quinta-feira, 28 de maio de 2015

A VIDA É COMUM!


    Fiquei olhando para a tela por longo tempo até que meus dedos iniciassem o trabalho da escrita. É que neste período de outono, em que novidade são apenas, tempo nublado e chuva por estes lados, a inspiração para quem aprecia as cores, a luminosidade, fica restrita a menor universo de assuntos.

   Pois é, então vamos lá! Quem sabe Glória pode me salvar, dar-me redenção por algum assunto. É um filme chileno e a atriz me cativou extremamente,talvez porque a idade se assemelhe e também os pontos de vista e atitudes da personagem se coadunam com a crítica que faço sobre relacionamento amoroso. 

   O filme Glória, 2013, do diretor Sebastián Lelio, traz a história de Glória, uma mulher de 58 anos, separada do marido há muitos anos e os filhos já vivendo fora de casa. Portanto, tendo independência e tempo livre para usufruir sua vida do jeito que preferir. E para manter longe a solidão costuma frequentar bailes, se divertindo na noite em encontros de terceira idade, drinques e sorrisos envoltos de tonalidade alcoólica. 

   Companhia interessante sempre aparece na mesma velocidade que desaparece. Não se poupa da diversão, vai para o salão e não se permite a tristeza. Até que um homem se interessa por seu jeito solto e expansivo e dão início a um relacionamento que começa a empolgá-la, algo que tinha desaparecido do seu rol.

   No decorrer a convivência vai mostrando um homem carente e sedento por um estilo mais vivaz, mas completamente preso a rituais e relacionamento anterior impregnado de sua dependência. Ex-mulher e filhas adultas, todas dependentes financeiramente e exigentes da figura paterna, do homem, dificultando que ele tenha abertura para se soltar e viver a própria vida.

   A intromissão das filhas e ex-esposa tiram Glória do sério e por vezes se vê tentada a deixar de lado aquele relacionamento em que o homem se mostra dividido e sem ímpetos de se libertar. Chega a um ponto de esgotamento em que Glória não dá mais conta de aceitar e rompe. Apesar de querer novos laços, o homem não dá conta de romper antigos roteiros que, no fundo, lhe dão segurança para a continuidade da vidinha tradicional a que se acostumou.

   Glória retoma sua vida sem novamente aceitar as desculpas daquele homem incapaz de mudança. E com a perspicácia que acumulou descobre que não necessita de um homem para estar de bem com a vida, precisa apenas de si mesma. O final mostra que a gente não pode depender do outro para a felicidade. Estar bem consigo mesma é o caminho fundamental!

   O filme dá a impressão que se move lentamente, sem grande expectativa, apenas flui, mas a vida não é assim?    

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