sexta-feira, 16 de setembro de 2016

DIÁLOGO E INTENSIDADE

   Fui ver os "trens" de Minas, a Beagá (Belo Horizonte) do coração e estive bom tempo por lá, mas não foi fugida do inverno do sul não, as temperaturas em Floripa estão bem agradáveis este inverno.

   Fugidia eu fiquei ao ver como anda mal a terrinha, embaçada, ofuscada, emaranhada numa secura de dar dó... Cadê aquela BH tão famosa, do clima úmido de antes? as matas desapareceram e deixaram um clima árido e ressequido que faz muito mal a  respiração de qualquer um.

   Fugi para o cinema, lá dentro o ar, mesmo que condicionado, traz um pouco da fantasia às histórias que perfilam na tela sob olhar atento. E foi que me surpreendi com os dois filmes que assisti no Cine Belas Artes: Café Society, do Wood Allen e Aguarius, nacional, do Diretor Kleber Mendonça Filho.

   Wood Allen traz na história um ótimo diálogo que enriquece cenas, mesmo sendo comuns de histórias do tipo. O diálogo nos prende e nos aproxima dos personagens, faz que a gente sinta na pele estar lá, em foco, é muito doido mesmo, mas Wood Allen é capaz disso. Delícia de filme que traz a paixão embrenhada no âmago do ser, mesmo que a vida dê guinadas de trezentos e sessenta graus.

   Kleber Mendonça Filho traz uma Sônia Braga, a personagem principal, amadurecida como atriz e consegue pontuar tão bem todo o espectro de intensidade ao contar a história de Clara, uma mulher intensa, feminista, de esquerda e com uma determinação admirável. Eu fiquei tão feliz de ver um filme brasileiro com tão boa consistência, enredo, atores compenetrados aos personagens. 

   Eu fiquei mais feliz ainda, de reconhecer, como mulher, no perfil da Clara, a luta pela igualdade de direitos a toda e qualquer pessoa, a resistência no que considera direito e justo, e o mais forte do meu ponto de vista, o enfrentamento do que podemos chamar de falso poder, aquele arraigado na herança brasileira de coronelismo, do elitismo hipócrita que se julga acima da lei. Excelente filme que traz chama de esperança na solidariedade entre as pessoas. Eu bati palmas no final do filme, empolgada com as emoções que me fizeram reagir. Merecidamente.

   Quando cheguei em Floripa, o céu nublado, e o ar úmido agradável à respiração. 

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