domingo, 29 de março de 2015

TAPEAR A MEDIOCRIDADE... PODE?



   "Eu tapeei a mediocridade"... disse Carlos Heitor Cony em entrevista na Globo News no programa Dossiê (foto acima). Apesar de saber-se um nada, sente-se menos medíocre que muitos outros... Assim se define o escritor que atreveu-se a ter coragem de ser crítico nos anos de governo de FHC, mas ao mesmo tempo, revela ter votado nele quando pleiteou uma vaga na academia (ele estava pedindo seu voto e ele votou).

   O programa de entrevista hoje estava muito interessante com Carlos Heitor Cony contando suas aventuras neste Brasil varonil. Conheci a necessidade de Juscelino Kubitschek continuar a se sentir no poder após tê-lo perdido, ao candidatar-se a uma vaga na Academia Brasileira de Letras (não ganhou por dois votos). Realmente deve ser muito difícil para quem foi poderoso estar no mesmo nível que todos nós, simples humanos. 

   Outro tema interessante foi contar sobre os frades que aderiram a ordem do silêncio. Conta que conheceu um que estava a 35 anos em silêncio absoluto. E sente que ele próprio deveria ter seguido o conceito e ter ficado em silêncio completo.

   Adorei o jeitão descontraído do jornalista e escritor e suas revelações. Será que a maturidade dá essa liberdade de abrir-se e desnudar-se? ... eu compactuo com essa verdade! 

   Também teve a coragem de perguntar a Sartre porque ele não se suicidou quando tinha trinta e cinco anos, já que na peça dele (que em muito era autobiográfica) o personagem se suicidava aos trinta e cinco anos. 

   Suas tiradas apesar de apresentar-se sério tinham o lado cômico e brincalhão, ou irônico, melhor dizendo. Fez-me rir e ao mesmo tempo concordar: todos somos medíocres ... 

   Triste realidade dessa nossa vida...    

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