quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

CIRCUNSTÂNCIAS

   

   Desde segunda feira eu pelejo (adoro esta palavra!), pelejando mesmo com outras preferências no caminho, e a escrita noutro plano. Também têm outros poréns... a idade faz que se fique mais lenta e o tempo de envolvimento numa tarefa parece se alonga. 

   Já estamos à porta... 2015! Como voa o tempo. Dias desses eu afoita com a mudança pra Floripa, agora já quase fazendo aniversário. Foi uma mudança planejada, mas ao mesmo tempo sentida como brusca... nova terra, diferentes necessidades, questionamentos diversos e de "pinga" complicações amorosas. Quem diria uma mudança poderia trazer até isso, brigas conjugais.

   Foi ano difícil no quesito. Transformações para todos os envolvidos e consequentemente isso mexe com todo um arcabouço que estava formado e acomodado numa zona de conforto. Bom, em que vai se desembocar... o tempo dirá!

   Qual casamento não tem crise. Uma vez assisti palestra do Flávio Gikovatte, disse que enquanto houver discussões e brigas é porque o amor ainda ronda... pra dizer a verdade já estou cansando da desculpa. Mas isso é algo que vai se refazendo e refazendo, remendando até onde possível... 

   Por outro lado andei em outra área, a fazer oficinas de literatura que me ampliaram a capacidade perceptiva e crítica - muito a trabalhar para melhorar textos. Nos dias 4 e 5 fiz oficina criativa no SESC com o escritor e poeta Manoel Ricardo de Lima e não tenho outra coisa a dizer que ótima. Aprendi questões conceituais da literatura, como procedimentos, anotações, circunstâncias, que tornaram para mim bons referenciais para a arte de produção de textos.

   O professor pontuou frases interessantes que fazem a gente refletir: "O ato de anotar ajuda a inventar"; "Sempre é possível mentir"; "A gente inventa pouco"; " O trabalho do escritor é descongelar o mundo"; "O corpo precisa mais de risco na hora de escrever"; "Que tipo de circulação no ato de escrever eu provoco"; Só pode produzir pensamento aquele que está em movimento"... e muito mais que não consegui anotar (de tão atenta!).

   Achei interessante a colocação dele sobre a escritora Elza Morante de que existem três tipos de personagens possíveis para se escrever:

   1) O calcanhar de Aquiles. Realidade viva, fresca, nova e absolutamente natural;

   2) Dom Quixote. A realidade não o satisfaz e lhe inspira repugnância, e ele procura salvação na ficção;

   3) Hamlet. Também a ele a realidade inspira a repugnância, mas não encontra salvação, e no final decide não ser.

   Colocou que já para Borges existe apenas o homem que sai de casa e o que volta para casa. Fiquei tomada por suas exemplificações. Olhar fixo!

   Citou diversos autores durante sua sessão mágica: Mário Faustino, Walter Benjamin, João Cabral de Melo Neto, Elza Morante, Jorge Luis Borges, Cesar Aira, Francisco Alvim, Franz Kafka, Guerard Aguir, Antônio Bandeira (pintor, brasileiro, viveu em Paris), Simone Cartaneo (poeta que morreu jovem - 1974-2009), Maria Gabriela Lhansol, José Assunción Silva, Augusto de Campos, Stela do Patrocínio, Agota Kristof, Silvina Rodrigues Lopes, Manoel Bandeira (considerado o poeta da circunstância), Paul Éluard, Orestes Barbosa (cantor), Carlito Azevedo, Felipe Nepomuceno, dentre outros... como ele disse "Ler é uma "lida""... bom trabalho a quem interessar...


   E finalmente, em plena madrugada de quarta feira consigo destrinchar... talvez porque à noite (de terça) assisti um show ao ar livre, no Palácio Cruz e Sousa, de Dança Circular, o que me deixou em harmonia pela deliciosa experiência. Gostei demais!   

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