domingo, 6 de outubro de 2013

O DELICADO SUPLANTA TUDO!

    

Sexta à noite aproveitei enquanto fazia o lanche da noite e emendei assistindo ao filme A Delicadeza do Amor, de 2011, com a atriz Audrey Tautou, francês, direção de David Foenkinos. Durante as sequências do filme eu me sentia mais e mais surpreendida com a delicadeza (também do diretor) em retratar a conquista. Realmente eu não acreditava no que eu estava vendo - em pleno século XXI tal mostra de como vai se dando os ritmos do enamoramento até chegar às vias de fato - o amor; já que parece as pessoas têm se esquecido deste lado interessante do envolver-se. Ir no lance como em câmara lenta, sem ameaçar, apenas respeitando o momento do outro.

 E assim, devagar e também pura coincidência pela situação estressante que passa a personagem de Audrey (acabado de perder o marido com quem tinha uma relação de casamento ainda recente e apaixonada), ela tasca o maior beijo em um funcionário, colega do grupo de trabalho, deixando-o embasbacado no meio da sala sem entender bulufas que acontecia. Tal momento, faz o personagem sentir-se o homem mais desejado da face da terra, com jeito tímido, introspectivo, inseguro, de repente via-se o Don Juan da praça no trajeto a casa. 

   Foi muito legal esta cena mostrando o quanto a mente da pessoa fantasia quando a autoimagem e autoestima estão num nível pra lá de ok! Poderosa se torna, mesmo a mais patética. Claro, não era o caso do rapaz, Markus, tinha realmente o perfil tímido, nem com beleza padrão, mas detinha um cavalheirismo que estamos longe de encontrar atualmente.

   E na sua insegurança e ao mesmo tempo desejo que viu aflorado, apaixona-se por aquela mulher que lhe trouxe firmeza e aceitou-o como era. Vai construindo etapas da conquista com toda a leveza romântica, acertando os passos com cautela, procurando não ferir a moça fragilizada pelo destino. Tem tempo e não tem pressa nesta construção. 

   Diferentemente do que se vê hoje em dia, a afoiteza transpõe o carro na frente dos bois e mal se conhecem, as pessoas já estão dormindo juntas. Posso parecer careta, mas não acredito que as pessoas tenham desistido do romantismo no relacionamento, da pureza dos toques sem segundas ou milhões de intenções (mesmo que as tenha), do prazer de transpor barreiras na medida tentando adivinhar o jogo. Não estou a falar de relações calcadas apenas no apelo sexual, nos cinquenta tons de cinza (que deteriora o relacionamento ao nível de neuroses e perversões), falo de aspectos que estão a padecer da presença - relações de amor e a conquista saudável.

   Será que estou morando em Marte???    

Nenhum comentário:

Postar um comentário