domingo, 9 de dezembro de 2018

ETA JEITO MINEIRO

ETA JEITO MINEIRO
08/12/2018

    Tô "achano" um "poco" úmida a terra "qui". Eu acho que num vai "pricisá guá" não. E parece que vai "chovê" também, acho que se "guá" e "chovê" é pior ainda. Acho que vai "ficá" muito molhada. De qualquer forma, se "pricisá", e "otra" vir "otra" hora, mais tarde, "vê" que num chove, eu "ven' guá".

   — Menina, pensei que você tinha sido a responsável de aguar a horta hoje? Mas como você disse que a terra está muito úmida e que provavelmente vai chover, você decidiu não aguar as plantas? Quer dizer que uma outra pessoa vai aguar a horta no período da tarde?  E se a pessoa não puder ir à horta mais tarde, e se não chover, você irá à horta e água as plantas?

   Ela ficou zonza com tanta pergunta. Pensou: "Eu sô tão clara c'as palavra, que qu' ela tá queren' dizê pra mim?" (Eu sou tão clara com as palavras, o que ela está querendo me dizer?)



   De longe, escutei o "minerês" e me deu uma saudade danada de grande da minha terra. A sonoridade da frase, o jeito cantado característico e o mais importante, comendo as palavras. Só mineiro para entender. 

   De cá do meu canto, eu observava o diálogo que se travava e a confusão de entendimento de quem recebeu a informação. Mas, para mim, era poesia o que eu escutava.

   Como referência das extravagâncias cometidas por nós, mineiros, das Minas Gerais, na Língua Portuguesa, de "comer" palavras, eis um endereço, ou link, bem interessante, com ótimo senso de humor.

   
https://desciclopedia.org/wiki/Miner%C3%AAs    

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