segunda-feira, 14 de abril de 2014

O NÃO DITO DO OLHAR

   
   O Segredo dos seus Olhos. Não há verdade maior que esta como o bem demonstra o filme de 2009 de Juan José Campanella. A história de um profissional apaixonado pela chefe e que desde o início os olhares marcantes diziam tudo... não dito em palavras. 

   Assim durante vinte e cinco anos de convivência. Chega a aposentadoria. Resolve que vai escrever um romance... sobre um caso de assassinato que ambos estavam desvendando. As rememorações trazem o fato acontecido, ao mesmo tempo é mote para que ele reflita sobre o seu envolvimento com a melhor amiga que a chefe se tornou...

   O filme é trágico, o assassinato perverso de uma moça recém casada por um admirador, colega de ambos (dela e do marido). Ela fora estrangulada e estuprada antes de morrer. Simplesmente porque ele a desejava e sentia-se desprezado por ela. Um espírito perverso.

   Eis que no processo, o marido fica a par da dimensão do problema e contribui para ajudar na busca do criminoso. Como nem sempre a justiça é justa, o bandido consegue safar-se com a própria ajuda de comandos institucionais.

   Agora, vinte e cinco anos depois o profissional já aposentado procura o ex-marido da moça e descobre que ele nunca mais se casou. Mudou-se para local afastado. Ao se despedirem percebe algo errado a partir do olhar. Resolve retornar e segui-lo. Eis que descobre que o psicopata estava enjaulado há vinte e cinco anos pelo ex-marido e nunca obteve resposta a nenhuma de suas perguntas.

   O profissional aposentado sai daquele local compreendendo a loucura humana em sua dimensão doentia. A que ponto é capaz de chegar um homem que se deixa levar pela exaustão de escolhas neuróticas por falta de coragem de enfrentar a realidade, até mesmo a verdadeira felicidade de estar junto à pessoa que ama, que é o seu caso.

   Finalmente toma a atitude que demorara vinte e cinco anos fermentando em seu âmago - assume o amor pela chefe e se abre ao destino e suas provas.

   O enfrentamento dos problemas exige assumir a condução pela própria vida e não deixar o barco à deriva - desperdiçando os anos que se consomem em vão. Linda lição, poderosa, e na perspectiva da intensidade do olhar - Quem sabe lê-lo aufere muitos ganhos!

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