quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

O QUE VEM E VAI COM O VENTO

O QUE VEM E VAI COM O VENTO
07/11/2017

   Aceitou viajar com amiga para roça. Seis horas de viagem em ônibus leito. Chegaram à Montes Claros e ainda bons quilômetros a trafegar até pequena fazenda. Fez-se festa seresteira como costume bom do interior das Minas Gerais. Fazenda simples, comida mineira de Ana. Criançada satisfeita de rever tia. Pequeno riacho ao lado da casa fluindo devagar da mina e, em sua limpidez, a gente via o fundo.

   Tarde caindo e quando se viu, noite. Luz de vela e lamparina. Ana preparava o guisado, que delícia, maxixe refogado. A amiga chamou para o fundo da cozinha, onde grande varanda abria para o quintal. Fez um ritual. 

   Pediu que deitasse no passeio de olhos fechados.

   Depois abrisse lentamente os olhos e se acostumasse à escuridão, ao breu envolvente.

   Não existia casa, não existia nada.

   Noite estrelada a iluminar. Eram tantas, mais tantas estrelas de não se acreditar. Pontos luminosos inundando cada uma de jeito próprio.

   Passaram a noite, uma ao lado da outra, sem nada a dizer, contemplando a imensidão de brilho. Ouvia-se palpitar coração e emoção caminhando no corpo. Calor mormente do dia dissipando-se ao leve vento noturno.


   Das viagens que fez, em sonho ou realidade, nada se compara à beleza daquele céu de noite estrelada e solitária.

Nenhum comentário:

Postar um comentário