O feriado ganhou novas dimensões com a leitura de sonetos do simbolista Cruz e Sousa (1861-1898), poeta que sofreu tanto devido ao preconceito da cor da pele e que através da poesia manteve a meta-sonho - governar Santa Catarina. Hoje governa, não há aquele que não reconheça isso. Considerado um ativista da questão abolicionista.
Olha só a intensidade de sua escrita em Evocações (1898), conforme descrito, pag 11, Jornal Ô Catarina, 75, 2012
" Arrependo-me do irremediável pecado ou do crime sinistro de ver, sonhar, pensar e sentir um pouco"
Eis um soneto de "últimos sonetos" (1905) pag 9, ibdem:
"VIDA OBSCURA
Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro,
Ó ser humilde entre os humildes seres.
Embriagado, tonto dos prazeres,
O mundo para ti foi negro e duro.
Atravessaste num silêncio escuro
A vida presa a trágicos deveres
E chegaste ao saber de altos saberes
Tornando-te mais simples e mais puro.
Ninguém te viu o sentimento inquieto,
Magoado, oculto e aterrador, secreto,
Que o coração te apunhalou no mundo.
Mas eu que sempre te segui os passos
Sei que cruz infernal prendeu-te os braços
E o teu suspiro como foi profundo!
Cruz e Sousa"
O jornal só me chegou as mãos agora, em 2015, mas em 2012, visitando a cidade onde pretendia morar, destrinchei a cidade em sua história, locais, realizações, praias, museus e recebi a obra, CRUZ E SOUSA SIMBOLISTA, organização e estudo por Lauro Junkes, Jaraguá do Sul, 2008, livro que a cidade publicou em comemoração aos 110 anos de seu falecimento.
O poeta morreu jovem, mas a sua poesia é consagrada entre as melhores.
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