terça-feira, 3 de novembro de 2015
ESTRADA ENTRANHADA EM NÓS
Dia de Finados. E o dia mereceu o sinônimo. Nublado, com chuvinha intermitente e friozinho neste dois de novembro em Floripa. Bem que o relato só mostra o aspecto climático, básico, explicável.
Noutra vertente, para aqueles que festejam o dia, no sentido da veneração, lembrança, saudade, recordação, dores e outros ais, o que se passa neste dia vai além da contemplação. O extremo do sentimento de perda que perpetua e a cada ano, a conversa com quem partiu ainda traz alentos para quem nesta vida veleja. É preciso navegar.
Como suportar o fardo da não-presença do outro que significa tanto, e inclusive ainda, a cada dia, e, mais ainda no seu dia? É doloroso o sentimento que domina. O que impera é o respeito a todo e possível clero. A hora é de oração para que aquele que descansa ore por nós que ainda permanecemos até que soe a hora. Amém!
E neste dia de Finados, feriado, o dia foi discreto nos eventos. As leituras caminham e nada de trabalho por hoje.
Por sinal, li o livro que traz o conto do Guimarães Rosa que se refere a questão da morte vista por sua "chapeuzinho vermelho". O livro Fita Verde no Cabelo, nova velha estória, da Editora Nova Fronteira, de 2012. Ah, quanta doçura na escrita de Guimarães Rosa, quanta simplicidade, e delícia no prosear, e do que gostei mais foi quando ele disse "...velhos e velhas que velhavam...".
A história contada por ele desemboca com a questão da morte vista por uma criança que vê a avozinha dar os últimos suspiros. Quanta delicadeza ao mostrar a realidade que a partir daí será a constante na vida de toda e qualquer pessoa, mas ao olhar daquela criança parece que nem um lobo.
Na verdade, não são só as crianças que veem a morte com tanto pavor. A nós, adultos, ainda é presente a não-aceitação desta condição sine qua non legada a todos os homens e mulheres de boa vontade (e com má vontade também). Amém!
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