sábado, 16 de abril de 2016

GIRO A 360 GRAUS

   

   Ontem a noite estava belíssima. Resolvi caminhar bem mais tarde e ora caminhava, ora dava umas corridinhas, tipo trote, para ver se a aeróbica funciona. De repente observo uma pessoa andando ao meu lado, esquerdo, uma imagem iluminada (chegou a hora?...), inicialmente levei um susto. Percebi a delicada lua, no céu e ao meu lado, nos reflexos que batiam nas ondas que beiram a praia. Lindo mesmo! Como se fosse um ser de corpo e alma, me acompanhando na corrida.

   A noite é bem bonita a beira mar, quando o mar não está bravio. Um sentimento de paz, a iluminação natural e poucas pessoas aproveitando que o verão esqueceu de dar tchau. À noite e uns 28 graus em Floripa. Aqui, dizem, ou é muito quente, ou é muito frio. Eu aproveito, adoro o tempo ameno.

   Contemplava olhando o céu mar estrelas espumas e tentava captar os sentimentos que afloravam em mim. Por incrível que pareça, nada me incomodava, eu não tinha problemas, estava ali inteira, sem nada a dever. Assim pensam as pessoas quando envelhecem? De fazer a reflexão, chegar a conclusão de dever cumprido? 

   Provavelmente em alguns momentos da vida, ou do dia, isso deve acontecer, quando se permite ser inteira, ali, no aqui e agora, isto que eu compreendi. Porque na verdade, quando se introjeta no lar, quanta coisa a resolver. Momentos de completa reflexão, alguns instantes que sejam, revigoram forças.

   De tão absorta neste mundo esqueci das horas e quando atinei estava sozinha naquele deserto em que mesclavam a escuridão e a luminosidade. Olhei para todos os lados, ninguém, apenas eu a usufruir da privilegiada visão e solidão. Os sons, a água batendo na areia. Pensei em entrar na água, mas vai que leviatã estivesse no mar, naquelas águas escurecidas e impossíveis de visualizar qualquer coisa.

   Minto, bem distante uns pescadores preparando as redes, prontos para a empreitada trabalhosa do ganha pão. Deixei-os na labuta e fui pra minha, aliás, mulher vive labutando... 

   Ah! eis a Reza para espantar bruxas e mau agouro, originária dos açorianos que colonizaram a Ilha de Santa Catarina (in Almanaque d'Elas, Ah! então SOU FEMINISTA):


Pela cruz de São Saimão
que te benzo com a vela benta
na sexta-feira da paixão
treze raios tem o sol
treze raios tem a lua
salta demônio pro inferno
que esta alma não é tua

Tosca marosca rabo de rosca
aguilhão nos teus pés
e relho na tua bunda
por cima do silvado
e por baixo do telhado
São Pedro São Paulo
São Frontista
dentro de casa São João Batista

Bruxa tatarabruxa
tu não entres nesta casa nem nesta comarca toda
por todos os santos dos santos

Amém

      Antigamente nós mulheres éramos as tais bruxas que se rebelavam por direitos, mas parece que a caça as bruxas anda a solta em pleno século XXI... conservadorismo renascendo das cinzas... Sair da contemplação e voltar a luta, afinal, "o terceiro milênio nos pertence!"

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