quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

REINVENTAR CAMINHOS

   

   Tá uma chuva que não para desde a tarde e com muita pancada. Isso não acontece só em BEAGÁ, mas por todo o sudeste do Brasil, muiiiita chuva! São Pedro parece que não quer dar moleza. Os sufocos e catástrofes já trazem bastante dores pela região.

   Bom, com esse tempinho... aproveito para contar sobre um filme que vi sábado. Quanto tempo não via um filme, não conseguia ficar sentada durante todo a rodagem, penso que ansiosa com os diversos afazeres que ando aprontando. O filme se chama "O Caminho", de Miguel Estevez, com o ator Martin Sheen. Ele, um médico que é surpreendido com a morte de seu único filho quando este começava a fazer o caminho de Santiago de Compostela, devido as fortes tempestades que abateram o local para onde seguia.

   O pai relembra flashbacks em que a figura do filho é a prioridade, focando suas desavenças por questões profissionais. Pai rígido e conservador, filho que procura mais ser do que ter. O filho quer vivenciar a liberdade e buscar encontrar-se através das viagens a que se permite. Confronta o pai exemplificando a vida que ele leva, relativamente pacata e sem aventuras e novidades.

   Essas lembranças fazem-no tomar a decisão de seguir o caminho, tentando cumprir a etapa onde o filho parou. Lá vai ele solitário, arredio às companhias, frio e distante ao contato mais afetivo das pessoas, sempre cauteloso. E no entremear das cenas vai se verificando a mudança do carrancudo para a leveza, da seriedade exacerbada para um sorriso que ainda mostra dificuldade em soltar-se. Na sequência vai caminhando e carimbando o passaporte pelos povoados simples e antigos da Espanha, cheios de história por cada canto. Viajar com ele é uma deliciosa aventura, o foi para mim que desconheço o roteiro.

   Ele consegue carimbar o passaporte completamente e o dedica ao filho. A partir daí sai para as andanças dos lugares que o filho sugeria. O final mostra que está no Marrocos. Aprendeu, a partir da perda do filho, a valorizar o olhar, os caminhos, as pessoas. Filme muito rico de significados. 

   Acabei de ler no blog da Fátima Fonseca um poema de Cecília Meireles onde ela diz que a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada. Penso que o filme quis transmitir essa poesia da Cecília Meireles. O pai descobriu um dos significados do viver a partir da morte do filho. E passou a reinventar seus caminhos (que antes eram bem monótonos e tradicionais). 

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