quarta-feira, 11 de novembro de 2015

A DITA CUJA DIZ PRESENTE

   

   Assisti o filme do Bergman, O Sétimo Selo, de 1957. Mesmo estando a película tão antiga, a voracidade e ânsia ao mostrar a angústia existencial do homem sobre as questões de vida e morte, sobre a existência de Deus e do diabo, dentre outras; o diretor consegue, em pleno século XXI, tornar presente em cada cena, a voracidade e ânsia que persistem hoje, onde fazemos as mesmas perguntas, temos as mesmas dúvidas, sobre religião, sobre a morte, sobre o que estamos a fazer aqui etc.

   O filme é em preto e branco e com isso, a aparição da dona Morte se faz mais tétrica, pavorosa e ameaçadoramente põe sua ferramenta de trabalho a funcionar. A foice branda sem dó. Nada de suave, macia. Fatal e na hora certa... pra ela, claro. A deixar por nossa conta, a terra estaria infestada de gente.

   E continua verdadeira a banalidade da vida, vivida e pretendida. E, ele (Bergman) se pergunta através do guerreiro que volta da cruzada, o que há a se viver, o que se pode fazer pra ter significado aquela existência antes da chamada certeira. Porque é tudo tão frívolo, tão sem consistência, tão empobrecido tudo. Como dar conta da morte, única verdade conhecida por nós e da qual nada sabemos?

   No filme, o guerreiro, nosso herói, tenta veemente encontrar a resposta pra suas angústias e se sacrifica até o último instante sem dar conta delas. Permanecem ipsis literis sem atender o chamado. Parte, contra a vontade, apesar da banalidade de vida que viveu, sem aceitação de que a morte é a verdade.

   Uma família do teatro mambembe consegue escapar da morte até aquele momento, mas a estrada é perigosa, viver é muito perigoso, como diz Guimarães Rosa. A morte estará brejeira, na hora certa. Sem choro nem vela!

   Mesmo assim, o diretor ironicamente consegue nos fazer dar boas risadas numa comicidade que nada tem de engraçada.

   Então saí da sala de cinema bastante leve e satisfeita com a boa noite que Bergman me proporcionou... mesmo em se tratando dela.   

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