IDADE DE SENHORA
01/12/2018
Fui ao ortopedista de coluna.
— O que traz a senhora aqui?
— Fui passear com meu cachorro e ele me derrubou, me rodou por alguns minutos e, depois disso, a coluna está dando sinais.
— A senhora não queira saber quantas pessoas chegam aqui e me contam história semelhante. Algumas quebram a coluna, outras deslocam. Vamos ver o que aconteceu no seu caso. A senhora procurou um médico em seguida?
— Não. Somente hoje consegui consulta com você.
— Quando aconteceu? A senhora tomou remédio para aliviar a dor?
— Apenas despistou a dor, o problema continua. Algo mais?
— Também faço alongamento e sinto melhora, mas a dor parece se intensificar quando faço algum trabalho doméstico longo. Sinto as vértebras, também, se comprimindo, ouço barulho de osso no osso, quando faço movimentos.
— A senhora não deve fazer nenhum tipo de exercício até que se detecte o problema, pode piorar ainda mais. A senhora faz exercício físico?
— Tenho hábito de caminhar e musculação, ainda faço o trabalho doméstico, mas desde o tombo tenho evitado.
— Tem muita diferença entre trabalho doméstico e exercício. Não vem ao caso, no momento. A senhora tem trinta e oito anos. Deve se cuidar para vivê-los bem e com qualidade. Se fizer isso a vida vai fluir melhor.
Estranhei o médico dizer tal idade, sendo que ao iniciar a consulta lhe disse minha idade.
— Eu não tenho esta idade — eu disse confusa.
— Essa é a idade que a senhora tem para viver. O que já viveu não interessa mais. E deve se cuidar para chegar lá.
— Ah! Duvido que chegarei aos cem. — Dei uma risadinha.
— Não duvide, senhora. Atualmente é normal e comum.
Fez os exames iniciais, apalpou vértebra a vértebra, e finalizou:
— Parece que houve deslocamento de vértebra, vou pedir um raio X em caráter de urgência. Felizmente, parece que não houve complicação neurológica, mas durante esse período a senhora tenha cuidado, nada de extravagância. Trabalho moderado e descanso entre atividade, nem ficar muito sentada, nem muito deitada, em todas essas situações sentirá dor. Faça revezamentos.
Saí do consultório me perguntando, o médico parecia mais velho do que eu, porque insistia me chamar de senhora?
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