quarta-feira, 19 de agosto de 2015

VAMOS FLOREAR A RELAÇÃO

   
É preciso florear!

   Assisti a peça de teatro Insólito. Parece que é de um grupo de estudantes de teatro e as melhores peças são levadas ao público por preço razoável. O tema era relacionamento a dois e como o distanciamento e a frieza vão marcando os relacionamentos mais antigos, onde as pessoas passam apenas a aceitar o estado de coisas e não questionam mais nada.

   Diversos são os motivos para isso. No início da peça, um casal com muitos anos de casamento, um deles pergunta ao outro: "o que você estava fazendo a trinta e sete anos atrás?" Questão que fica sem resposta e a cena evolui com falas e questionamentos sobre o relacionamento a dois. E quem está vivenciando tal situação (de verdade) entende o que é dito, e na forma jocosa, uma comédia, alivia pelo menos um lado - o riso desestressa. Ou ri pra não chorar.

   Depois de uma viver mais de trinta anos juntos, muitos casais se encontram e se sentem velhos, infelizmente; deixam de usufruir outras e novas descobertas porque estão na idade que estão; ou o corpo não permite; ou não têm pique para começar de novo... ou, e acomodados vão levando a vida... que segundo o escritor Roberto Freire, já seria morte. Que triste! Pensando bem deve dar preguiça mesmo.

   E lá na peça não é diferente. Lá está o casal de velhos odiando o domingo, a espera da visita dos filhos que já não vêm, sem nenhum propósito de vida, a mesma mesmice de sempre e assim termina a peça, com a mesma pergunta: "o que você estava fazendo a trinta e sete anos atrás?" A peça escancara a terrível realidade imposta pela convivência de anos e anos, foi-se embora a paixão, a tesão, o elan que valia a relação. Sem tais coisas, aquilo que resta, que será?

   Lembrei do Jack Nicholson, no filme As Confissões de Schmidt, onde o filme inicia com ele levando um susto com aquela mulher, a esposa da convivência de muitos anos, que dorme ao seu lado e que ele não reconhece, uma estranha. Parece que o convencional adere a pele e, por comodismo ou que seja, se vai levando.

   A dupla de atores representou de forma dinâmica e nada convencional o que agradou a toda a plateia que se levantou ao final e aplaudiu.

   Eu estou beirando os trinta e dois anos de casada, saberei o que estava fazendo tempos atrás? rsrsrsrs

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