segunda-feira, 6 de março de 2017

LUTA FEMININA DE TODO DIA

   Finalmente os brasileiros podem dizer Feliz Ano Novo! Eu me surpreendi ter recebido tal felicitação por agora... que acabou o carnaval. Então aqui estou eu no pique de início de 2017, lendo e aproveitando o restolho de descanso que o domingo traz.

   Acabei de devorar, essa é a palavra, o livro O vestido vermelho, Vera Moll, Bom Texto, 2011. A autora foi uma das premiadas do Prêmio Cruz e Souza 2009, no segundo lugar.

   Adorei como ela desenvolveu a história, delirei com a personagem principal, uma mulher sensível envolvida no relacionamento, o casamento, como vai desembaraçando a história, tendo, ainda, como pano de fundo, a própria vivência juvenil no período da ditadura e de como vai lidando com uma situação que trouxe a todos os brasileiros bastante dor, queixas, perdas, e a ilusão de formatação de uma democracia que na verdade custa a vingar até hoje... tá aí o lenga-lenga.

   Ela começa o livro com o ditado africano "Aquele com quem casamos é aquele com quem lutamos." A partir daí vai destrinchando a história de vida, o romance juvenil, a dura realidade de muitos anos de casada, a vivência do machismo e de como a mulher daquele período se comporta frente a dominação masculina e com que dificuldade busca romper as raízes arcaicas do poder dominante.

  É muito duro, dureza é a melhor expressão. A mulher vem desde tempos remotos sujeitada, submetida aos comandos e de tão arraigados tem imensa luta consigo mesma, com a sociedade, com familiares, não conseguindo fácil rompimento dos estratagemas seculares moldados.

  Assim, a junção de tantos desafios, que reúnem as questões pessoais, familiares, sociais, num bojo de problemáticas, que vão unindo crises e mais crises existenciais,visando o desvencilhar de valores conservadores e de dominação aos quais as mulheres são submetidas.

   E o vermelho é significativo para a personagem. A cor que traz em si a energia envolve a nós numa história emocionante e que toca principalmente as mulheres, que vivemos no dia a dia a necessidade de luta por direitos... ainda hoje...   

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