Quando não se fez nada neste tempo, vem uma enorme nostalgia ou um sentimento tipo niilista. Mas o que é o tempo? Pode ter diversas conotações: estéticas, simbólicas, cronologicamente falando... Esta palavra temperada de diversos sabores, o estar e o ser. Este modo elástico que contempla o infantil, a dócil mocidade, o estatelar concreto da realidade adulta; até que finalmente, vem a plenitude no inspirar de certezas de que a porta está por abrir...
Calendários. Trazem os dias e as semanas em suas sequências, num demasiado tédio, sempre o mesmo, entra ano sai ano... O que vale são as construções: coerentes, ou incoerentes; estar de modo convencional ou de pernas pro ar. Sentir-se pequeno, grande, a depender do caminhar entre claro e escuro. Pode ser espelho ou olhar convexo: nasceu ... e já é hoje!
CARPE DIEM! Aproveite o dia! Não importa se extra. Adianta tempo extra para quem anda perdido em tempo estreito? Adianta horas a mais para transes sonambúlicos?
Eu e minhas divagações... Bonito mesmo é o tempo do Drumond:
"Chega um tempo em que não se diz mais, meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
... Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas sem mistificação.
O tempo é minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
A vida presente.
... Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.
O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua."
Carlos Drumond de Andrade, in Reunião.
A vida é boa demais e o coração continua TUM... TUM... TUM... TUM... PRESENTE!
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