quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

BIPOLAR - TUDO TEM O LADO BOM E O RUIM

   

   Conversava animadamente com uma amiga que está em casa com problemas de pintura da casa. Teve que ficar pajeando os trabalhadores sem poder sair de casa. Ela, uma mulher independente, divorciada, única responsável por tudo que se passa no lar, soprou para mim em tom de brincadeira: agora que sou divorciada tenho que cuidar de tudo! rsrsrsrs.

   Tudo na vida tem o lado bom e o lado ruim. O lado bom está em se ter autonomia pela própria vida, com chances de novas descobertas de seu potencial. O lado ruim, cuidar da manutenção da casa, aspectos que geralmente os homens lidam com um pique melhor que nós mulheres... apesar das exceções, claro.

   Esse papo me recordou o filme de 2013, O Lado Bom da Vida, com Bladley Cooper, Jennifer Lawrence, ..., do diretor David O. Russell. Retrata a existência de um homem jovem, recém-casado, em crise na relação amorosa devido a traição da mulher e dificuldade em lidar com sua (dele) personalidade bipolar, que vira e mexe faz uma reviravolta, trazendo o caos para a sua realidade.

   O personagem de Bladley, precisa de internação devido às várias crises de descontrole da agressividade, a voracidade em querer que algo seja do jeito que quer, os momentos de depressão; além de todas as interferências e pressões do ambiente - pai extremamente obsessivo, controlador, carência afetiva, ciúmes do irmão etc.

   Após um tempo e graças à mãe consegue alta hospitalar. Recomeçam novas crises e em seguida, tentativas de reconquistar a esposa. Até que conhece a cunhada de um amigo que vivencia a perda do marido e que também está descompensada. Os dois podem então discutir todo o rol de medicações que permeia o cotidiano dessas pessoas. Ele resiste ao uso dos medicamentos por perceber um embotamento em seu estar.

   Na sequência os dois vão se entrosando e trocam favores: ele quer entregar uma carta a esposa mas tem que manter a distância exigida por lei; ela quer participar de um concurso de dança e não tem parceiro. Eles vão meio desengonçadamente evoluindo nos passos de dança e ele vai tendo a chance de canalização e catarse da raiva.

   O extravasamento vai sendo perceptível e aos poucos percebe que o suporte medicamentoso é necessário para que possa obter controle da agressividade. Apenas quando dá conta de sua indolência no uso dos remédios e se desfaz a rebeldia, aquela que não compensa, consegue caminhar em busca de algo que considera especial.

   E com as aulas de dança os dois vão se transformando até que finalmente descobrem-se  apaixonados um pelo outro. E o final concilia a questão da bipolaridade - uma problemática que passa a ser salutar para que ele se desperte para o valor de si mesmo - o que torna um lado inicialmente considerado ruim como fundamental na transformação do lado bom da vida - um homem que aprende a lidar com os seus limites, mas que não aceita limites na busca do afeto verdadeiro. 

   O amor colaborando para a construção de pessoas melhores. Não foi fácil a caminhada, mas a percepção de si mesmo foi sendo construída e as deficiências emperradoras reconhecidas, podendo assim, ser eliminadas.

   Uma lição de que tudo na vida tem seu lado ruim e o lado bom.

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