trovadorismo, classicismo, barroco, neoclassicismo, romantismo etc, ia lendo e na menção de autores daquelas épocas, ia na estante procurar o que eu tinha. 

   Assim, retomei o barroco, no considerado criador do teatro em sua potência, em Portugal - GIL VICENTE (1465-1470 - 1536-1540 - datas aproximadas), em suas obras: Auto da Barca do Inferno (1517), Farsa de Inês Pereira (1523) e Auto da Índia (1509), Editora Parma, Série Bom Livro, 2003: nas quais o autor expressa em forma de comédias, farsas e moralidades... mas pasmem... Estas peças teatrais continuam atuais como nunca e provavelmente (e infelizmente) o seu conteúdo nunca vai morrer: corrupção; o clérigo e seus vícios (estamos vendo-os aí escancarados, veja o Blog do Pedro Porfírio -www.blogdoprofírio.com para saber mais); vícios dos homens e da sociedade, estão aí em forma de denúncia para a reflexão sempre necessária.

   Ao falar do amor, no período romântico, os autores citam uma poesia de Pablo Neruda (pág. 65), em fragmentos:


"Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Escrever, por exemplo: "A noite está estrelada
e tiritam, azuis, os astros, ao longe".
[...]

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Eu a amei, e às vezes ela também me amou.

Em noites como esta eu a tive entre os meus braços.
Beijei-a tantas vezes sob o céu infinito.
[...]

Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
[...]

A mesma noite que faz branquear as mesmas árvores.
Nós, os de então, já não somos os mesmos.
[...]

Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame.
É tão curto o amor, e é tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta eu a tive entre os meus braços,
a minha alma não se contenta com tê-la perdido.

Ainda que esta seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo."

(Neruda, Pablo, Antologia Poética. Tradução de Eliane Zagury, 19 ed., RJ, José Olímpio,2004 - p. 57 a 59)

   Como pode uma pessoa falar tão bonito sobre o amor e em metáforas tão deliciosas??? É dos deuses mesmo!   

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