sexta-feira, 18 de outubro de 2013

QUINTA PRIMAVERIL

   

   A quinta feira está ótima. Um friozinho gostoso, ameno, o ar puro pela chuvinha que cai. Afinal estamos na primavera e as plantas precisam estar prontas para o fenômeno estupendo do florescer. Já se olha a cidade (até a minha casa) o desabrochar de flores de todas as espécies. Linda! A primavera me fascina! A meteorologia anunciou um temporal, ainda não chegou. Quando o tempo está assim prefiro o aconchego e realmente tenho preguiça de colocar a cara fora de casa. Mal de velha?

   Revi o filme O Artista hoje. Prestei tanta atenção à beleza e trejeitos do ator Jean Dujardin porque realmente vale a pena a caracterização do personagem. Consegue, sem emitir qualquer som, levar a gente a uma avalanche de sentimentos.

   Desta vez prestei mais atenção às emoções e como estão estampadas. Aquele homem apesar de seu apego ao status quo, é de uma sensibilidade ao belo e quando está no auge, está aberto às novidades ao seu redor, como se vê com relação a Peppy Miller (Berenice Béjo). Seduzido pelo encanto e leveza da personagem, consegue desprendimento para orientá-la na carreira. Mas resiste à mudança quando o assunto é o diálogo.

   A estratégia da mudez que avassala e domina o personagem que evita perceber a necessidade de transformação é muio expressiva para se trabalhar até aspectos da pessoa que não dá conta de lidar com o que ouve e adota a postura de calar. Não dá conta de expressar-se, foge . O nó na garganta é o sintoma da angústia pelo novo, pela falta de coragem no arriscar, o medo pelo desejo de experimentar o diferente. Tantas leituras!

   Eu me entusiasmei mais a partir deste novo olhar. Mostra o homem que resiste, mas também o que dá chance à experimentação, largando o velho orgulho (que sempre é bobo e infantil) e adota uma postura reinventada a partir da dor. Adorei!

   Tive até que reler uma postagem que eu tinha feito sobre o mesmo tema em 03/03/2012, PRETO E BRANCO, onde procurei destrinchar o meu ponto de vista sobre o filme e comprovo: como o olhar muda o foco de tempos em tempos. Como muitos fatos, situações, modo de enxergar interferem em inovadoras modificações no ponto de vista. O que vem a ser a verdade dita num espaço de tempo X e outro mais adiante Y? Como podemos dizer taxativamente que uma pessoa sempre será de determinado jeito?

   Difícil responder tais questões, não é? É o tema do filme, a questão da mudança e de como atuamos com a resistência para permanecer se não no passado, mas no que nos dá segurança, apego. Como é lidar com a influência do novo que chega desbancando tudo e todos do lugar confortável. Nós que envelhecemos sabemos o que significa: a gente passa na rua, olha os jovens, chega na empresa em que trabalha, uma nova geração que se inicia, a transformação não perde tempo com chamegos - tem o seu tempo e ocupa espaço. 

   A vida morre e renasce como as estações... Transformação!!!   

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